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Languishing. Aprendi esta palavra há pouco tempo e acho que descreve bem aquilo por que temos passado neste último ano. Não é que se esteja doente, mas também não se pode dizer que se está propriamente saudável. "Feeling blah", diz-se em inglês. Eu costumo dizer que estou "a sentir-me nheca" mas é igual. Está tudo explicado NESTE ARTIGO do The New York Times:
"The absence of well-being. You don’t have symptoms of mental illness, but you’re not the picture of mental health either. You’re not functioning at full capacity. Languishing dulls your motivation, disrupts your ability to focus, and triples the odds that you’ll cut back on work."
Portanto, é isto.
Os dias passam, uns a seguir aos outros, e há uns bons e outros maus, e há uns melhores e outros piores, mas na verdade é tudo muito mais ou menos a mesma coisa, como se não conseguíssemos ver a tal luz no fundo do túnel e apenas nos continuássemos a empurrar pela vida porque é o que temos de fazer e vamos lá ver no que isto vai dar.
Voltamos sempre ao mesmo. É tentar não perder o pé.
Entretanto, só para constatar que nada disto é realmente novo, criei uma tag "blah" e tentei colocá-la em todos os artigos onde já falei deste assunto, mesmo antes de saber o que era o languishing.
Porque a culpa é da pandemia, claro, embora não seja só da pandemia, claro. A pandemia só veio tornar tudo mais intenso. Aprofundar a solidão dos que já estavam sozinhos. Tornar clara a tristeza dos que já se sentiam tristes. Antes, era mais fácil maquilhar a vida com o frenesim do para lá e para cá e estou tão ocupada e falo com tantas pessoas todos os dias e não tenho tempo para nada. E, de repente, só nos temos a nós e à nossa casa e à nossa situação e não há como fugir. Isto e o resto, que não se pode escrever aqui, porque há falhanços que custa admitir para nós mesmos quanto mais para o mundo.