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"Quando nos apaixonamos perdemos o chão. Ou vamos ao chão. Das duas uma."
Uma frase assim, dita às seis da tarde, na penumbra do pequeno auditório do CCB, por Rui Horta, pode dar um sentido completamente novo a um dia que não está a fazer sentido nenhum.
(este, que está no chão, é o Pedro Gil em modo Adriano, da Yourcenar, e a foto é do espetáculo 'Multiplex', que vai ser ali apresentado amanhã e sábado)
"O sentimento de ser eleito está presente, por exemplo, em toda a relação amorosa. Porque o amor é, por definição, um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro. Se uma mulher me diz: amo-te porque és inteligente, porque és honesto, porque me dás presentes, porque não andas no engate, porque lavas a louça, sinto-me decepcionado; este amor tem o ar de ser qualquer coisa de interessado. É muito mais bonito ouvir: estou louca por ti".
Estou louca por ti porque sim.
Lembrei-me deste excerto de 'A Lentidão', de Milan Kundera, escolhido por uma amiga especial para uma ocasião especial há muito tempo, apenas para dizer isto: quando se gosta realmente de alguém é impossível conseguirmos explicar porquê. É algo que se sente e pronto. Mas quando não se gosta conseguimos sempre encontrar milhares de justificações.