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Estive a ver o documentário Take your pills: receita para a perfeição, de Alison Klayman, sobre o uso e abuso de Adderall e outras anfetaminas, uma realidade que me tinha passado completamente ao lado. Já tinha ouvido falar do excesso de medicação de Ritalina para o défice de atenção mas isto vai muito além. Aparentemente, há miúdos nas universidades e adultos com profissões variadas que tomam Adderall para se conseguirem focar melhor, melhorarem o seu desempenho e trabalharem durante mais horas seguidas. É muito impressionante. E depois há também aqueles que têm verdadeiros problemas de atenção e precisam de Adderall apenas para funcionarem normalmente (e podemos questionar o que é isto de ser normal e se é assim tão necessário sê-lo).
São coisas que me põem a pensar. Eu, que sou aquela pessoa que nunca tomou um comprimido para dormir, um calmante, um anti-depressivo, que nunca experimentou qualquer tipo de droga nem sequer alguma vez deu uma passa num charro (podem rir-se à vontade que eu não me importo), e que a única substância que toma, de vez em quando, é um copo de vinho ao jantar ou um gin tónico numa noite com amigos, eu fico fascinada a tentar perceber estes fenómenos. Há uma das raparigas no filme que diz que como o Adderall não é uma droga recreativa, é algo que as ajuda a trabalhar, as pessoas tendem a achar que não há nada de errado em tomar aqueles comprimidos. E se pensarmos bem nisto é verdadeiramente assustador: estas pessoas drogam-se não para serem mais felizes ou para fugirem dos problemas da sua vidinha, como acontecia antes, mas, pelo contrário, para poderem trabalhar mais, para serem mais competitivos e ganharem mais dinheiro. E isto diz muito sobre os tempos em que vivemos.