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"Adeus, estômago" é uma reportagem que já tem algum tempo mas que só agora tive tempo de ver. Estou a aproveitar que tenho passado alguns dias em casa para recuperar coisas que me aconselharam e a que, por alguma razão, ainda não tinha dado atenção. Como sabem, muitas vezes o jornalismo que fazemos desilude-me e entristece-me muito. Por isso, é uma grande alegria poder ler, ver e ouvir trabalhos tão bons. Dá-me alguma esperança. Deixo aqui alguns links de coisas de que gostei, mas sei que há muitos outros trabalhos por aí que valem a pena, sobretudo no que toca a podcasts, vou tentar pôr-me a par.

As entrevistas d'"A Beleza das Pequenas Coisas", do Bernardo Mendonça, são, geralmente, um prazer para os ouvidos. Esta, ao André Barata, é só um exemplo. 

"Colonos em Angola e Moçambique. Retornados em Portugal", um trabalho muito profundo sobre o colonialismo português, o seu racismo intrínseco e o regresso dos retornados. Feito pela minha querida Joana Gorjão Henriques, no Público.

"Mitra, o “depósito” de Lisboa onde o Estado Novo fechava os indesejáveis": uma reportagem muito boa sobre o asilo para mendigos criado em 1933. No Expresso. Vejam também o vídeo. Tinha apenas uma vaga ideia sobre o que era a Mitra e é muito impressionante.

As entrevistas a Nick Cave valem sempre a pena. Já tinha visto esta, mas a que a nossa Lia Pereira fez, no Expresso, também está muito boa. Claro que ele diz coisas muito profundas sobre a perda e o luto, mas também tem palavras muito esperançosas e um olhar bastante tranquilo sobre a vida. Vejam, por exemplo, o que diz sobre o disco novo:

"O “Wild God” é sobre algo em que acredito piamente: que temos de permanecer atentos e conscientes da alegria no presente, do riso no presente, em vez de nos agitarmos neuroticamente a pensar naquilo que as coisas deveriam ou poderiam ser. A um nível mais amplo, penso que o grande problema da socie­dade neste momento é o facto de não entendermos que há muito para amar neste mundo. Tudo o que nos dizem e que sentimos é que o mundo é um sítio para odiar, para desprezar, e que nós, seres humanos, não somos capazes de fazer nada de bom, nada de valor, que só estragamos coisas e magoamos e oprimimos pes­soas. Talvez em parte seja verdade, mas eu sinto que temos de estar atentos ao facto de o mundo e os seus seres poderem ser extraordinariamente belos." 

publicado às 14:35


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