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Hoje, ao conversar com um colega que acabou de se separar, ele falava-me da solidão que sentia em casa. Do silêncio insuportável. Das saudades dos miúdos. Do não ter nada que fazer. Das refeições para um. Falava e a cara dele era só tristeza. Compreendo-o perfeitamente. Imagino-me a dar em maluca numa situação dessas. Não são só as saudades que se tem dos filhos, é a perda de toda uma rotina. É quase como reaprender a viver. Mas, por outro lado, é igualmente desesperante nunca estar sozinha, não poder fazer qualquer programa sem crianças, ter que estar sempre a pensar no jantar e no supermercado e nas roupas e na escola e não ter ninguém com quem partilhar as responsabilidades ou os fins-de-semana ou alguma coisa que seja. É uma situação igualmente solitária, só que no caso dele, acredito, é só uma questão de tempo até ele perceber que pode sair de casa, ver outras pessoas, ir ao cinema, convidar amigos para jantar e ter uma vida normal nos dias em que não tem os filhos. No meu caso, não há escapatória possível. Não sei se consigo explicar isto sem parecer uma mãe desnaturada. Não é que eu não goste dos meus filhos e de estar com eles,que gosto. Não é que eu não consiga fazer isto sozinha, que consigo. É só que é muito intenso. E de vez em quando uma pessoa precisa de um intervalo.
Amanhã, pela primeira vez num mês, vou ter uma noite sem crianças. Uma conjugação de factores e uma tia simpática vão permitir-me ter uma noite inteira de folga. Não sei que vos diga. Estou quase tão entusiasmada com isto como eles estão excitados com o facto de irem passar uma noite fora de casa.