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Estão a ver aqueles bolos lindos, decorados com bonequinhos de pasta de açúcar de todas as cores e que são autênticas obras de arte?

Não têm nada a ver com os meus. Mas eu não me importo.

(de amêndoa e gila)

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publicado às 18:08

"Em um mês, dá para fazer uma revolução. Já aconteceu isso outras vezes. (...) Um mês termina um campeonato, reforma uma casa, doa um guarda-roupa, refaz uma amizade, conserta um buraco na calçada, silencia uma televisão, cura uma dor de cotovelo, cria um motivo para rever amigos (aliás: recebe uma visita amada de longos anos de distância), decora uma nova canção, muda o foco, pinta um quadro, enche um caderno de poesias, troca a lâmpada, pensa no futuro, um mês faz mais do que podemos lembrar. Faz mais sentido pensar num mês como fração importante de uma vida que segue o rumo assim, mês a mês, permitindo que a gente pense diferente, exigindo que se mude o estado em que as coisas se encontravam antes da guerra. (...)

Escreve Pedro Fonseca, no blogue Do seu pai

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publicado às 21:55

04
Abr14

Nevermind

As pessoas estragam as suas vidas. E as vidas daqueles que amam. Porquê?

Kurt Cobain com a mulher, Courtney Love, e a filha, Frances Bean, fotografados em fevereiro de 1993. Mais fotos aqui. E também no The Guardian um texto que gostei de ler sobre os Nirvana.
Kurt Cobain morreu no dia 5 de abril de 1994. Faz amanhã 20 anos. Hoje este é o meu trabalho e nos headphones estamos em modo unplugged.

publicado às 14:33

03
Abr14

Gula

Cheesecake de queijo da serra e doce de abóbora. No Santa Gula, na rua do Alecrim. É uma delícia, é o que vos digo. O resto ainda não experimentei porque só consegui passar lá um bocadinho, a meio da tarde, entre um ensaio de teatro e uma entrevista que era ali perto, mas já prometi voltar com tempo para provar os cachorrinhos e as sandes de pernil e essas coisas todas. Porque é um projecto do Filipe e porque a gula é um dos meus pecados confessáveis.

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publicado às 11:27

"Eu tinha um amigo que tinha algum dinheiro e nos anos 80, quando havia também uma grande crise, a gente comentava que a situação estava mal. E ele dizia, sabes, a situação está má mas numa situação destas a gente encontra umas criadas muito em conta."

Foram histórias como esta que me contou o escritor José Rentes de Carvalho, naquele sábado de manhã. Foi uma conversa fantástica, a propósito do livro 'Portugal. A Flor e a Foice'. Mas que foi muito além disso.

"Politicamente vende-se muita banha de cobra, há muitos anos, e o povo merece um bocadinho mais de decência. Não tenho a ilusão de que o povo é santo e bom, nada disso, o povo é feito de gente, pessoas com defeitos e qualidades, mas esmagar o povo como nem a ditadura fez... Salazar dizia: só havendo pobres é que uma classe social pode ser tão obscenamente rica, essa gente enriquece e só pode ser tão extremamente rica à custa da miséria de uns milhões de pessoas. Estou muito desiludido não é só com o país é com as gentes deste país, é mais trágico ainda, eu não tenho intelectualmente e socialmente e afectuosamente qualquer respeito pela classe da burguesia portuguesa. Para mim é insuportável. É desprezível, é uma gente que não cuida do país, só cuida de si própria. Mas o problema é que eu posso odiar essa classe mas um por um eu gosto deles todos. Não sou fanático ao ponto de dizer a classe média ou a grande burguesia portuguesa são uma merda, não senhor, é gente carinhosa, esplendida, doce. Mas quando chega o ponto de rebuçado dos seus interesses, eles só se vêem a si próprios."

José Rentes de Carvalho, fotografado por Natacha Cardoso/ Global Imagens. Uma parte da conversa está hoje no jornal (em papel), para quem quiser ler. E o blogue dele também já está ali ao lado na lista dos que gosto de ler.

publicado às 10:41

01
Abr14

O divórcio

Um dia, uma amiga disse-me que o pior de tudo no divórcio tinha sido a sensação de falhanço. Não a percebi, na altura. Mas percebo-a agora. O fim de um casamento não é só o fim de um casamento. É o fim de um projecto de vida. Um projecto que era para sempre. Que incluía filhos e netos, tios e primas, sobrinhos e afilhados. Que incluía férias no Algarve e sonhar com uma casa no campo. Que incluia o colchão que comprámos a pensar no modo como os nossos corpos se encaixam, o candeeiro que escolhemos juntos, o tapete de que um de nós nunca gostou. Que metia os amigos ao barulho e as festas que planeávamos fazer e as conversas que tínhamos. Que metia gargalhadas e discussões. Projectos de trabalho, lutas a travar, promoções e contrariedades. Rotinas. Idas ao supermercado. Sopas. Roupa por estender. Colos. Coisas boas e coisas más. Memórias que se acumulam. Envelhecer de mão dada. Cuidar um do outro. Um casamento não é só um papel que se assina. É uma vida que se constrói todos os dias a dois (e a mais). Por isso quando um casamento acaba não é só o casamento que acaba. É a vida tal como a conhecemos que acaba. E começa de outra maneira. Com um tapete novo. Com outro colchão. Sem aqueles primos. Sem aquela rotina. Com outros sonhos. Talvez outro amor. Por isso, mesmo quando temos a certeza que é o divórcio que queremos. Mesmo quando o afecto já se foi. Mesmo quando há rancores que nos corroem. Mesmo quando sabemos que estamos a dar o passo certo, o passo que nos vai fazer bem, o único passo a dar. Mesmo assim (ou, talvez, sobretudo aí) perguntamo-nos como foi possível acreditar tanto e, afinal, estar tão errada. Como foi possível perder tanto tempo e desperdiçar tantos sonhos. Como foi possível investir tanto, querer tanto. E não conseguir. É que não foi um mero engano, uma coisa de nada. Foi um erro do tamanho de uma vida. Um falhanço, como quando se erra um golo de baliza aberta. Estava ali tudo e no entanto.

No dia em que fui assinar o meu divórcio não tirei os óculos escuros. Chorei o tempo todo. A senhora a ler aquelas coisas todas, o nosso nome, a morada, a casa, o carro, o número do cartão de cidadão, papéis intermináveis para assinar, a senhora a perguntar se eu queria mesmo divorciar-me e não bastou eu acenar com a cabeça, tem que dizer em voz alta, disse ela, e eu disse numa voz sumida, sim, quero, como tinha feito para casar, sim, quero, são as mesmas palavras, mas desta vez eu estava de óculos escuros e a chorar. Não era um chorar de tristeza. Essa já tinha passado, há muito. Era o chorar de quem se confronta com o seu falhanço. Total. Era um chorar de vazio. De quem perdeu o chão e agora vai ter de começar de novo. Tudo de novo. Ou quase tudo.

Outra vida. A mesma vida, que é a nossa.

publicado às 15:31

publicado às 15:25

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