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Dois sítios de que gostei muito em Berlim: o Memorial do Holocausto e o Museu Judaico.

Visto de fora, o Memorial do Holocausto parece um enorme cemitério com pedras de diferentes tamanhos. Quando começamos a penetrar por entre aquelas ruelas é impossível não nos sentirmos cada vez mais pequenos, quase a sufocar por entre as 2 711 pedras, muitas delas gigantes. A certa altura, dei por mim sozinha lá no meio e senti-me um pouco insegura. A experiência daquele lugar depende muito do tempo que se tem e daquilo que se quer fazer. Se vamos lá só para tirar uma fotografia e pronto (o Google Maps avisa-nos logo que temos ali grande oportunidade fotográfica). Ou se queremos mesmo pensar no que foi o Holocausto e olhar para aquelas pedras como urnas que representam os muitos judeus mortos na Europa. Não visitei o centro de informação porque nesse dia tinha um compromisso (ah, pois, eu fui lá trabalhar, não nos podemos esquecer), mas só a parte exterior é uma experência e tanto.

Acontece o mesmo com o Museu Judaico. O edifício concebido pelo arquitecto Daniel Libeskind é um convite à reflexão. Anguloso, inclinado. Sempre a colocar o visitante num lugar de desconforto. De auto-consciência. Ao longo da exposição "Cinzas do Holocausto" vão sendo contadas pequenas histórias de judeus perseguidos, através de objectos (cartas, fotofgrafias, etc.) que sobreviveram aos seus donos. Esse caminho em rampa leva-nos até à "Torre do Holocausto": uma torre enorme, praticamente sem luz, gelada, negra, um espaço de silêncio ocasionalmente interrompido por ruídos vindos da rua, uma experiência tanto mais avassaladora se nos acontecer ficarmos lá sozinhos. Há ainda o "Jardim do Exílio", que evoca a experiência dos que conseguiram fugir. E, noutro andar, a instalação "Shaleket", de Menashe Kadishman: o chão coberto de rostos assustados, que os visitantes podem mexer e pisar, provocando um ruído ensurdecedor. O último piso do museu estava encerrado porque a exposição permanente estava a ser mudada. A entrada custa 8 euros. Eu não paguei, mas pagaria. Sinceramente, vale muito a visita.  

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publicado às 10:24



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