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Ora aí está uma pergunta tramada. A pergunta atravessa o filme Índice Médio de Felicidade, de Joaquim Leitão, que vi esta semana na RTP1, e ficou a ecoar-me na cabeça tal como já tinha acontecido quando li o livro do David Machado há três anos.
De zero a dez, quão feliz sou eu?
Vamos lá pôr tudo numa balança. Os dias bons e maus nos trabalho. Os dias bons e maus dos meus filhos. A frustração por não ser melhor no trabalho. A frustração por não ser melhor em casa. As discussões com o meu adolescente. A família lá longe. A loucura dos dias. A conta bancária diminuta. As viagens que não vou poder fazer. Os pequenos privilégios que, apesar de tudo, tenho na minha vida. Os livros, os filmes, os concertos, os espectáculos. As pessoas que vou encontrando. Os sonhos que ficam por cumprir. As pequenas coisas boas que me vão acontecendo. Os amigos que estão presentes. Os amigos que estão ausentes. As conversas boas. A solidão cada vez maior. As gargalhadas que vou dando. As lágrimas que tantas vezes guardo. Os bons momentos. Os outros momentos. De zero a dez, quanta felicidade é esta?
Faço contas, penso em números. No livro e no filme, uma das coisas que fica clara é que este índice de felicidade pode mudar rapidamente, com pequenas coisas. Isto é verdade. Às vezes, basta um telefonema, uma notícia, uma pessoa, um momento, basta uma coisa qualquer para fazer com que tudo valha a pena e com que esqueçamos todas as coisas más (ou então, o contrário). Num momento sou a pessoas mais infeliz do mundo e só me apetece fugir, daí a um bocadinho já estou optimista e confiante, a achar que vou dar a volta a isto (ou então, o contrário).
De zero a dez, quão feliz sou eu? E, mais importante ainda, o que é que eu posso fazer para aumentar esse número? Essa é que a verdadeira questão.
(já agora, o filme não é uma obra prima, mas não é nada mau)