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Esta semana, por coincindência, vi dois filmes em que as personagens principais são uma mãe e uma filha e em ambos a mãe é interpretada pela Susan Sarandon.
A minha mãe, eu e a minha mãe (que título de treta, o original é Anywhere but here) é um filme de 1999, realizado por Wayne Wang, em que a filha é uma miúda de 17 anos intepretada pela Natalie Portman.
The Meddler (A Metediça ou algo parecido, o filme não estreou em Portugal) é um filme de 2015, realizado por Lorene Scafaria, em que a filha já é uma adulta interpretada por Rose Byrne.
Os dois tratam desta relação especial entre uma mãe sozinha (divorciada e viúva, respectivamente) e uma filha, as confissões, as discussões inevitáveis, este amor maior que tudo, a dependência emocional. Não sei se será muito diferente de se ser mãe sozinha de um ou dois rapazes.
No essencial parece-me que é isto: um vai-e-vem permanente entre extremos. Por um lado, nós, as mães, somos tudo para eles, não há mais ninguém portanto habituamo-nos a tratar de tudo, a estar sempre lá e a sermos bastante necessárias; por outro lado, eles vão crescendo e inevitavelmente vão precisando do seu espaço, longe de nós (e é bom que a gente incentive isso, que lhes dê autonomia). Por um lado, há uma cumplicidade enorme, conversas mesmo boas, uma abertura e uma confiança mútuas, uma partilha (que, provavelmente, não existiria desta forma se fôssemos uma família modelo), muitos momentos em que nos sinto no caminho certo; por outro lado, as discussões podem atingir uma intensidade de níveis estratosféricos (imagino que falte aqui o segundo adulto que ponha água na fervura ou que simplesmente nos ajude a ver os problemas de um outro prisma), os dramas parecem sempre irresolúveis e geralmente chego ao fim destas crises a sentir-me miserável e incapaz de os educar convenientemente. Por um lado, entre o trabalho e os filhos, resta-nos pouco tempo para os outros, estamos sempre a correr de um lado para o outro, super-ocupadas, a sonhar com um tempinho só para nós ou em poder fazer coisas com os nossos amigos; por outro lado, sempre que ficamos sozinhas, seja por umas horas ou por uns dias, instala-se um vazio enorme (até porque, entretanto, as outras pessoas estão todas nas suas vidas e já se habituaram a não contar connosco).
É muito difícil encontrar o equilíbrio no meio disto tudo.
(e, sim, é difícil para todos os pais, mas acho que será um bocadinho mais difícil quando não se tem alguém com quem partilhar as dúvidas nem um colo para recorrer quando eles vão às suas vidas, só isso).