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24
Set23

Esclarecimento

Não, não são críticas.

A crítica é um trabalho, sério e exigente. Tenho um respeito enorme pelos críticos - de cinema, de literatura, de arte, de performance, de tudo. Tenho os meus críticos preferidos e também tenho aqueles com quem sei que raramente concordo. Com todos eles aprendo alguma coisa. Sobre as obras, sobre a vida, sobre a escrita. Aprendo a ser melhor espectadora (ou leitora ou o que seja), porque não só com mais informação mas também com mais dúvidas, mais perguntas, mais pontos de vista a acrescentar aos meus. 

Não, não são críticas. O que escrevo aqui são impressões. Lembretes para um dia quando quiser falar de um filme, que a minha cabeça é uma desgraça e eu preciso destes auxiliares de memória para me lembrar do que vi e do que li e do que ouvi e até do que vivi e do que senti. É para isto, essencialmente, que serve este blog. Para coleccionar as minhas memórias. (desculpem, isto dito assim é um bocadinho egoísta, mas é a verdade. se vocês soubessem a quantidade de vezes que venho aqui confirmar datas e acontecimentos e procurar informações para completar conversas sobre tudo e mais alguma coisa.) E depois, também, claro, porque é um blog público, para partilhar estas minhas impressões com quem as quiser aproveitar. Sem qualquer pretensão. Só assim como quem conversa com os amigos sobre os filmes que viu. 

Mas não são críticas. Nada de confusões.

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O crítico gastronómico Anton Ego, do filme Ratatouille

publicado às 22:08

Lembro com alguma nostalgia aquelas sextas-feiras à noite em que íamos buscar filmes ao videoclube. Havia um Blockbuster enorme ao pé do Fonte Nova, ficávamos lá uma meia hora pelo menos, a escrutinar as capas dos dvds. É que naquela altura não havia smartphones nem maneira de, estando ali, perante um título, saber mais sobre ele. Guiávamo-nos pelos nomes dos realizadores e dos actores e pelos resumos elogiosos das contracapas. Decisões complicadas, não podíamos errar. Trazíamos sempre pelo menos dois ou três filmes. E pipocas de microondas ou gelados Häagen-Dazs que, sabe-se lá porquê, só comprávamos quando íamos ao Blockbuster. Depois, era aproveitar o serão e o fim-de-semana para ver os filmes, e,  na segunda-feira, passar na loja antes de ir trabalhar para deixá-los na caixa de entregas. Isto, claro, antes dos filhos.

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(encontrei esta imagem no Google e era mais ou menos isto, paredes e estantes cheias de filmes)

O Blockbuster fechou há bastante tempo. Agora temos a box da televisão por cabo que nos permite andar para trás para vermos o que quisermos, temos as plataformas de streaming e mais a internet inteira para procurar os filmes que nos apetece ver. Foi o que fiz durante os dois dias que passei em casa às voltas com mais uma (a terceira) gripe devido à covid. Não foi nada de grave, apenas um nariz fungoso e aquela apatia que nos impede de sair do sofá e nos tira a capacidade de pensar no que quer que seja. Pois no sofá fiquei e vi tantos filmes que nem tenho a certeza de me lembrar de todos.

O meu preferido foi este: You Hurt My Feelings, realizado por Nicole Holofcener, com Julia Louis-Dreyfus e Tobias McKenzie, uma comédia-dramática, espécie de crónica sobre o quotidiano de um casal de meia-idade e sobre aquelas mentiras que todos dizemos por amor a alguém - serão assim tão inofensivas? É um estilo de filme que vai muito na linha de séries como Easy ou Modern Love, com muitos donuts e cafés bonitos e gente a falar sobre os seus problemas, que também são os nossos problemas, sem grande profundidade mas sem ser tonto, está ali no ponto ideal. Gostei muito. 

 

Também vi Rye Lane, estreia na realização de Raine Allen-Mirrer, protagonizada por David Jonsson e Vivian Oparah. Fiz uma pesquisa para "melhores filmes de 2023" e encontrei várias referências a este, por isso decidi arriscar. Rye Lane é uma rua real, no sul de Londres, e é aí, entre lojas e esplanadas coloridas, que se passa quase toda a acção. É uma comédia romântica e  isso diz tudo sobre a história, mas ainda assim foi uma boa surpresa.

 

Gostei menos de Showing Up, filme de Kelly Richardt, com Michelle Williams a interpretar uma artista cheia de inseguranças antes da inaguração da sua exposição, com dificuldades em relacionar-se com a sua família de artistas e com a comunidade artística de Oregon, EUA. O filme esteve nomeado para a Palma de Ouro em Cannes e a Michelle está muito bem, mas a mim aborreceu-me um bocado e acho que até adormeci pelo meio (mas pode ter sido da febre, vá).

 

Finalmente, na RTP2 vi o documentário A Vida é um Autocarro Vazio, sobre a escritora Maria Judite Carvalho. É uma escritora que só descobri há relativamente pouco tempo, gostei muito dos dois livros que li dela e tinha muita curiosidade sobre o filme. Achei interessante, porque ela parece ter sido uma mulher fascinante. O documentário é mais ou menos.

 

publicado às 18:11

23
Set23

Outono

Sou só eu que tenho mixed feelings sobre o outono? É verdade que acabam as férias da escola e o calor e os dias grandes e de repente não sabemos o que havemos de vestir e começa a chover, nada disso é bom. Mas, por outro lado, há um certo conforto nisto de sentir o ar fresco na cara quando saímos de casa cedo, de voltar a calçar meias para dormir e de ter vontade de tricotar cachecóis (porque na verdade não sei tricotar mais nada).

Um destes dias, estive a rever o 500 Days of Summer, um filmezinho super-querido com o Joseph Gordon-Levitt e a Zooey Deschanel, sobre paixões e o quão difícil e aleatório é isto tudo. Sim, é um filme juvenil e naif, mas todos temos direito a ter uns momentos assim, ok?

Além disso, é um filme que nos faz gostar do outono e tem uma banda sonora bastante aceitável. Ora ouçam:

publicado às 14:05

No camarote dançámos, cantámos, ficámos só muito atentos a ver e ouvir Caetano Veloso, emocionámo-nos. A certa altura pensei: que privilégio este, estar aqui, rodeada de amigos, vendo e ouvindo mais uma vez um dos meus artistas preferidos, que privilégio poder ouvir esta voz, desfrutar desta música. Não sou nada da moda do "estar grata", pelo contrário, queixo-me e reclamo muito, passo demasiado tempo zangada com a vida, sempre a querer mais. Mas há momentos assim, tão bons, que é impossível não pensar: que privilégio. Em vez de pensar nos concertos e nos espectáculos e nas viagens e em todos os programas a que não me consigo juntar por falta de tempo, de dinheiro ou de energia, prefiro pensar em todas as coisas boas que me acontecem e nas pessoas amigas com quem as partilho. Tanta felicidade nas coisas pequenas que me tenho esquecido de assinalar. Este ano, por exemplo, o privilégio duplo de ver ao vivo Caetano, com 81 anos, e Chico, com 79 (não os vou comparar sequer, estou só a dizer que senti o mesmo com ambos).

Nesta entrevista, Caetano explica quase tudo sobre o seu último disco, Meu Côco.

E esta é a parte sobre uma das minhas cançõs preferidas desse disco, Não Vou deixar:

"Não vou deixar, não vouNão vou deixar você esculacharCom a nossa históriaÉ muito amor, é muita luta, é muito gozoÉ muita dor e muita glória"

publicado às 17:08

A nossa casa está a precisar de uma intervenção. Andamos há anos a adiar. Porque uma pandemia, porque a inflacção, porque aquela empresa de obras afinal não é tão boa como parecia. Agora, finalmente, parece que já encontrámos uma pessoa de confiança que nos pôs em lista de espera. Uma questão de meses. Mas o destino, caprichoso, decidiu fazer das suas. A cama do António partiu-se. Ao fim de mais de 15 anos, aquele beliche fantástico, com armário e gavetas, o beliche mais fixe que havia no mercado e ainda por cima ideal para o espaço que tínhamos, o beliche comprado numa loja em Almada depois de grande pesquisa (a loja chamava-se Just4Kids e acho que já não existe, o beliche era mais ou menos assim, mas tinha mais umas gavetas pequenas), e que já tinha começado a mostrar sinais de cansaço, partiu-se. A substituição era urgente, não podia esperar meses. Decidimos, portanto, antecipar a remodelação do quarto. O que implicou retirar todos os (muitos) livros infantis que ainda lá estavam e as duas gavetas cheias de brinquedos que tinham resistido à última arrumação. O que implicou limpar primeiro a marquise, para lá acomodar uma estante. O que implicou arrumar uma parte do grande armário de parede, para lá guardar algumas das coisas que queria guardar. E já agora a despensa. E os armários da cozinha. E as pastas dos papéis. E as gavetas da roupa. Foram dias nisto. Separar o que era para manter, o que era para dar, o que era para o lixo. É impressionante a quantidade de lixo que guardamos. Coisas que não servem para nada, que achamos que poderão servir mas na verdade são inúteis. Perdi a conta aos sacos de lixo que enchemos, às viagens que fizemos até aos contentores. Os miúdos colaboraram. E no momento de pintar o quarto foram eles que meteram mãos à obra. Não ficou perfeito, mas ficou feito. Também é verdade que esta gente se farta depressa, pinta uma parede e depois acha que já está, que não é preciso limpar o chão nem a janela, arrumar tudo. Enfim. Andei entretida, foram umas férias um pouco diferentes.

No dia em que os senhores vieram para desmontar o beliche, os miúdos ficaram um bocadinho nostálgicos. Mas, depois, fomos ao ikea, eles escolheram móveis, tapetes, almofadas. Montaram tudo com a dedicação de quem está a fazer algo que quer muito, algo pela primeira vez ao seu gosto. Um quarto ficou pronto, o outro ainda está a meio, mas já é outra coisa, em vez de um quarto de crianças e um escritório temos agora dois quartos de gente crescida, de rapazes que já não brincam com legos mas que passam horas estendidos nas camas grandes a falar ao telefone. Eles estão felizes por ter espaços só seus. Trazem amigos, fecham as portas, ouvem música, dizem parvoíces, namoram, fazem o que lhes apetece. A dinâmica da casa mudou completamente, nem consigo explicar bem. Mudámos um quarto e, de repente, é como se nos tivéssemos despedido definitivamente dos últimos resquícios da infância.

É setembro. Está calor e depois chove, o pai fez anos, esta semana é a feira da minha terra, não tarda começa o novo ano lectivo, os putos precisam de sapatos novos. Eles crescem. É a vida a acontecer, tal e qual como se espera que aconteça. 

publicado às 15:32

"Sabermos que não temos mão na maior parte das coisas que acontecem é fundamental para o afrouxar da ansiedade." A frase é de Cláudia Lucas Chéu que, numa pequena crónica, resume muito daquilo que sinto. "Ainda hoje sofro bastante de um sentimento de querer controlar tudo, embora saiba agora o quão inútil e estúpido é este sentimento. Sei que não tenho mão em quase nada. As coisas acontecem e o que é preciso é saber lidar com elas ou não lidar de todo — por vezes fugir também é uma opção." A crónica intitula-se "Controlar o ingovernável" e é ilustrada por uma imagem do filme Lady Bird, de Greta Gerwig - uma cena que mostra a difícil relação entre filha e mãe.

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Viver é, todos os dias, tentar "controlar o ingovernável". É muito isto que sinto na vida em geral e na relação com os meus filhos em particular. Vê-los crescer tem tanto de fascinante como de assustador. O amor mistura-se com o medo. As desilusões (podia fingir que não existem mas, sim, existem, no meu caso, muitas desilusões e frustrações e sentimentos de falhanço e até vergonha e todos esses sentimentos que estamos proibidos de dizer em voz alta mas que nem por isso deixam de ser reais) misturam-se com o orgulho. A vontade de lhes orientar os passos e garantir que tudo lhes corre bem e, ao mesmo tempo, sabermos que temos de deixá-los falhar e errar e descobrirem o seu próprio caminho. 

Não podemos controlar tudo. Nem na nossa vida nem na vida dos filhos nem no mundo que nos rodeia. Aceitar isto não significa desistir dos nossos objectivos e dos nossos sonhos, não quer dizer que nos vamos sujeitar ao que acontece sem dar luta, que vamos deixar de fazer aquilo que achamos certo e que devemos e queremos fazer. Significa apenas (tentar) deixar de sofrer tanto, de nos angustiarmos e martirizarmos de culpa sempre que sentimos que as coisas fogem do nosso controlo. Aceitar as falhas e tentar aprender com os erros sem nos sentirmos a fracassar irremediavelmente.

Não é fácil, pois que não é. E eu só às vezes é que o consigo. Mas, ainda assim, continuo a tentar.

publicado às 16:24

Pessoas que para defenderem algo têm que mandar abaixo outra coisa.

Por exemplo, dizer: o músico/ poeta/ artista X é o maior, maravilhoso, fantástico, ao contrário de Y que é um parvalhão e que por mais que se esforce nunca lhe chegará aos calcanhares.

 Qual é a necessidade?

publicado às 11:09

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Lembro-me de ver uma exposição em Serralves, no Porto, há muito tempo, 2002 talvez. E as fotografias e os vídeos dela apareciam de vez em quando noutras exposições. Lembro-me de corpos nus, do desconforto, da crueza. Mas sabia muito pouco sobre Nan Goldin, a artista. Andava a tentar verToda a beleza e carnificina, o documentário de Laura Poitras sobre Nan Goldin, desde que esteve nomeado para os Óscares mas ainda não tinha sido possível. Vi-o hoje e achei-o extraordinário. Está muito bem feito, sim, mas é extraordinário sobretudo por ela, pela sua vida, pelas suas lutas, pela maneira tranquila como fala, pela verdade que se sente naquilo tudo, pelas dores acumuladas, pelo seu olhar desassombrado sobre o mundo e as pessoas que a rodeiam, pela forma como chegou aos 69 anos, por não baixar os braços nem a câmara. Não fazia ideia que tinha sido uma das principais activistas contra a família Slacker e a farmacêutica Purdue (há coisas que me passam ao lado não percebo muito bem como, que vergonha, caramba) e vê-la aos gritos no Guggenheim ou no Metropolitan fez-me gostar ainda mais dela.

 

O documentário está no Filmin e se subscreverem até dia 3 de setembro apanham uma promoção bem catita (ninguém me paga para dizer isto, mas eu sou uma pessoa simpática, que gosta de espalhar as boas notícias).

publicado às 17:26

28
Ago23

Cerejas

Há  pessoas que são como cerejas.

Carnudas e brilhantes por fora. 

Mas, lá dentro, com um caroço duro e escuro.

 

(filosofia da treta mas é uma imagem bonita, retirada de Sharp Objects, minissérie bastante viciante e intrigante, com a Amy Adams, que encontrei por estes dias na HBO)

publicado às 15:30

27
Ago23

Se acabó? *

Há uns tempos, revi o filme Os Acusados, realizado por Jonathan Kaplan e protagonizado por Jodie Foster. O filme é de 1988. Devo tê-lo visto pela primeira vez por volta de 1990, mais ou menos, porque naquela altura os filmes demoravam a chegar ao cinema da minha terra. Eu era uma miúda, não sabia nada da vida nem dos homens nem do sexo. E, no entanto, lembro-me de ficar bastante impressionada e revoltada. Lembro-me de ter falado sobre o filme com os meus amigos e de ficar chocada com o facto de alguns defenderem a tese do "ela estava a pedi-las". Era o que se dizia então. Crescemos, nós, as raparigas, a ouvir isso. Que não podíamos fazer determinadas coisas - usar determinadas roupas, ir a determinados sítios, ter determinados comportamentos como beber muito, dançar livremente, andar sozinhas na rua a determinadas horas - porque se as fizessemos algo de mau poderia acontecer e seria culpa nossa. "Estávamos a pedi-las". A palavra "provocante" só existe para as mulheres, nunca para os homens. Durante gerações, as mulheres cresceram sabendo que deviam controlar-se, conter-se, vigiar-se, porque era sua responsabilidade evitar que fossem assediadas ou abusadas. Aos homens nunca era imputada nenhuma responsabilidade porque eles, coitados, já se sabe, são como animais, que quando são "provocados" não se conseguem controlar. Este foi o discurso que todas ouvimos e contra o qual, fomos percebendo, tínhamos que nos revoltar. Isto para mim foi muito claro naquele dia em que vi "Os Acusados" e em que, mesmo sem saber o que era isso de ser feminista, mesmo sem ter lido os livros e sem conhecer as teorias, eu já sabia que não poderia haver desculpa para aqueles homens. Que a culpa nunca é da vítima, mesmo que use minissaia e esteja embriagada e dance como se fosse a maior sedutora do mundo. Nada disto legitima, desculpa ou atenua o comportamento dos homens.

Mais de 30 anos depois, o filme voltou a revoltar-me. Por tudo isto e ainda mais pela sua gritante actualidade. Porque mais de 30 anos depois o que é incrível é que este ainda seja um assunto que se discute. Que ainda haja quem use o estafado argumento do "ela estava a pedi-las" ou "foi ela que o provocou" ou "ela até queria". Que juízes e tribunais continuem a perdoar, que grande parte da sociedade continue a desculpar, que sempre que um homem é acusado de ultrapassar o limite um grupo de homens se una à sua volta para defendê-lo.

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* "Se acabó" (acabou-se) é a tag que se tornou popular nas redes sociais acompanhando os protestos contra o vergonhoso comportamento de Luis Rubiales, presidente da federação espanhola de futebol, que beijou nos lábios uma das jogadoras após a vitória no campeonato do mundo. O caso é complexo porque não se reduz a um beijo: primeiro, porque a história começou há muito tempo, com as muitas denúncias das atletas de machismo e discriminação por parte das estruturas directivas, e o beijo acaba por ser a ponta do iceberg ou a gota que entornou o copo, como afirmaram as jogadoras em comunicado; e, depois, porque a reacção dos dirigentes aos protestos apenas serviu para confirmar a sua mentalidade retrógada, machista e abusadora. É só um beijo, dizem, tanto barulho por causa de um xoxo? Só que o beijo não é só um beijo. É um abuso. É um abuso de poder, como o são todos os abusos sexuais. E os abusos não podem continuar a ser tolerados. 

Como é que ainda estamos a discutir isto?, essa é a grande perplexidade.

 

Adenda - este TEXTO da jornalista desportiva espanhola Gemma Herrero descreve bem o ambiente tóxico que nos trouxe aqui

publicado às 11:17


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