Quanto tempo tem? Só? Não acredito. Está tão bom. E diz que é só mama? Ai que riqueza. É gordinho o bebé, não é? Benza-o deus (também nas versões deus o abençoe ou deus lhe dê saúde). Há quatro meses que é isto. Na farmácia, no supermercado, na loja do pão, no centro de saúde, no café, na loja dos ganchos pro cabelo. Toda a gente se espanta. É o bebé-fenómeno cá do bairrro. Eu sorrio. E exibo-o com orgulho. Destapo-lhe os pés, faço-o o rir, viro o carrinho para que vejam melhor. Que perfeição. Quem é o bebé lindo, quem é? Há quem abane a cabeça com um coitadinho que nunca percebi (mas coitadinho porquê?), há quem ache que a coitada sou eu e me recomende muito cuidado com as costas. Há quem me olhe de alto a baixo à procura de explicação para tamanho bebé (e obviamente não encontra porque eu, como toda a gente sabe, sou uma elegância, uma espécie de Heidi Klum morena). O meu filho é grande, pois é. Enche-me o colo. Apetece-me sufocá-lo de beijos naquelas pernocas redondas onde quase não se notam os tornozelos, apertar-lhe as bochechas, agarrar-lhe os dedos tão rechonchudos que até tem dificuldade em fechar as mãos. O meu filho é gordinho
(dito assim com o "r" enrolado, à brasileira, como dizia o Armando, "gordinha", e a gente não se ofendia porque sabia que aquilo não era um insulto, só a maneira de ele dizer que gostava de nós)
gordinho e lindo e eu amo-o e nem sei como é que deixei passar tanto tempo e ainda não tinha vindo aqui escrever isto.