Na segunda-feira a seguir à Páscoa íamos para o campo. Com sol, com nuvens, às vezes até com chuva e nós no carro a ver o campo pela janela, que as tradições são para se cumprirem e, por isso, depois do almoço em que comíamos os restos do ensopado de borrego e ervilhas lá íamos nós a caminho da barragem. Levávamos uma manta para nos deitarmos no chão, cadeiras desdobráveis, um farnel à antiga com pão do bom, paio e queijo para fazer as sandes na hora, um termo de café, minis, sumóis de garrafa, latinhas de leite com chocolate da Tody, fatias de bolo, folar. Levávamos a bola vermelha ou cartas ou livros, dependendo da idade. E podia até calhar o meu pai levar as canas e minhocas e todos os apetrechos de pesca. Mas o melhor de tudo é que, como parece que pouca gente trabalhava naquele dia, o campo estava cheio de gente - tanta gente que às vezes até era difícil estacionar. Amigos com quem podíamos correr e brincar e sujarmo-nos na terra e nas ervas e ficar com o nariz entupido por causa dos pólens das flores. Era o melhor dia das férias da Páscoa.