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Quando, quase no final da tarde, o Guilherme se levantou e pegou na mala, pronto para sair no último dia de trabalho antes de se reformar, houve alguém que se levantou também e começou a bater palmas. Em poucos segundos estávamos todos do pé, novos e velhos, os mais próximos e os mais longínquos, o diretor que saiu do gabinete, os gráficos que vieram do seu cantinho, os estagiários, os jornalistas de todas as secções a aplaudir juntos o Guilherme de Melo que, emocionado, chorava entre os abraços, caminhando lentamente para o elevador. Trabalho ali vai para 17 anos e nunca tinha visto e nunca mais voltei a ver nada assim. Conheci-o pouco mas uma coisa sei: o Guilherme, sempre disponível para uma conversa, sempre com uma história para contar, uma anedota picante, um segundo sentido, com o seu jeito ao mesmo tempo querido e desbocado, que tanto discutia poesia como os músculos torneados de algum rapaz, que tanto sabia ser chique como chocar, era uma dessas raras pessoas que se estava nas tintas para o que outros pensavam dele.
Quem quiser saber mais sobre ele leia aqui:
http://www.dn.pt/inicio/tv/interior.aspx?content_id=3296525&page=-1
Acabou a festa, como diz Eduardo Pitta. O Brasil tirando o pé do chão.
Nutella. Às colheres.
(ah, e a dieta?, perguntam vocês, mas qual dieta?, conheceram-me hoje, é?, a dieta durou uma semana. se tanto)
O grande problema da educação em portugal revela-se em todo o seu esplendor na discussão em torno da greve dos professores, da gravidade de fazer greve em dia de exame e do quanto isso prejudica os alunos. Porque quem ouvir o ministro e certos opinion makers, quem ler os comentários inflamados na internet, fica com a ideia que esta greve põe em causa todo o trabalho realizado ao longo deste ano lectivo. Sério? Como se a coisa mais importante no sistema educativo fossem os exames. Como se nada mais importasse a não ser isto - passar no exame. Como se não fizesse mal estarmos a deseducar as nossas crianças, a colocá-las em turmas de 30 alunos, a sobrecarregá-las com matéria, a fazê-las decorar coisas em vez de as ensinar, a transformar os professores em funcionários burocráticos, a tornar a escola numa fábrica de pessoas que sabem fazer exames, ou que não sabem e não têm lá lugar. Porque é isto que estamos a fazer. Mas nada disto comove esta gente. Os nossos miúdos não estão a aprender nada de jeito na escola? Azar. O que é realmente grave é que eles não vão poder fazer o exame esta semana. Que tristeza.
Sou só eu. E é preciso dizer que não é fácil, pois não é, mas também não é nenhum drama.
Sou só eu para pensar em tudo - no almoço e no jantar, nas roupas, na escola, nas atividades, nas festas, nos trabalhos de casa, no acordar, no dormir, nos médicos, no que é preciso comprar, na casa por arrumar, nas contas para pagar, no que não pode falhar. Mas antes também já era eu que pensava em tudo, né? Sou só eu de manhã, para os acordar e preparar para a escola. Mas, vendo bem, já era assim. Sou só eu à noite para os ir buscar e dar banhos e jantar e ler histórias e adormecer. Mas antes também já era só eu.
O mais difícil é não ter plano B. Naqueles dias em que estava mesmo muito atrasada e havia alguém para os ir buscar. Naqueles dias em que se acabava o leite e havia alguém que podia dar um pulinho ao supermercado às tantas da noite. Naqueles dias em que tenho de trabalhar à noite e havia alguém para ficar em casa com os putos. Naqueles dias em que eu queria ir ver um espetáculo ou um concerto, em que tinha um jantar, um aniversário, uma festa e isso não era problema. Naqueles fins-de-semana, de três em três semanas, em que tenho de trabalhar e a vida continuava como se nada fosse. Sou só eu e isso exige uma maior organização. Um planeamento. Ter avós e tios de prevenção. Saber que, sendo mesmo necessário, há amigos que estão disponíveis para ajudar.
E depois adaptamo-nos, claro. Afinal, não sou só eu, somos três e por isso fazemos montes de coisas a três que antes eram feitas a um ou a dois. Ir ao supermercado, por exemplo. Andar para trás e para a frente para cumprir todas as atividades e estarmos presentes em todas as festas de aniversário. Ou não estarmos. Explicar-lhes que, sendo só uma, não consigo levá-los a sítios diferentes à mesma hora, como acontecia antes. Estamos juntos nisto. E os miúdos, há que reconhecê-lo, têm se portado à altura. Como se os laços que antes existiam estivessem agora mais apertados. E sentir isso é muito bom.
Há momentos em que ser sou eu dá uma angústia grande. Por exemplo, quando me ponho a pensar e se me acontece alguma coisa?. Ou quando me apetecia muito mas mesmo muito estar sozinha no meu canto e não posso. Ou quando não me apetecia nada mas mesmo nada estar sozinha com eles mas tem de ser. Ou se eles estão um bocadinho mais frágeis e eu vejo que estão tristes ou com saudades e não há nada que eu possa fazer para os ajudar a não ser dizer que os amo de todo o coração. São momentos. Ajuda muito saber que na verdade não sou só eu. Que não somos só nós. Que há outros que estão connosco nisto. E que há muita coisa boa a acontecer-nos. Que não perdemos a capacidade de rir. Que somos felizes. E somos, isso é que é realmente importante. O resto é só um problema de logística.
A Fox Life está a repetir o Sexo e a Cidade, desde o princípio, de quando a Carrie ainda fumava e elas iam para a cama com gajos diferentes em todos os episódios. Muito mudaram estas miúdas ao longo da série. Elas e nós. É engraçado como, tantos anos depois, vemos de outra maneira estes episódios. Por exemplo, eu que nunca gostei do Mr. Big, e que sempre o achei um don juan convencido e indeciso, dou por mim a sorrir com aquele sorriso maroto que ele tem. O sorriso do Armando. Tal e qual.
(...) Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio
Bem vinda Alice.
Parabéns Princesa.
(beijos grandes, amiga, a ver se retribuo uma visita que me fizeste há nove anos, mais coisa, menos coisa, eu acabada de ser mãe, tu já bastante barriguda, lembras-te? tanta coisa que aconteceu desde então mas nós ainda cá andamos a mandar beijinhos uma à outra. e havemos de continuar.)