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As transmissões dos campeonatos de atletismo sempre foram assim. Há várias provas a acontecer ao mesmo tempo e o realizador escolhe aquilo que vai dando em directo e depois vai recuperando (em diferido) algumas das provas que perdeu e há outras que se perdem para sempre, é a vida. É impossível agradar a todos os espectadores, haverá uns que gostam mais de saltos e outros de corridas, há uns que querem ver todos portugueses e outros para quem isso não é importante.
Se sempre foi assim, então porque é que este ano parece que há tanta gente descontente com a transmissão da RTP?
Tenho uma ideia: porque o mundo mudou e porque a maneira como vemos o mundo e a maneira como vemos televisão mudou. Mas as transmissões continuam iguaizinhas ao que eram há 20 anos.
Por um lado, existem outros canais que estão a transmitir as mesmas provas - muitas vezes sem cortes nem anúncios pelo meio. Já me aconteceu ter vários canais ligados (no trabalho, que eu em casa só tenho uma televisão) e constatar as diferenças.
Por outro lado, existe a internet. Através da internet nós podemos acompanhar os resultados das provas quase ao segundo. Não precisamos de esperar pela RTP. E por isso nos irrita tanto quando eles dão anúncios e nós sabemos que estão a acontecer coisas importantes. E por isso nos irrita ainda mais quando eles dão provas em diferido fazendo de conta que é em directo, como se o mundo todo estivesse à espera da RTP para saber, como se não houvesse outros canais nem internet nem liveblogs nem pessoas a conversar no facebook sobre coisas que já aconteceram mas que só vão passar na RTP daqui a uns minutos.
Tenho sido muito crítica em relação a isto e tenho recebido algumas respostas e explicações. Agradeço. As explicações podem fazer com que eu seja mais compreensiva mas não fazem com que eu seja uma espectadora mais satisfeita. Se calhar já é tempo de repensar estas transmissões. Não podemos continuar a fazer as coisas sempre da mesma forma quando o mundo à nossa volta está a mudar.
Por exemplo, explicaram-me que vem tudo decidido do Brasil. Acredito. Mas vem tudo decidido depois de ter sido contratualizado entre as duas partes - não vamos achar que as pessoas da Bielorrússia não viram os seus saltadores mas estiveram a ver o Nelson Évora, não é? Há um acordo com cada país. Então, se calhar, também deverá ser possível decidir quando é que se quer pôr anúncios e quanto tempo duram. Porque falhar os saltos da Patrícia Mamona (recorde nacional) e do Nelson Évora para dar publicidade (e nem sequer era a Nike a pagar para estar no meio dos jogos olímpicos, eram mesmo televendas parvas, foi uma coisa despropositada) é inadmissível. Podia acontecer há 20 anos e ninguém dava por isso. Agora, não pode acontecer.
É verdade, não se consegue satisfazer toda a gente. Haverá sempre quem queira ver o hipismo e quem não queira. Haverá sempre quem prefira a vela ao andebol. Mas há mínimos. Os tais mínimos olímpicos.