Não sei se é da chuva, que nos obriga a carregar casacos e guarda-chuvas (na minha terra chamam-se sombrinhas) e mesmo assim andamos todos molhados, os táxis cheiram a mofo, ò senhor por favor não se importa que eu abra um bocadinho a janela mesmo que me salpique um pouco, e nos autocarros e no metro roçamo-nos nos casacos molhados uns dos outros e quando saímos fica um poça de água no lugar onde assentava o guarda-chuva. Não sei se é da casa mais que desarrumada, se é de ter trabalhado no fim-de-semana, se é de não poder folgar a seguir, se é da roupa que não enxuga, se é da barriga que me pesa, se é das hormonas aos saltos (esta desculpa é sempre boa), se é da diarreia do puto que não passa e começar o dia a recolher uma amostra de cocó para levar para análise nunca pode ser um bom prenúncio, não sei do que é, mas sei que há dias que não mereciam existir. Saltava-se uma folha do calendário e aterrava-se num dia melhor.