Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


"Sabermos que não temos mão na maior parte das coisas que acontecem é fundamental para o afrouxar da ansiedade." A frase é de Cláudia Lucas Chéu que, numa pequena crónica, resume muito daquilo que sinto. "Ainda hoje sofro bastante de um sentimento de querer controlar tudo, embora saiba agora o quão inútil e estúpido é este sentimento. Sei que não tenho mão em quase nada. As coisas acontecem e o que é preciso é saber lidar com elas ou não lidar de todo — por vezes fugir também é uma opção." A crónica intitula-se "Controlar o ingovernável" e é ilustrada por uma imagem do filme Lady Bird, de Greta Gerwig - uma cena que mostra a difícil relação entre filha e mãe.

lady-bird-v1-0010_lb_00000-1-_preview_wide-fd0c9e9

Viver é, todos os dias, tentar "controlar o ingovernável". É muito isto que sinto na vida em geral e na relação com os meus filhos em particular. Vê-los crescer tem tanto de fascinante como de assustador. O amor mistura-se com o medo. As desilusões (podia fingir que não existem mas, sim, existem, no meu caso, muitas desilusões e frustrações e sentimentos de falhanço e até vergonha e todos esses sentimentos que estamos proibidos de dizer em voz alta mas que nem por isso deixam de ser reais) misturam-se com o orgulho. A vontade de lhes orientar os passos e garantir que tudo lhes corre bem e, ao mesmo tempo, sabermos que temos de deixá-los falhar e errar e descobrirem o seu próprio caminho. 

Não podemos controlar tudo. Nem na nossa vida nem na vida dos filhos nem no mundo que nos rodeia. Aceitar isto não significa desistir dos nossos objectivos e dos nossos sonhos, não quer dizer que nos vamos sujeitar ao que acontece sem dar luta, que vamos deixar de fazer aquilo que achamos certo e que devemos e queremos fazer. Significa apenas (tentar) deixar de sofrer tanto, de nos angustiarmos e martirizarmos de culpa sempre que sentimos que as coisas fogem do nosso controlo. Aceitar as falhas e tentar aprender com os erros sem nos sentirmos a fracassar irremediavelmente.

Não é fácil, pois que não é. E eu só às vezes é que o consigo. Mas, ainda assim, continuo a tentar.

publicado às 16:24

img_640x426$2021_10_18_18_59_13_659153.jpg

Fomos ver o espectáculo Meio no Meio, do Victor Hugo Pontes e da Arte em Rede, com um grupo de guerreiros-bailarinos maravilhosos. Os putos iam reticentes, como sempre. Eu, que escolho com pinças os espectáculos para vermos juntos, com medo que eles odeiem e acabem por não querer nunca mais ir comigo ao teatro, tremia um pouco por dentro, confesso. Mas foi bom. Foi muito bom. Foi emocionante e divertido e tocante e deu vontade de dançar e fez-nos pensar e a mim até me fez lacrimejar. 

Pergunto-me muito o que ficará disto tudo. Das vezes que os levei ao teatro e a ver exposições, dos filmes e dos livros que lhes mostrei, dos passeios e das experiências que lhes proporciono, mesmo quando eles não querem, quando vão contrariados, a mal-dizer a mãe que lhes calhou na rifa. Será que fica alguma coisa? As pessoas à minha volta, talvez para me animarem, garantem que sim, que há sementes que só germinam mais tarde, que um dia a adolescência passa e todas as coisas boas que lhes demos vão finalmente revelar-se, mas às vezes tenho tantas dúvidas, parece que é tudo em vão. 

Só sei que eles se divertiram ontem à noite, que gostaram, que talvez não tenham percebido tudo (sobretudo o mais novo) mas alguma coisa terão percebido e, se o espectáculo não serviu para mais nada, terá ao menos servido para lhes mostrar algo diferente dos vídeos parvos que eles vêem todos os dias no tictoc e no instagram. 

Desta noite, para além do espectáculo, guardo os momentos passados a três. As músicas (horríveis) que o António nos fez ouvir no carro. O Pedro fascinado com a energia da cidade num sábado à noite. Os putos a descerem a rua do Carmo a toda a velocidade numa trotinete. Aquele momento em que me montei eu na trotinete, agarrada ao António, e desatei aos gritos julgando que ia cair e espatifar-me toda. As gargalhadas que demos juntos. As conversas que surgiram, as partilhas que só acontecem quando estamos relaxados. Só por isso já valeu o pena. E isso é muito.

publicado às 12:35

Eu fui a Paris. Foi a minha loucura.

Fomos os três passar duas noites a Santa Cruz num sítio bem catita. Foi o nosso "momento família".

E depois fomos meia dúzia de dias para o Algarve já em modo "os meus e os amigos", que é uma coisa que resulta muito bem quando se tem filhos adolescentes.

Pelo meio, o Pedro teve uma semana de surf em Carcavelos, uma semana radical no Malhadal com a Junta de Freguesia e uma semana de actividades do clube de BTT.

E o António esteve em tantos sítios e com tantos amigos que é impossível agora dizer, só sei que quase não parou em casa e que ele elegeu estas como "as melhores férias de sempre". 

Foram umas férias um bocadinho atípicas, como se previa. Mas palpita-me que a partir de agora a coisa vai ser mais ou menos assim. Cada um nos seus programas e, depois, tentar encontrar momentos, ainda que curtos, para estarmos juntos e sermos felizes fora da rotina infernal.

Estamos nesta aprendizagem, e até agora acho que nos estamos a sair bem.

Entretanto, no último dia de férias, o Pedro testou positivo para a covid e tivemos que ficar os dois em isolamento durante dez dias: ele no quarto a jogar playstation, eu na sala a trabalhar. Só assim para acabar em grande.

Já passou. Já levámos com o setembro em cima. E por mais que nos preparemos para isto nunca estamos preparados. Siga.

publicado às 14:14

Já o sabíamos, desde o momento em que os segurámos nos braços eram eles apenas três quilos de gente a choramingar e a sujar as fraldas, mas à medida que crescem tomamos ainda mais consciência deste facto: o amor que temos pelos filhos é completamente irracional, incondicional e infinito. E isso é algo ao mesmo tempo maravilhoso e assustador. Não me canso de me surpreender com esta capacidade para amar de forma tão arrebatadora uma pessoa que tem as suas próprias ideias, tantas vezes contrárias às minhas, que faz escolhas com as quais posso não concordar, que tem atitudes que por vezes me parecem incompreensíveis, que regularmente me parte o coração e me deixa de rastos, a duvidar de mim mesma e da minha capacidade para ser mãe. Não toleraria isto a mais ninguém. Só aos filhos permitimos que nos façam sofrer assim. E no dia seguinte lá estamos a fazer-lhes festinhas na cabeça, a comprar o pão de que eles gostam para o pequeno-almoço, a pagar-lhes o Spotify Premium que nunca assinámos porque achamos que é dinheiro mal gasto, a perder noites de sono atormentadas pelas preocupações. E se ele não for feliz?, e só essa ideia é suficiente para sentir um aperto no peito que é quase insuportável. O amor que temos pelos filhos é resistente. Inquebrável. Gostarei de ti mesmo quando mais ninguém gostar, mesmo quando tu próprio não gostares (gostarei de ti mesmo quando não gostar). Só aos meus filhos poderei dizer isto tendo a certeza absoluta de que será sempre verdade.

E, no entanto, quando ele saiu de casa ainda há pouco, com a mochila às costas e os phones nos ouvidos, preparado para mais um recomeço, disse-lhe apenas "tem um dia bom". Acho que ele percebeu.

publicado às 09:07

18
Ago20

Desvio

Não há teenblogs. Há muitos babyblogs - textos e mais textos e fotos e mais fotos sobre essa coisa avassaladora que é ser mãe e sobre as mil peripécias, boas e más, dos filhos. Mas não há teenblogs. A partir de uma certa altura, não dá para dizer exactamente quando, não há uma regra, as vidas dos filhos deixam de nos pertencer, já não podemos dispor delas quando nos apetece, muito menos expô-las ao mundo. É uma coisa que sentimos mas também pode acontecer (como me aconteceu) que os filhos nos peçam privacidade. Não querem que publique as suas fotos e não gostam de ser assunto de conversa. É justo. Além disso, parece-me, não há teenblogs também porque é difícil falar sobre esta culpa que nos consome por eles não serem exactamente como nós sonhámos. Falo por mim, claro: passo horas a cogitar o que possa ter feito de tão errado para os meus filhos não serem perfeitos e a desfazer-me por dentro com a culpa de não saber como agir, quais as palavras certas, o que poderei ainda fazer para correr atrás do prejuízo. Ainda irei a tempo?

Um dia vou escrever sobre isto, provavelmente quando tudo já tiver passado, para o bem ou para o mal.

Talvez por isto tudo tenha gostado tanto deste Desvio, o livro de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho. Saibam mais AQUI. É mesmo bom, garanto-vos.

download.jpg

publicado às 12:40

Tínhamos o covid-19, tínhamos restrições financeiras e tínhamos um adolescente em plena fase tudo-o-que-for-com-a-família-é-um-aborrecimento.

Mas, por outro lado, tínhamos uma semana de férias em julho que, com a ajuda do layoff e das folgas devidas por trabalho no fim-de-semana anterior, se transformaram em 12 dias de descanso.

Pesando prós e contras, decidi que desta vez não iríamos ao Algarve e ficaríamos por casa. Em agosto logo se vê.

Para mim, só o facto de não ter horários, nem trabalhos da escola, nem nenhuma obrigação já é um descanso enorme. Eliminamos os principais focos de stress da nossa vida e tudo fica mais fácil. Mesmo. Aproveitei, então, para tratar de algumas burocracias que estavam pendentes e para fazer umas arrumações em casa (e muito ainda ficou por fazer). Os putos aproveitaram para dormir até mais tarde e jogar muita playstation. E depois tentámos, apesar do calor abrasador, sair de casa, apanhar sol e estar com alguns amigos. O António só se juntou a nós por um dia (tanto que havia a dizer sobre isto...) mas eu e o Pedro fomos várias vezes à praia na Costa da Caparica ou em Carcavelos, ao final do dia (depois das 17.00, às vezes depois das 18.00), só os dois ou com amigos, até ao pôr-do-sol, e por três vezes até conseguimos jantar na praia, ainda com areia nos pés e muitas gargalhadas à mistura. O Pedro está numa fase óptima (é aproveitar que isto vai passar, já se percebeu) e entre a prancha de bodyboard, os óculos de mergulho e a prancha de skimboarding, entretém-se na boa durante umas três horas.

Pelo meio, deixei o adolescente ir passar uns dias ao campo com os amigos, à sua vontade, e cometi duas extravagâncias:

Fomos os três por duas noites a um turismo rural perto de Santarém. Marquei isto há já algum tempo, aproveitando uma promoção, e ficou francamente acessível. Não era nada luxuoso mas tinha uma piscina e internet (foram as duas exigências dos miúdos), uma cozinha para preparar as refeições, muito silêncio e ar puro - tudo o que eu precisava para desintoxicar destes últimos meses fechada em casa.

E, neste último fim-de-semana, quando os miúdos estavam com o pai, fui passar uma noite a Tróia com um grupo de amigas. Éramos seis, todas a deixar maridos e/ou filhos, para conseguirmos pôr a conversa em dia, espairecer a cabeça e desfrutarmos deste tempo juntas, depois de tanto afastamento. Fomos no sábado logo de manhã, aproveitámos a piscina e a praia e voltámos a casa no domingo já à noite, todas bastante queimadas e muito felizes. Não me lembro da última vez que tinha feito uma coisa deste género mas já combinámos que havemos de fazer isto mais vezes. Porque foi mesmo muito bom.

Resumindo e concluindo: esta espécie de férias acabou por correr muito bem, muito melhor do que eu estava à espera, dentro do contexto. Descansei verdadeiramente a cabeça, estive com os miúdos sem zangas nem stresses, estive com alguns amigos de quem ainda estou a matar saudades e acabámos por nos divertirmos todos, eu e os putos, cada um à sua maneira.

Posso repeti-lo todos os anos e todos os anos será verdade: somos sempre mais felizes nas férias. Mesmo com uma pandemia e um baixo orçamento.

IMG_20200715_195632.jpg

publicado às 07:47

No outro dia fomos ao cinema ver o 1917. Eu e os meus dois filhos.

É engraçado. Para o António ir ao cinema não é sequer uma hipótese de programa com os amigos. Os amigos servem para jogar à bola ou playstation ou para ficarem horas a fio na conversa, a dizer parvoíces e a deambular por aí. Ir ao cinema? Eles estão habituados a ver os filmes e as séries nos telemóveis (ou, na melhor das hipóteses, no computador), com phones nos ouvidos, sozinhos. É uma experiência completamente diferente da que eu tive, quando ir ao cinema ao sábado à noite era não só a única maneira de ver algum filme como era também a única coisa que havia para fazer com os meus amigos. Já para estes miúdos, ir ao cinema é um desperdício de tempo útil com os amigos (certamente porque ainda não descobriram as maravilhas do "escurinho do cinema") e um desperdício de dinheiro. Uma pessoa argumenta com a qualidade da imagem e do som mas não é fácil. Talvez tenham de crescer mais um pouco.

De maneiras que, por agora, parece que ir ao cinema é um programa com a mãe. Uma coisa de cota. Que seja. Não me parece mal se isto se tornar "a nossa coisa em conjunto". Apesar de cada vez ver mais filmes em casa (é inevitável) eu gosto muito de ir ao cinema. E mal posso esperar pelo momento em que poderei ir com eles ver todos os filmes. Neste momento estamos numa fase complicada. O António já poderia ver tudo mas o Pedro ainda só tem 11 anos -  ele é um valente e não protesta nem mesmo quando numa das nossas noites de cinema em casa vemos o Platoon e ele não percebe grande parte do que se passa. Mas, ainda assim, não convém exagerar. Gostou do 1917, não se queixou nem se aborreceu, mas pediu para da próxima vez irmos ver um filme "de acção". É justo.

Isto tudo é só um pretexto para dizer que o meu filho mais velho fez 16 anos. Ele não gosta de tirar fotografias e mesmo quando me deixa fotografá-lo não me deixa partilhar as fotos. E também não gosta muito que eu escreva sobre ele. Tenho que respeitar. Por isso só posso dizer-vos isto: o meu filho fez 16 anos e tem sido o maior desafio da minha vida. Em bom e em mau. Aliás, isto de ser mãe sozinha de dois rapazes tem sido uma aventura e pêras, uma daquelas coisas que só quem passa por elas é que pode entender. Um dia, quando isto tudo passar, talvez vos conte. 

Por agora fiquem a saber que fomos ao cinema os três ver um filme de adultos. Não foi a Velocidade Furiosa nem o Homem Aranha. Foi um filme de crescidos, escolhido por mim. E isso, parecendo tão pouco, deixa-me muito feliz. São assim, tontas, as mães.

publicado às 16:29

O maior desafio da maternidade? Uma pessoa acha que nada pode ser pior do que aqueles primeiros dois meses depois do nascimento do primeiro filho em que a sua vida se virou de pantanas, em que está exausta e com as hormonas aos saltos e só quer dormir uma noite inteira sem ter que dar de mamar nem trocar fraldas. Depois uma pessoa acha que nada pode ser pior do que separar-se e ficar sozinha com dois filhos pequenos e de repente ter que ser mãe e pai e correr de um lado para o outro para apagar todos os fogos e nem sequer ter um colo aonde desabar ao final do dia. E depois chega a adolescência e, juro-vos, nada é pior do que isto, assim ao nível do cansaço mental, do desespero de nos sentirmos umas completas incapazes na tarefa de educar um filho e do consequente sentimento de culpa. Os últimos dois anos têm sido, sem dúvida, o maior desafio da minha carreira como mãe. E o pior é que vai continuar e, provavelmente, ainda vai piorar, porque a adolescência do primeiro está longe de terminar e, entretanto, o segundo já dá sinais de se querer armar em adolescente. 

Não está fácil.

Uma vez que não há teenblogs, como há babyblogs, isto de ser mãe/pai de adolescentes acaba por ser muito solitário. Aqui estamos nós, apavorados com o que nos está a acontecer, mas achando que somos os únicos a passar por isto, que todos os outros pais estão felizes e contentes e só nós é que nos sentimos miseráveis. Visto de fora, a mim parece-me sempre que os filhos dos outros dão muito menos chatices do que os meus. 

É por isso que me sinto mais apaziguada quando encontro alguns artigos que me ajudam a desdramatizar um pouco os meus problemas - que, vendo bem, não são assim tão graves - e me dizem que isto que está a acontecer com o meu filho e comigo é, afinal, algo bastante normal.

Por exemplo, estes artigos:

Be prepared, give them space, let them fail: how to survive the terrible teens (no The Guardian)

Jaume Funes: "Educar um adolescente é dar-lhe autonomia e fazê-lo aprender a gerir riscos" (no DN)

Claro que as dúvidas e as preocupações continuam cá todas. E as respostas tortas dele e as discussões entre nós também. Mas ao menos, ao ler isto, não me sinto a pior mãe do mundo. E até consigo reconhecer que estou a fazer algumas coisas bem feitas e que, a seu tempo, hão de dar os seus frutos (hopefully).

E, assim, continuamos na luta. Nesta montanha-russa.

publicado às 22:13

Na primeira vez em que fomos de férias a três eu estava um bocadinho ansiosa. O António tinha 9 anos, o Pedro 5. Eu já estava há mais de um ano sozinha com eles mas nunca tínhamos estado assim, umas três semanas por nossa conta, longe de casa, a inventar programas e a aturar-nos 24 horas por dia. Acabou por correr tudo surpreendentemente bem. Muito melhor do que eu poderia imaginar. De então para cá, já tivemos muitas férias diferentes. Umas vezes juntando-nos com amigos. Outras vezes só nós. Umas vezes indo mais longe, outras ficando mais perto, umas vezes por muito tempo, outras só uns dias. Mas sempre com um lema: no stress. Como o nosso dia-a-dia é geralmente feito de horários e pressões, as férias tornaram-se uma oportunidade única para estarmos sem grandes compromissos e para desfrutarmos ao máximo da companhia uns dos outros com o mínimo de discussões e muita leveza. É mesmo só isso que procuro. E tem sido muito bom. 

Entretanto os putos foram crescendo, o que facilita muito a parte logística mas levanta outro tipo de questões. Este ano, pela primeira vez, temi que as coisas não corressem tão bem. Afinal, o adolescente está numa fase complicada, naquela fase em que tudo é um aborrecimento, sobretudo tudo o que envolva a mãe (seca) e o irmão mais novo (mais seca). Além disso, tinha que se afastar da sua querida playstation e (oh, o horror) passar a maior parte do tempo sem wifi. Respirei fundo e lá fomos. E não digo que foram as melhores férias de sempre nem que não houve ali uns momentos de tensão. Mas foi muito melhor do que eu estava à espera. Sem grandes dramas a assinalar. E houve até momentos em que deu para sentir aquela emoçãozinha por ainda conseguirmos fazer isto de estarmos juntos e sermos felizes os três com coisas simples como jogar às cartas ou ficarmos deitados todos numa cama a conversar ou até só numa ida ao supermercado para comprar o jantar. Foi talvez o ano em que passámos mais tempo sem fazer nada. Foi o ano em que estivemos mais tempo no Alentejo com a família. Foi o ano em que os putos dormiram quase sempre até ao meio-dia. Foi definitivamente o ano em que passámos menos tempo na praia (e em que cheguei ao fim menos bronzeada do que é habitual). E no entanto, parece-me, não poderia ter sido melhor. Era exactamente isto que eu precisava. Até porque, sinceramente, acho que cada vez preciso de menos. Basta-me ficar a olhar para eles a dar mergulhos, felizes. Posso ficar assim durante horas. E eles também.

2013.jpg 2013

2014.JPG2014

2015.jpg2015

2016.jpg2016

2017.jpg2017

Screenshot_2019-09-07-08-05-13.png2018

DSC_2094.JPG2019 

(Porque nem tudo é perfeito: o António está na fase "no photos". No ano passado, já tinha sido uma selfie tirada a ferros, este ano não sei sequer se tenho alguma foto decente dele na máquina. Mas tenho esta, que é muito representativa dos meus putos,)

Gosto muito de nós nas férias. Estes são os momentos e os sentimentos que temos de guardar. É a esta felicidade que viremos beber ao longo dos próximos meses quando estivermos cansados e zangados, quando nos odiarmos, quando tudo estiver a correr mal e quando sentirmos vontade fugir.

Só temos que nos lembrar que não tarda nada é verão outra vez. 

publicado às 22:13

DSC_2036.JPG

Eles crescem e fica tudo mais fácil? Nem tudo. Tirá-los de casa, por exemplo, é muito mais difícil. Há uns tempos, bastava-me dizer vamos ali ao parque jogar à bola e assim, com umas horas passadas no parque das nações ou no jardim das conchas, resolvíamos a tarde de sábado e éramos todos felizes. Agora, o Pedro ainda alinharia na boa num programa desses mas para isso precisava do irmão porque ir ao parque sozinho com a mãe não é lá muito divertido. E o irmão... o irmão tem 15 anos e já não acha muita piada a ir ao parque com o mano mais novo. Portanto, este é um dos meus novos desafios: encontrar programas que agradem aos dois. Sobretudo: encontrar programas que agradem a um adolescente e que o tirem de casa sem ser obrigado (eu obrigo, de vez em quando, sei que não é a melhor maneira e que as mães perfeitas arranjam sempre uma maneira melhor mas eu não sou uma mãe perfeita e por vezes tem mesmo que ser). 

Um truque: convidar amigos deles. 

Melhor ainda: combinar com amigos deles cujas mães são minhas amigas. Ou com amigas minhas cujos filhos têm idades parecidas aos meus.

Às vezes conseguimos. E até conseguimos ficar na praia até ser noite. Mas é só às vezes.

publicado às 11:42


Mais sobre mim

foto do autor