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O meu telemóvel é pré-histórico. Um nokia daqueles minorcas com poucas capacidades e com uma dona igualmente pouco capacitada para as tecnologias. Serve-me para fazer chamadas, mandar e receber mensagens, e pouco mais. Não há internet, nem aplicações, nem fotografias de alta definição, nem nada. Ando há que séculos para comprar um telefone novo. Este está mesmo quase a pifar. E confesso que às vezes me dava jeito ter um bocadinho mais. Ora vê lá aí o caminho. Ora vê lá aí se já chegou o mail. Ora vê lá aí a que horas é que aquilo começa. Ora vê lá aí. Mas ando há que séculos a adiar a mudança. Os amigos gozam comigo e com o meu telefone. Perguntam-me se ainda uso a máquina de escrever azert, se tenho televisão a preto e branco, se já tenho electricidade em casa. É um divertimento. (fora de brincadeiras, no outro dia uma pessoa surpreendeu-se verdadeiramente por eu ainda ter uma agenda moleskine em papel e fez-me sentir como se eu fosse uma ave rara) A verdade é que tenho algum receio de me tornar uma dessas pessoas que estão sempre a olhar para o telefone e que passam os concertos a fazer vídeos e que passam o tempo a postar fotografias daquilo que estão a fazer e que estão sempre a rebentar bolinhas e não sabem estar sem fazer nada, ler um livro no metro, sentar-se numa esplanada a ver os patos, aborrecer-se na sala de espera do hospital. A verdade é que não tenho a certeza de ter forças suficientes para não me tornar uma dessas pessoas. A verdade é que eu já passo tanto tempo em frente dos ecrãs que estes momentos em que estou longe de um computador são como um descanso forçado. A pausa necessária. Ou então a verdade é que sou mesmo avessa às novas tecnologias e até um bocadinho velha do restelo, e isso não é lá muito bom.
The times they are a changin'. E um dia destes eu vou ter que mudar com eles.
Para pensar um pouco nisto, vejam estas fotografias e ainda este vídeo.