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- Oh mãe, o que é que aquela senhora está a fazer ali parada?

(como eu dizia, há coisas que nunca mudam. sai-se da auto-estrada e encontram-se muitas senhoras ali paradas. já não me lembrava disto)

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publicado às 19:52

Quando eu era miúda, houve ali um período, uma meia dúzia de anos, talvez, em que, nas férias, além dos quinze dias de praia, fazíamos ainda uma viagem de uma semana ou mais com o nosso atrelado. Percorremos o país todo. Isto implicou muitas horas no carro. Visitas a muitas igrejas. Fotografias em vários pelourinhos. Tenho memórias fantásticas dessas férias. Lembro-me com precisão do calor abrasador que passámos em Castelo Branco (e das moscas, ai, as moscas). Do jardim das Caldas da Rainha. Dos banhos com moeda, que terminavam sempre com água fria, no parque de campismo do Porto. Do caminho interminável até chegar a Vila Real (e a Bragança já nem nos atrevemos). Do deplorável parque de campismo em Sintra. Das noites ventosas da Ericeira. Do mar revolto da Nazaré. Do barracão que servia de restaurante no parque no cimo da Serra da Estrela. Das festas de Campo Maior. Dos jogos de cartas à luz da lanterna. Do meu pai a martelar estacas e a tentar equilibrar o atrelado. Do carro a ir devagarinho, a custo, pelas curvas e subidas. De acordar com o cheiro dos pinheiros. Do fogão com uma mini-botija onde fazíamos o jantar. Dos pratos e copos de plástico. Das latinhas de Tody que bebíamos ao lanche. De nos perdermos. De pararmos para ver o mapa na berma da estrada. De pararmos para fazer xixi na berma da estrada. De pararmos para vomitar na berma da estrada. Da quantidade de vezes que perguntávamos, ora eu, ora a minha irmã, ainda falta muito?

 

Lembrei-me disto hoje, enquanto conduzia no regresso de Coimbra, com os meus filhos no banco de traz e a minha mana no carro da frente. Agora não acampamos. Agora já não somos nós que enjoamos nas curvas. Agora somos nós que levamos os miúdos a visitar igrejas. E em vez de jogar às cartas os rapazes preferem o snooker. Mas acho que de resto está tudo (o que verdadeiramente importa) mais ou menos na mesma. E isso deixa-me bastante feliz.

publicado às 17:10


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