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HBO. Finalmente. Comecei com Chernobyl. E é, de facto, brutal. Muito, muito bem feita. Claro que é uma série e, portanto, tem uma parte de ficção assumida e ainda uma parte de realidade ficcionada. Mas está mesmo muito próxima da realidade, acreditem.
Tinha apenas uma ideia vaga sobre Chernobyl. O acidente aconteceu em abril de 1986, portanto eu teria quase 12 anos, lembro-me de ver as notícias e de ficar preocupada e de mais tarde ver mais notícias sobre os efeitos da radiação na população. Mas parecia tudo muito longínquo e eu tinha mais em que pensar. Além de que, soubemo-lo entretanto, muita da informação foi barrada pela cortina de ferro. Esse é um dos factos que mais nos choca hoje, ao vermos a série: o modo como o totalitarismo funcionava. Como penetrava em todos os aspectos da vida. Uma sociedade dominada pelo medo, controlada à custa de ameaças de prisão, despromoção ou outro qualquer castigo. A força imensa do partido, a voz da verdade, a única voz autorizada. Uma elite política mais preocupada em manter a sua imagem e a imagem do regime do que em resolver os verdadeiros problemas.
Tal como um adolescente apanhado pelos pais numa infracção: a primeira reacção ao acidente nuclear é negar, negar sempre. Isso não aconteceu. E se eu, que sou a autoridade, digo que isso não aconteceu, se alguém se atrever a desmentir-me está a pôr em causa a minha autoridade e será castigado. Dizer a verdade é considerado um acto de traição.
Mas calar a verdade não altera os factos tal como eles são. A radiação não conhece fronteiras políticas nem obedece às ordens do KGB. Não havia como negar. Gorbatchev diria mais tarde que Chernobyl foi o princípio do fim do regime soviético.
Claro que fiquei curiosa e acabei por ir ao Google procurar mais informação sobre Chernobyl. E pelo meio pude confirmar como a série foi minuciosa na recriação dos eventos, dos espaços, das roupas e de tudo o resto. Ora vejam:
- um artigo sobre a vida em Pripyat, a cidade mais próxima de Chernobyl
- estas fotografias do acidente
- e ainda mais estas imagens
- a opinião dos cientistas sobre a série
- e as falhas encontradas na série