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Às vezes tenho a tentação de me lamentar. Começo mentalmente a escrever um post sobre a loucura dos meus dias, as correrrias para lá e para cá, todas as coisas em que tenho de pensar e que tenho de tratar e decidir e assegurar, e todas as outras coisas que não consigo fazer ou que faço mal porque uma pessoa não dá para tudo e o tempo não estica, e a culpa, a culpa porque me sinto a falhar de tantas maneiras. De vez em quando tenho a tentação de me lamentar. Depois paro dois segundos para pensar. E percebo como sou ridícula. Tenho tantas coisas boas na minha vida. Tantas. Os meus filhos que me desesperam em certos momentos são os mesmos que me fazem andar para frente e me dão abraços quentinhos e são o meu orgulho. O trabalho, que é mais, muito mais do que um sustento. A minha família, sempre aqui para o que der e vier. Os meus amigos, os meus amigos do peito que me salvam tantas vezes, seja a darem-me mimos ou a tomar contas dos meus putos (e isto continua a ser tão verdade). E tudo o resto. O sol. Os beijos. Os sorrisos. Sonhar com as férias. Fazer bolos. Beber um copo de vinho. Sim, a vida pode ser lixada. Mas, sabem, no meio desta balbúrdia toda, sou feliz.
O bolo de bolacha para cantar os parabéns logo de manhã, só nós. O bolo de laranja para cantar os parabéns ao lanche com os quatro amigos que vieram jogar playstation e parvejar com o António. O bolo de chocolate que levámos partido em cubinhos para o treino ao fim do dia. O almoço para os rapazes foi rolo de carne. Ao longo da tarde foram ainda servidos folhados de salsicha, gelatina e mousse de chocolate (além das várias porcarias empacotadas, doces e salgadas, porque tem de ser). Adoro fazer tudo para as festas deles. Desta vez não foi preciso fazer muita coisa porque não íamos ter uma festa grande, mas mesmo quando são vinte crianças ou mais não me importo de começar a preparar tudo dias antes, de passar os serões a fazer brigadeiros e biscoitos e mais não sei quê. O que a maternidade faz a uma pessoa. Um dia destes ainda aprendo a fazer gomas.
Ontem à noite, enquanto esperava a sua vez de ir para a banheira, o Pedro pegou num livro, sentou-se no sofá e leu-o. Sozinho. O dedinho estendido a acompanhar as palavras, as sílabas sussurradas, o sorriso de quem está a conseguir. Depois foi buscar outro. E antes de dormir ainda quis ler outro, em voz alta, para todos ouvirmos. Claro que não são livros complicados, não é como se a minha criança de seis anos estivesse a ler o Homero. São livrinhos pequenos e adequados à sua idade. Mas é tão bom vê-lo a crescer. O meu pequenino.
Oliver Sacks, o autor de Despertares e de O homem que confundiu a sua mulher com um chapéu, a enfrentar a morte.
Tenho uma criança comigo no trabalho desde as 9.30.
(se calhar tenho que começar a pensar numa solução para as férias da páscoa...)
Primeiro torneio a sério. Descobri que me emociono quando os nossos miúdos ganham, que é bom vê-los felizes, abraçados, a festejar, fico a sorrir feita parva e a bater palmas como os outros pais todos (mas não grito a dar indicações para dentro do campo). Imagino que também vou ficar triste quando perdermos.
E, agora, até já falo assim, na primeira pessoa do plural, e faz todo o sentido.