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02
Nov16

My girls

Por mim, tinha ido ao Piódão com a minha família e tinha sido o aniversário perfeito. Às vezes não acreditam, mas eu não sou uma pessoa de fazer festas. Sou uma pessoa de ir a festas, convidem-me que eu adoro. Mas organizar uma festa para mim é algo mesmo muito raro na minha biografia. Mas umas amigas começaram a chatear-me, que devia combinar qualquer coisa e porque é que não fazia uma festa e não sei quê. Ou então eram elas que estavam preocupadas comigo, com medo que me desse um ataque de nostalgia quando chegasse a casa depois do passeio. Pelo sim, pelo não, decidi convidá-las para virem cá a casa. Mas a minha casa não é lá muito grande e eu ainda assim tenho algumas amigas e, mesmo reduzindo os convites só a raparigas, comecei a stressar pois não conseguia decidir quem é que ia deixar de fora. E foi assim que uma coisa que não era nada passou a ser um fim-de-semana inteiro de festa. Primeiro, no Piódão com a minha maninha. Depois, chegar a casa às cinco tarde e tratar de fazer um bolo e outras coisas para receber um grupo de amigas ao serão. E, por fim, no dia seguinte, feriado, fazer outro bolo para um lanchinho com outro grupo de amigas. E foi a melhor decisão. Eu adoro fazer bolos, os miúdos adoram ter visitas e, apesar de não estarem todas as pessoas que eu gostaria, foi mesmo bom estar com estas que são algumas das minhas pessoas especiais. Deu para pôr a conversa em dia, rirmos muito, partilharmos histórias, bebermos um belo gin alentejano e darmos abraços. A Lina chamou-lhe um "lovely get together", e foram mesmo isso, dois "lovely get together". 

E uma curiosidade: tantas festas e não cantámos os parabéns. não foi uma decisão, aconteceu assim. eu não tinha velas, também ninguém se lembrou e não fez falta nenhuma. acho que isso só aconteceu porque estava mesmo feliz.

Obrigado, miúdas.

publicado às 20:59

02
Nov16

Na serra

Fizemos gazeta na segunda-feira, fabricámos um fim-de-semana prolongado e aproveitámos para fazer duas das coisas melhores do mundo: estar com as nossas pessoas e passear. Fomos ao Piódão.

Nós somos pessoas da planície, das estradas a direito e sem fim à vista e, às vezes, substituímos a planície pelo mar mas é mais ou menos a mesma sensação de infinito (e de liberdade). Nas minhas incursões à serra, por mais bonita que seja a paisagem, sinto-me sempre um bocadinho estranha, como se sofresse de claustrofobia. Não é só a dificuldade de conduzir naquelas curvas e contra-curvas, muito concentrada na linha tracejada que assinala o meio do caminho, a tentar afastar pensamentos maus, ai e se agora derrapo lá vou eu pela montanha abaixo. É mesmo aquela sensação de estar no fim do mundo e pensar mas como é que as pessoas moram aqui uma vida inteira e fazem o quê para se entreter e se agora precisasse de ir para o hospital como é que eu fazia? E olhem que eu não sou uma pessoa geralmente dada a estes pensamentos trágicos, acho sempre que vai correr tudo bem. Mas é isto que a serra me faz. De maneiras que fomos ao Piódão, que fica lá longe, e a paisagem é bonita e a aldeia também mas por algum motivo aquilo não me encheu as medidas. Quer fosse pelas curvas, quer fosse pelas portas de alumínio nas casas de xisto ou pelas lojas de recordações industrializadas como aquelas pantufas-dos-chineses-mas-a-fingir-que-são-da-serra.

Mas mesmo sem ter sido uma experiência avassaladora, foi muito bom. Porque passear é bom. Para os miudos, bastam duas noites num hotel e uma piscina e já ficam felizes. Juntemos a isto a companhia dos tios e dos primos, muitas brincadeiras e gargalhadas. E, depois, sim, é claro, a beleza do lugar é inegável. O silêncio da serra faz-nos bem. Andámos muito a pé por caminhos de terra a ver as árvores e a mexer nas pedras, a ouvir os passarinhos, a apanhar paus, a correr pelo campo e a aproveitar o sol na cara (esteve um tempo maravilhoso, tivemos imensa sorte), e, sim, foi muito fixe fazermos isto todos juntos, conhecer um sítio que não conhecíamos, aprender coisas novas, comer comidas diferentes (a broa de batata está aprovadíssima), desfrutar de paisagens que não são as nossas. No fim de contas, acho sempre que ganhamos algo quando saímos de casa. De tal maneira que já estamos a pensar quando é que podemos fazer a próxima escapadela, não é, mana?

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publicado às 18:49


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