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Às vezes somos tão arrebatados por uma experiência que nem temos muitas palavras para o exprimir. Aconteceu-me há uma semana, com o concerto da Garota Não, em Almada. Eu já sabia como a música era boa e como as letras eram incisivas e poéticas ao mesmo tempo, já andava há que tempos a cantar No dia do teu casamentoDilúvio ("e a vida fica difícil/ o tempo passa tipo míssil/ derramado em suor") e as outras todas, mas vê-la e ouvi-la em palco é ainda mais forte. Por ela, que vai falando connosco, contando-nos as histórias de cada tema, dizendo-nos das suas lutas, do bairro onde nasceu (leiam este texto, que está lá tudo), do pai que conheceu o músico Sérgio Mendes e lhe disse "a minha filha também faz uma canções", da mãe que lhe ensinou a empatia e a democracia e lhe deixou saudades. Pela experiência colectiva, uma sala inteira a cantar um poema de Eugénio de Andrade e outro de Chico Buarque, os temas de Sérgio Godinho, as homenagens a Fausto e José Mário Branco. Pela beleza de tudo, cada palavra a ecoar cá dentro, cada nota a dar sentido àquela noite. Emocionei-me, claro, como não me emocionar?, com um concerto que foi, todo ele, um manifesto pela liberdade e pelo amor, pelas vozes que não se calam, por nós, que precisamos todos os dias de acreditar que podemos fazer deste um lugar melhor. "Foi uma noite que me partiu ao meio, precisei de alguns dias para recuperar", escreveu ela nas redes sociais. E acho que foi isso, para todos nós. Saímos de lá - eu, a Alda e a Ana - meio azamboadas, com as lágrimas nos olhos e os corações nas mãos, a abraçarmo-nos de felicidade, uma felicidade enorme por termos estado ali, uma daquelas alegrias que não se explicam.

Este é o vídeo - para ver até ao fim! - para mais tarde recordar a lata com que, armadas em groupies, aparecemos no camarim a pedir autógrafos e fotografias.

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publicado às 15:58



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