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A viagem a Berlim estava marcada há já algum tempo e confesso que estava bastante entusiasmada. Tantos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, tantos livros de espiões, tanta informação sobre Hitler e o Holocausto e as bombas e a divisão da cidade e os russos e o Muro, claro, o Muro que caiu em 1989 e eu que me lembro-me tão bem de ver tudo na televisão e de como o mundo mudou desde então. Berlim (como Nova Iorque ou Paris) é uma daquelas cidades que nós já conhecemos antes de conhecer. E eu queria muito lá ir.

Saí de casa na quarta-feira de madrugada, noite escura ainda e eu já no avião. Em Berlim nevava, uma nevezinha daquela que se desfaz quando chega ao chão mas que molha tudo e todos. E estava um frio de rachar. O tempo foi melhorando. Na quinta-feira de manhã ainda choveu um bocadinho. Na sexta-feira, o sol deu um ar da sua graça e até foi possível estar numa esplanada sem casaco. Apanhei o avião de regresso pela hora do jantar. Foram três dias, com trabalho pelo meio, mas com tempo para passear bastante. 

Berlim é uma cidade enorme mas onde se circula sem problemas. Antes de mais, porque é uma cidade plana. Óptima para quem, como eu, gosta de caminhar. Avenidas largas, ruas espaçosas, passeios grandes, tal e qual como eu gosto. Depois, porque os transportes funcionam bastante bem. Logo à chegada ao aeroporto comprei um bilhete para três dias por menos de 29 euros e a partir daí foi sempre a andar. Autocarros, sim, mas sobretudo eléctrico, metro, comboio. Sempre com a ajuda preciosa do Google Maps que me dizia exactamente qual o transporte que eu deveria apanhar (claro que gastei todos os dados móveis que tinha mas não tive que pedir informações a ninguém uma única vez, quão extraordinário é isto?). Os transportes funcionam muito bem. São espaçosos, com óptimos acessos e tempos de espera na ordem dos 2 ou 3 minutos. Famílias, inclusivé com carrinhos de bebé (muitos), grupos de miúdos com os professores, toda a gente anda de transportes públicos sem problema. Nunca apanhei aquelas carruagens a abarrotar como acontece em Lisboa às 6 da tarde em que vai tudo como sardinha em lata. Tudo flui. Nunca vi engarramentos comos os da avenida da Liberdade, mesmo nas zonas mais movimentadas. Há muita gente de bicicleta na rua, novos e velhos. Não ouvi buzinas e de uma maneira geral pareceu-me uma cidade mais silenciosa. (os táxis são muito mas mesmo muito caros)

O que eu mais gosto quando visito uma cidade desconhecida é de passear na rua e ver tudo. Os prédios, as ruas, as pessoas, as lojas, os cafés, as comidas. Não fui visitar nenhum monumento, castelo ou igreja. Gosto de museus em doses moderadas. Por isso, grande parte do tempo foi passado simplesmente a andar e a deixar-me supreender-me pela diversidade da cidade: o bairro turco com os seus cheiros e cores específicos é completamente distinto da imponência das avenidas e dos edifícios no centro (Potzdamer Platz, Porta de Brandenburgo, Ilha dos Museus) que por sua vez não tem nada a ver, por exemplo, com o bairro da Nikolaikirche, com as suas pequenas ruas empedradas e casinhas que parecem de bonecas (e que descobri absolutamente por acaso). Não achei que Berlim fosse uma daquelas cidades maravilhosas, que nos cativa pela sua beleza, nada disso, passei por zonas bem feias, bem sujas, bem degradadas (e está assim como Lisboa estava há uns tempos, com obras em todo o lado, o que dificulta muito a sua fruição). Mas talvez se os passeios me tivessem levado por outros caminhos e jardins a sensação tivesse sido diferente. Precisava de mais tempo para ver bem uma cidade tão grande. 

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O Google Maps é bom mas também é bom ter um mapa à antiga, nem que seja para termos uma noção geral de como a cidade se organiza, de onde estamos e para onde queremos ir.

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publicado às 08:10



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