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Lembro-me de quando era miúda e as férias grandes eram mesmo grandes e eu chegava ao fim de Agosto desesperada de tédio. O sentimento era o mesmo tivesse eu oito ou catorze anos. Mas isto nunca mais acaba? Eu queria que fosse Setembro e o calor amainasse e as minhas amigas voltassem todas da praia para podermos começar a comprar os livros e os cadernos para o regresso às aulas que acontecia, normalmente, depois da feira e de um fim-de-semana inteirinho passado nos carrinhos de choque. É por me lembrar tão bem que não me surpreende que ao meu filho os dias de Agosto pareçam igualmente demasiado longos. Quando é que vamos sair?, quando é que o mano acorda?, quando é que vamos ao parque?, quando é que o pai chega?, quando é que vamos para a praia?, pergunta ele ansioso. Passar quatro dias em casa dependente dos horários e dos caprichos de um bebé não é lá muito divertido mas a verdade, há que dizê-lo, e contrariando todas as expectactivas, é que o puto se portou lindamente.
Claro que ele não dormiu a sesta.
Claro que de vez em quando tive que dar uns gritos e fazer umas ameaças. Mas isso até já faz parte da rotina e não houve grandes desatinos.
Claro que tivemos a ajuda da meteorologia (o tempo fresco permitiu-nos sair de casa até mesmo à suposta hora do calor) e dos jogos olímpicos (consegui passar-lhe a minha mania, somos os dois fãs das olimpíadas, qualquer que seja o desporto).
Claro que tive que brincar com ele. Jogámos volei e ténis, brincámos aos médicos e aos carrinhos, fizemos desenhos e puzzles. Às vezes bem que me apetecia ficar sentadinha a descansar mas lá tinha que ir marcar mais uns golos. É que eu também me lembro de como era uma seca brincar sozinha.
Claro que por causa disso não tive tempo para grandes limpezas nem arrumações. A solução foi, dentro do possível, transformar as tarefas em brincadeiras. Ele ajudou-me a pôr e a tirar a mesa, ajudou a passar a swifer, ajudou a tirar a loiça da máquina e até "ajudou" a fazer os hamburgueres (há lá coisa melhor do que fazer bolas com a comida?). Mas a pilha da roupa para passar a ferro foi crescendo...
Claro que foi preciso ter uma dose extra de paciência, não ser tão exigente com a arrumação dos brinquedos, deixá-lo andar de trotinete pela casa, não me enervar por ele fazer a mesma pergunta vinte vezes, respirar fundo antes de ganhar coragem para sair de casa - nós, o carrinho do bebé, a mochila, a bicicleta e a bola.
Apesar disto tudo, acho que correu bem. Sinceramente. As crianças surpreendem-nos. Até eu me surpreendo a mim mesma. Na modalidade de acrobacia familiar a medalha de ouro é nossa.

publicado às 22:03


1 comentário

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Dejando huella 19.08.2008

Tambem por tudo isto, eh que eu nao consigo embarcar na aventura do segundo filho.. Medo! Ja tenho tanto receio de nao estar ah altura das expectativas de um filho, quanto mais de dois..

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