Eu li os livros e os artigos das revistas. Do spock, do brazelton e do mário cordeiro, daquele que tem um método infalível para alimentar as crianças, do outro do pequeno ditador e mais uns quantos menos mediáticos mas igualmente cheios de teorias. É óptimo haver tantas teorias porque, se procurarmos bem, há sempre algum especialista que concorda connosco e serve mesmo para justificar as nossas decisões. Há uns que dizem que o bebé deve aprender a dormir sozinho, outros que defendem o co-sleeping. Há uns que dizem que o bebé deve escolher os seus horários, outros que nos aconselham a impor regras e rotinas desde o nascimento. Há uns que nos fazem sentir culpadas por nunca estarmos em casa, outros que dizem que o mais importante é ter tempo de qualidade com eles. Que nunca se deve bater nem gritar, ou que uma palmada de vez em quando não faz mal. Que os devemos obrigar a comer bróculos, ou que não adianta forçar nada. Que eles devem aprender quanto custa a vida, ou que devem ser crianças e temos de os proteger. Já foi moda abdicar de tudo pelas crianças, mas parece que agora voltou a estar na moda sermos adultos e elas que se adaptem à nossa vida. Enfim. É escolher, ò freguesa. Eu li os livros todos e, como toda a mãe que se preza, juntei estes conselhos todos, deitei fora aqueles que não me interessavam, baralhei, dei de novo e criei umas teorias só minhas, acertadíssimas, inatacáveis - para educar filhos perfeitos, sem margem para erros. Tenho certezas absolutas (não temos todas?). Sei exactamente como devo fazer.
O problema não são as teorias. O problema é a prática. Diária. Caótica. Improvisada. Cansada. Barulhenta. E, vai-se a ver, acabo sempre cheia de dúvidas, a achar-me a pior mãe do mundo e a imaginar os horrores que os meus filhos hão de dizer de nós quando, já crescidos, passarem horas e horas na psicanálise. Não podia ser só um bocadinho mais fácil?