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Outra vez?, perguntam-me. Sim, outra vez. Mas... como? O António caiu no recreio e teve de levar cinco pontos no joelho. Outra vez. Outra vez o choro, outra vez no hospital a dar-lhe mão, outra vez as muletas, outra vez os banhos checos, outra vez as visitas ao centro de saúde para mudar o penso dia-sim, dia-não. Outra vez?, perguntam-me. Mas os teus filhos não páram? Não, aparentemente não. Não sei como fazê-los parar. Eles são assim. Sempre a correr, a saltar, a experimentar, a lutar, a desafiar. Caem, magoam-se, levantam-se. Têm as pernas cheias de nódoas negras, arranhões e feridas várias. E têm azar, também. Cada um deles já foi cosido duas vezes (o António duas vezes na mesma perna; o Pedro na perna e na cabeça). Cicatrizes para a vida. Ah, desta é que ele vai aprender, vais ver, dizem-me os mais optimistas. Mas os meus filhos não aprendem. Não sei como ensiná-los. Voltam a correr, a saltar, a cair, a aleijar-se. Repito para mim que até agora não aconteceu nada de realmente grave, repito para mim que eles são crianças, que é bom que se mexam, que estas coisas acontecem. Então porque me sinto culpada sempre que alguém faz aquela cara e me pergunta: outra vez?