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Na Lisboa dos anos 80, fotografada por Luís Pavão e agora mostrada na exposição "Lisboa Frágil", no Museu da Cidade, há tabernas com balcões peganhentos; rebanhos de ovelhas a passearem por Alvalade; matinés dançantes onde as senhoras se sentavam em fileira, nas cadeiras encostadas à parede, controlando os passos atrevidos dos jovens; colectividades onde se jogava à laranjinha, às cartas, às damas. Parece que foi noutro tempo. E foi mesmo. Os anos 80 foram no século passado, foram há 40 anos, como é possível, é tão estranho pensar que os anos 80, os anos da minha infância, de que me lembro tão bem, estão, afinal, tão distantes de nós, a vida era tão diferente do que é hoje, sem telemóveis, sem internet, sem selfies, sem reels, sem polémicas da treta no twitter nem dancinhas no tik-tok. A vida era toda real, carne, sangue e suor. Para o bem e para o mal. Esta exposição é uma viagem a um mundo que já só existe nas nossas memórias. E, caramba, se me senti velha a percorrer estas fantásticas fotografias. Ainda assim, ou talvez por isso, vale muito a pena.
Lost in Translation, de Sofia Coppola, com Bill Murray e Scarlett Johansson