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Um homem vive sozinho numa pequena habitação em Tóquio, no Japão. Vive com pouco, mas não lhe chamaríamos pobre, antes ascético. Repete todos os dias os mesmos gestos. Faz a cama, lava os dentes, rega as plantas, tira um café da máquina à porta de casa, põe uma cassete a tocar no carro a caminho do trabalho, limpa meticulosamente as casas-de-banho públicas da cidade, pára para almoçar uma sandes no jardim enquanto observa as árvores, lê antes de adormecer, ao fim-de-semana sai de bicicleta, lava a roupa, come num e noutro pequenos restaurantes, sempre os mesmos, toma banho no balneário público, compra um livro para ler durante a semana. Fala pouco. Parece tranquilo. Até que a sua vida é interrompida pela visita-surpresa da sobrinha, uma jovem, que vai dormir na sua cama, acompanhá-lo ao trabalho, interromper-lhe os pensamentos, obrigá-lo a conversar e a desviar-se dos seus caminhos. 

Ouvi e li muitas críticas a Dias Perfeitos, de Wim Wenders, que apontavam o dedo, por exemplo, à forma higienizada/estetizada/ pouco realista como é mostrada a vida de alguém que limpa sanitários públicos. Também houve quem criticasse o olhar - naturalmente - ocidentalizado sobre a cultura e os costumes do Japão. Um olhar que nos mostra o exótico num modo de vida que, provavelmente, já só representa uma pequena parte da população do país. 

Entendo essas críticas. Ainda assim, gostei muito deste filme. É de uma enorme beleza (até os sanitários são bonitos), como se Wenders nos quisesse dizer isso mesmo, que há beleza em todo o lado, basta saber encontrá-la. Hirayama, interpretado pelo ator Koji Yakusho, encontra a felicidade nas coisas pequenas e isso dá-lhe uma enorme serenidade. Mesmo quando se irrita com o colega de trabalho ou quando lhe pressentimos a impaciência com a sobrinha. Ou os ciúmes (não vou contar tudo, não é?). Não sabemos tudo sobre a sua história, mas algumas coisas podemos adivinhar. É um homem que escolheu a vida que tem e que encontrou a sua paz, sem precisar de grandes riquezas ou sequer de muitas pessoas, que quer ser deixado no seu canto (e por isso lembrei-me de outro filme). Que não se apoquenta com o futuro. Fica o seu bom conselho: "A próxima vez será a próxima vez, agora é agora".

Já vi este filme há algum tempo e agora, quando fui à procura do trailer, fiquei com vontade de vê-lo de novo. E a banda sonora também é escolhida a dedo.

[não tenho tido tempo para vir aqui contar, mas tenho visto tantos filmes bons, tantos, vou esforçar-me por escrever sobre eles nas próximas semanas]

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publicado às 21:16



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