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Tive mais uma vez o privilégio de colaborar com o "Projeto Invisível", a revista sonora da Culturgest. Desta vez, a propósito do espectáculo Na Medida do Impossível, de Tiago Rodrigues, fui à procura de pessoas que trabalham em organizações humanitárias em cenários de emergência, como guerras, catástrofes naturais, epidemias, surtos migratórios. Tive conversas muito interessantes com a enfermeira Catarina e o responsável de logística Luís, da Médico Sem Fronteiras, e com a psicóloga Inês, do Comité Internacional da Cruz Vermelha, que me falaram das dificuldades e dos desafios do seu trabalho e das estratégias a que recorrem para cuidarem de si - e assim poderem cuidar dos outros.

Podem ouvir a aqui reportagem "A Força de Quem Cuida" ou, se quiserem, todo o episódio do "Projeto Invisível".

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Fotografia de um campo de refugiados em Lesbos, na Grécia, em 2019, de autoria de Panagiotis Balaskas - AP Photos

publicado às 17:02

Há pessoas que sonham com o estrelato. Em aparecer à frente das câmaras. Dar a cara. Já eu sou feliz nos bastidores. Neste final de ano, tive o privilégio de trabalhar com a Anabela, ajudando-a a fazer pesquisa e a preparar as entrevistas do Calendário do Advento. Uma dupla felicidade. Primeiro, por tudo o que aprendi sobre todos os entrevistados. Depois, por, a cada programa, perceber de que forma ela usava (ou não usava) a informação que lhe dava e como conduzia as conversas, escapando ao óbvio e procurando novos caminhos.

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Aqui, num dia em que fui espreitar as gravações, com o Sandro e o Jorge Feliciano, os entrevistados do último programa, que vai para o ar esta noite, véspera de natal. 
Se não viram, vão sempre a tempo de ver o Calendário do Advento, da Anabela Mota Ribeiro, na RTP Play.

As fotografias são da Estelle Valente.

Para me lembrar porque é que gosto tanto de fazer o que faço.

publicado às 10:17

Há um ano começou a CNN Portugal. Tem um sido um ano de aprendizagens e acertos, para todos. Para mim também. Há dias em que questiono se ali é meu lugar, e depois há dias assim, como este, em que me meti no carro com o Rodrigo Cabrita e, desafiando a chuva, fomos à procura de histórias para contar. Levámos com muitos nãos mas também encontrámos pessoas muito bonitas. No fim de contas, é isto que vale a pena.

Ora vejam:

Akash quer ter uma casa para trazer a família do Bangladesh. Rajendra gosta de ir à praia. Masum conta os dias que faltam para ter os "papéis". Mas tudo é difícil para os imigrantes em Odemira.

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publicado às 12:55

Coisas bonitas a que tenho o privilégio de estar ligada. Já está disponível o terceiro número da revista sonora da Culturgest, "Projeto Invisível", e, mais uma vez, fui falar com pessoas "For Real". Desta vez, o desafio foi maior, porque o tema era mais exigente - impérios e imperialismo, do colonialismo aos dias de hoje. Tive a sorte enorme de encontrar a Patrícia, o Carlos e a Paula com quem tive conversas muito bonitas e enriquecedoras. 

Se quiserem ouvir, vão AQUI.

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publicado às 18:05

Voltei às terras queimadas pelos incêndios mas, desta vez, à procura de histórias de quem vive e persiste na Serra da Estrela. Adorei conhecer a Ana e o André e prometi voltar para ver as terras quando estiverem verdejantes. Emocionei-me (acontece-me tanto) com o desembaraço e a franqueza da Alcina, que no final nos deu uns queijos embrulhados em papel vegetal e nos pediu desculpa por já ter poucos. Preocupações com o futuro todos temos, mas esta gente olha para a frente com determinação. "Ainda nos há de faltar primeiro a boca do que sopa", diz a Alcina. Pessoas bonitas. Encontrá-las, ouvi-las e contá-las. É o melhor deste trabalho.

Leiam AQUI e vejam também as fotos do Miguel Mateus.

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publicado às 12:01

16
Jul22

Rescaldo

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Fui à procura de histórias por onde o fogo passou esta semana. Foram dois dias como antigamente, sem pressas nem pressões. O resultado está AQUI e AQUI. Os incêndios são uma tragédia, claro. Mas foi um prazer poder voltar a ser repórter. São as contradições do jornalismo.

As fotos (estas e as dos artigos) são do Miguel Mateus.

publicado às 17:51

Nas últimas duas semanas, por uma daquelas coincidências de agenda que não conseguimos controlar, fui atropelada por um camião de trabalho que me obrigou a dormir algumas noites fora de casa, noutras a chegar à cama muito tarde, a fazer muitos quilómetros para baixo e para cima, a deixar um pouco os miúdos por sua conta e a fechar os olhos ao caos que se instalava aqui em casa. Nada disto foi fácil, por diferentes motivos. Mas, apesar do cansaço, das dores nas costas e nos joelhos, da ansiedade, da tensão permanente nos ombros, do sono (muito sono) e da culpa (a culpa, sempre), há também aqui uma grande alegria. Porque nestas duas semanas tive oportunidade de fazer algumas das coisas de que mais gosto. Por um lado, a pretexto da campanha eleitoral, pude sair da redacção e andar por aí, descobrindo o país e falando com pessoas. Por outro lado, tive um convite maravilhoso da Patrícia Portela, diretora do Teatro Viriato, em Viseu, para moderar algumas conversas com artistas no NANT - Encontro de Dança Contemporânea. O único problema foi calhar acontecer tudo ao mesmo tempo.

Esta noite dormi pouco mais de três horas e estou podre como não me sentia há muito tempo, jogada no sofá praticamente sem me mexer. Mas, apesar de tudo, é bom quando, de vez em quando, o trabalho não é só um trabalho, é também algo que nos faz sentirmos vivos, que nos desafia e nos leva a arriscar por terrenos desconhecidos, quando nos permite ultrapassar medos (e se me espalho ao comprido e só digo parvoíces em frente daquelas pessoas todas?), quando chegamos ao fim e, mesmo quando temos capacidade de auto-crítica para percebemos onde errámos e onde poderíamos ter feito melhor, sentimos que o balanço até é positivo (e, que alívio, afinal, não nos espalhámos ao comprido). E no meio disto, reencontrei algumas pessoas de que gosto muito e conheci pessoas novas, muito fixes, que quero manter por perto.

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Na foto, na conversa com a fantástica Piny. Acho que aquele sorriso diz tudo. Não fui feita para o palco, isso é certo, mas talvez possa aprender a gostar disto em doses moderadas.

publicado às 19:11

Não sejamos injustos. Houve coisas boas em 2021.

Novos trabalhos, novos desafios.

Voltei a fazer yoga. Sou péssima mas estou a esforçar-me.

A viagem a Paris.

Os bons momentos com os meus putos.

Caminhar, voltar aos transportes públicos, andar a pé sempre que possível.

Voltei à terapia. Também sou péssima nisto mas estou a esforçar-me.

Os meus amigos (vocês sabem quem são). Não estive com eles tanto quanto gostaria mas aproveitei todas as oportunidades para encontrá-los, abraçá-los e mostrar-lhes o quanto são importantes para mim.

Fiz uma amiga nova ("e coisa mais preciosa no mundo não há").

Os espectáculos que vi, os filmes e as séries, os livros (poucos mas bons), as músicas que descobri e todas as outras coisas boas da vida.

A família reunida e feliz no dia do meu aniversário.

Os sonhos do natal.

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Para 2022 só queria isto tudo mas mais. 

publicado às 13:31

22
Nov21

Breaking news

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Daqui a pouco estreia a CNN Portugal. Televisão e site.

Que alegria poder fazer parte desta aventura.

publicado às 07:56

Há um ano fui despedida.

Há um ano, houve um despedimento colectivo na Global Media. Em mais uma das suas reformulações, o Diário de Notícias decidiu extinguir a secção de Cultura e despedir os jornalistas que ainda lá restavam. Foi o terceiro despedimento colectivo a que assisti nos mais de vinte anos que ali passei - o primeiro em 2009 e o segundo em 2014 - por isso já sabia bem como estas coisas eram, já sabia das justificações atabalhoadas que nos dão, da hipocrisia dos directores que fingem que não é nada com eles, das injustiças que são cometidas nestes processos e da habitual falta de consideração da casa por quem ali trabalha. Não fiquei surpreendida nem magoada nem nada. Recebi o telefonema do director quando estava a meio de um trabalho. Terminei as entrevistas que estava a fazer, depois decidi andar a pé até casa e pelo caminho liguei para um advogado amigo e para os meus pais e fui fazer o jantar. Em momentos de crise, sou a pessoa mais racional do mundo. Avalio a situação, percebo quais são os próximos passos a dar e sigo. É sorrir e acenar, como diziam os pinguins.

A decadência do jornal era óbvia há muito tempo (e continua) e também há muito tempo que eu me sentia insatisfeita ali. Consegui sempre, e isso tenho que reconhecer, encontrar momentos de felicidade no meu trabalho, porque eu sou geralmente feliz quando saio da redacção para falar com pessoas e contar as suas histórias. Mas a verdade é que essas ocasiões eram cada vez mais rarasNos últimos anos sentia-me a sufocar. A mirrar. Varias vezes pensei em sair. Tive esta conversa com alguns amigos, todos me aconselharam a ir embora, a "mudar enquanto é tempo". Mas faltava-me a coragem. Acomodei-me. Porque é do meu feitio, por medo da mudança, mas também por ter noção das dificuldades desse passo, sobretudo quando se é divorciada e com dois filhos, deixei-me ficar. 

Apesar disto tudo, não posso dizer que seja fácil ser despedida. Não é.

É, antes de mais, uma machadada no nosso ego. É impossível não sentir uma certa humilhação ao sabermos que somos dispensáveis. Descartáveis. Uma coisa é nós querermos sair, outra coisa é não nos quererem. Não vale a pena dourar a pílula: esta parte é mesmo difícil de engolir. 

E é também uma machadada na nossa estabilidade. A estabilidade financeira, sim, e a estabilidade da vida em geral. Porque toda a nossa vida é organizada em função do trabalho, daquelas tarefas, daquelas rotinas. Sobretudo quando se trabalha muito tempo no mesmo sítio. A nossa identidade parece irremediavelmente ligada àquela frase com que nos apresentamos há mais de vinte anos: "Maria João Caetano, do Diário de Notícias". E, de repente, fica um vazio. É um pouco assustador, admito.

Felizmente, não tive muito tempo para me apoquentar. Ainda nem tinha assinado os papéis da rescisão e já tinha novos trabalhos no horizonte.

Passou um ano. 

Correu tudo bem.

É verdade o que dizem, quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. E eu tenho espreitado por várias janelas, algumas delas com vistas bem bonitas.

Tenho um emprego e, para além disso, tenho feito alguns trabalhos que me dão muito prazer (por exemplo AQUI ou AQUI ou AQUI). Também faço coisas de que não gosto tanto, mas isso é a vida. Tenho encontrado pessoas que me desafiam e estimulam a ser melhor. Continuo a aprender coisas novas. Continuo a gostar de ser jornalista.

A verdade é que profissionalmente estou bastante mais feliz do que estava há um ano, e isso é uma surpresa para mim, confesso.

So far so good.

A parte boa de ir ao tapete é aprender a cair. E depois levantamo-nos, sacudimos o pó e estamos prontos para outra.

publicado às 08:22


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