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10
Mar16

Cais do Sodré

Tenho boas memórias do Jamaica e do Tokyo. Memórias do Cais do Sodré antes da rua ser cor-de-rosa, antes de haver tanta malta que quase não se consegue passar, quando ainda não era chique comer sardinhas em lata e as pensões não eram do amor, eram mesmo do negócio do amor. Também tenho boas memórias deste Cais do Sodré gourmet. E sobretudo tenho boas memórias do Jamaica e do Tokyo. Tenho pena que fechem. Era bom saber que existia um sítio, algures, na noite de Lisboa, onde eu poderia ir e conhecer as músicas e não me sentir velha nem mal vestida nem deslocada. No Jamaica nunca ninguém se sentia deslocado, tivesse 18 ou 50 anos, fosse beto ou vanguarda (ainda se diz vanguarda?), gostasse de dançar ou de ficar apenas ali encostado com o copo na mão, usando saltos altos, botas ou ténis. 

Também sei que havia ali muita coisa a precisar de ser melhorada - no Jamaica, no Tokyo, no Cais do Sodré todo. Mas acho que esta é uma boa oportunidade para pensarmos nesta cidade onde duas discotecas vão fechar não porque não tivessem clientes ou porque o negócio já não estava a dar - mas apenas devido à especulação imobiliária. É a isto que se chama gentrificação, uma palavra que eu já tinha ouvido mas a que não tinha dado grande importância. Se quiserem perceber melhor o que é leiam este texto

Tenho boas memórias do Jamaica e do Tokyo. E vou guardá-las. Essas nunca fecham.

publicado às 23:03


1 comentário

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Vasco 02.04.2016

Eles pagam valores de renda dignos da Coreia do Norte. Emigrem e abram lá os 3 bares.

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