Diz que a Angelina Jolie e o Brad Pitt estão em vias de se separar. Diz. Este fim-de-semana a actriz deu uma entrevista em que se queixava de que os filhos atrapalham a sua intimidade com o marido, que é como quem diz que as crianças atrapalham as quecas. Tentamos tomar um banho relaxante mas eles estão sempre a aparecer e entram na banheira connosco, contou ela. Pois, não deve ser fácil, como te compreendo, rapariga. Eu leio as notícias e sinto-me assim um bocado aliviada, ufa, afinal eles são humanos como nós. É que quando vejo as fotografias nas revistas parece-me sempre que esta família é tirada de um conto de fadas, estão a ver?, ali estão dois dos mais belos exemplares da nossa espécie, sorridentes e apaixonados, com a sua catrefada de filhos benetton a tiracolo, e sempre felizes e a dizerem como é bom ter seis (seis, meu deus!) filhos, e que apesar dos empregados e tal fazem questão de ser eles a tomar conta das crias. E a gente pensa como é que eles conseguem ser sempre fotografados com este ar maravilhoso, mesmo que andem de socas e camisolas largas, sempre com ar de quem dormiu tudo e está de bem com a vida? Mas estas crianças não choram nem fazem xixi nas calças como as outras? Os gémeos de nome esquisito não acordam a meio da noite para beber o leite? Os putos nunca atiram com os cornflakes para o chão? Não fazem birras? Não levam umas palmadas de vez em quando? Eu não tenho nada contra as famílias numerosas mas sabendo o que sei sobre as famílias mais pequenas, como a minha, fico sempre espantada com esta gente que vem para os jornais dizer que tem sete ou dez filhos e que ainda está disposta a ter mais, que a família é linda e o mais importante é o amor. Ponho-me a pensar: serão humanos? ou sou eu que sou uma mãe completamente inapta? De modos que ao ler as fofocas sobre a (escassez de) intimidade da Angelina Jolie e do Brad Pitt eu até dou um suspiro cá dentro, ufa, afinal eles não são assim tão extraordinários. São mais jeitosos, está bem, mas também se deixam mastigar pela vida como todo nós.