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Esta manhã desmarquei uma aula de body attack para ficar em casa a costurar um pano da loiça. Este ano ainda não tinha desmarcado nenhuma aula de domingo e estava muito orgulhosa de mim. Agora, sinto uma certa culpa, confesso. Estou a tentar dizer a mim mesma que não é o fim do mundo. E que querer passar um fim-de-semana inteiro em casa, a ver filmes de enfiada e a costurar um pano que provavelmente não vai servir para nada, também pode ser uma opção válida porque pode ser precisamente isso que o nosso corpo e a nossa cabeça precisam.
Levamos como podemos, não é?
Voltemos atrás. Ter um diário também serve para nos conhecermos melhor e para percebermos os nossos altos e baixos. Para mim, janeiro é geralmente um baixo. Este janeiro foi particularmente baixo. Meteu horários de merda e um cansaço descomunal, muitas frustrações no trabalho, uma formação que foi fixe mas que me tirou horas que costumam ser preciosas para fazer outras coisas e, de uma maneira geral, a sensação de que estive sempre a correr atrás do prejuízo. Falhei o aniversário de duas amigas porque não me senti com energia para fazer o que quer que fosse depois de um dia de trabalho. Fechei-me em casa (e em mim) mais do que o costume.
Ainda assim, e como sempre, aconteceram coisas boas.
Voltámos a ler poesia juntos.
Desci a Almirante Reis a dizer "não nos encostem à parede" e foi uma tarde de encontros com pessoas bonitas e de acreditar que é possível fazermos uma sociedade melhor, e no fim acabámos a jantar em casa da Nádia, com amigos que trazem outros amigos, num daqueles momentos especiais que acontecem quando menos se espera.
Mantive o meu compromisso de fazer exercício pelo menos duas vezes por semana (às vezes três), incluindo uma sessão de pilates no reformer e uma aula de body attack que acaba comigo.
A tal formação foi muito interessante e ainda que, na prática, não me vá servir para nada, já serviu para eu me sentir menos estagnada e para bater umas bolas sobre temas de que gosto.
Fui ver o concerto do Sérgio Godinho e da Márcia.
Estive com a Paula e com a Alda. Ter amigos com quem posso conversar sobre tudo, sem julgamentos, com empatia, é mesmo das coisas mais importantes.
Juntei-me a um grupo de pessoas que não conheço num desafio de escrita que ainda agora começou mas que, espero, me traga muitas alegrias.
Passei uma tarde num workshop na Retrosaria a recordar como funciona a máquina de costura. A máquina que eu pedi de prenda à minha mãe num natal há muito tempo e com a qual costurei então, improvisando e aldrabando, fatos de bruxo, capas de diabo e outras vestiotas mal enjorcadas para festas de natal e de fim de ano, carnaval e halloween, mas que, entretanto, ficou guardada na caixa e já estava a ganhar bolor. Não me parece que vá conseguir costurar grande coisa, assim como não sei tricotar nada de jeito. Mas gosto disto. Das horas que passo com as mãos entretidas, longe de aparelhos electrónicos, apenas concentrada nos fios e nos pontos. Engano-me, desmancho, volto atrás, faço de novo. Costurar a direito, como viver a direito, é mais difícil do que parece. O resultado é sofrível, é o processo que vale a pena.
Levamos como podemos. Este fim-de-semana foi para parar e recuperar. E sem dar por ela já estamos em fevereiro.