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"O que é a fé? (...) Invejo aqueles que conseguiram munir-se de uma ideia definitiva sobre a religião. Tanto os que acham que a religião é uma fonte de bem estar e prosperidade, e que quem está fora acabará por ser justamente punido pela insolência e rebeldia, como os que pensam que a religão é a fonte de todos os males, o ópio do povo, uma força obscurantista que oferece aos homens ilusões que o adormecem. (...) Apesar de todos os defeitos que encontro na religão organizada; apesar do meu anti-clericalismo precoce e do qual todavia ainda não me libertei por causa da figura de alguns padres e do seu odioso papel no controlo e no silenciamento dos mais fracos; apesar de todas as reservas que me merecem os profetas, os apóstolos, os mártires, os bispos, os vendedores da salvação, os ginastas da fé, os cantares de aleluias; apesar de tudo isto, sei, porque já o testemunhei, da fé genuína que move pessoas (tantas vezes mais difíceis de mover do que as montanhas), leigos e clero, sem distinção, do amor pelos outros e da crença sincera em Deus e em fazer bem que os anima, da orientação que têm na Bíblia e em fazer o bem dos seus irmãos na fé, e de terem encontrado um sentido para as suas vidas nesta selva confusa de dúvidas, temores e padecimentos. (...) Eu, e tantos como eu, procuramos consolo na arte, na literatura, na música, no amor, nos filhos, numa certa ideia de humanismo, criando assim uma para-religião para suprir as nossas lacunas espirituais."

Este é só um excerto do último capítulo, que é o mais pessoal, de Aleluia, de Bruno Vieira Amaral. Chegar ao fim com vontade de ler mais. É um tema fascinante.

Leiam o que escreveu, a propósito do livro, o Tiago Cavaco aqui e aqui.

publicado às 00:21


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