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Cheguei ao Diário de Notícias em julho 1996. Entrei como estagiária, trabalhei a recibos verdes, saí durante dois meses - dezembro de 1997 e janeiro de 1998 -, voltei, entrei para os quadros e fiquei por lá até hoje, sobrevivendo a várias mudanças na direcção, várias remodelações gráficas, várias reorientações editoriais, dois despedimentos colectivos e mais uma série de tropelias. Mudei várias vezes de secção, de horário, de chefia. Mudei de secretária, de cadeira, de computador. Mudei muito nestes anos. Mas parte daquilo que sou passa, inevitavelmente, por ali.
No Diário de Notícias aprendi a profissão que escolhi. Aprendi a ver o mundo com outros olhos. Aprendi a desafiar-me. Aprendi com os meus erros. Aprendi que vale a pena ir à luta. E que às vezes temos que nos calar. Escrevi textos de que me orgulho e outros de que me envergonho. Escrevi muitos textos. Muitos mesmo. Trabalhei fins-de-semana e feriados, acumulei folgas, perdi noites de sono, pulei refeições, comi sandes em frente do computador, perdi tempo, perdi a paciência, ganhei cabelos brancos. Diverti-me. Aprendi que o esforço é quase sempre recompensado. E que às vezes não é. Por causa do Diário de Notícias conheci pessoas e coisas e sítios e mundos que de outra forma nunca teria conhecido. E também aprendi que nem sempre podemos fazer aquilo que queremos e de que gostamos e que às vezes até temos que fazer coisas com as quais discordamos completamente. Aprendi que temos que nos adaptar. Aprendi o que é o digital.
No Diário de Notícias conheci pessoas que admiro. E outras que nem por isso. No Diário de Notícias conheci pessoas que mudaram a minha vida de maneiras muito diferentes - quer a nível profissional, quer a nível pessoal. Fiz amigos. Fiz grandes amigos. Fiz amigos para a vida. Teci cumplicidades. Guardei segredos. Contei novidades. Ri-me muito. Disse adeus. Fui a jantares de despedida. Chorei em funerais.
O futuro dos jornais é negro e ninguém sabe muito bem quantos anos vai durar este jornal que hoje comemora 150 anos. 150 anos. É uma raridade. E, mesmo com todos os seus defeitos, mesmo com todos os dias maus, mesmo com todas as dores de cabeça e desilusões, é bom estar ali. E é um prazer poder fazer, quase todos os dias, aquilo que gosto de fazer. Tenho sido feliz naquele segundo andar da avenida da Liberdade.
150 anos é obra. Parabéns DN.