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Pequenas coisas como estas

Baseado no livro de Claire Keegan, realizado por Tim Mielants e protagonizado por Cillian Murphy. É um filme muito realista e bem feito e com tudo o que geralmente gosto nos filmes. Estamos na Irlanda dos anos 80 e o protagonista, Bill Furlong, é um homem honesto, trabalhador e sensível, que cresceu apenas com a mãe. Sabe por isso como as mães solteiras são mal vistas e mal tratadas pela sociedade, e sente que não pode ficar calado quando percebe o que acontece às jovens que são entregues no convento para não envergonharem as famílias, mas que acabam por ser afastadas dos filhos e a ser exploradas pela Igreja. Ele não fala muito, é no seu olhar e nos seus actos que está tudo o que precisamos saber. O que falha, então, neste filme? Nem eu sei bem, mas sinceramente não consegui adorar. No final ficou só assim aquele ok.

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Maria

Não sei quem é que olha para a Angelia Jolie e vê a Maria Callas. Eu não consegui. Sempre vi só a Angelina com uns óculos enormes a esforçar-se por ser Maria e a falhar. Também não faço ideia se o que ali se conta sobre a famosa cantora tem algum fundo de verdade ou não, mas achei tudo um aborrecimento pegado. Uma curiosidade: o filme é realizado por Pablo Larraín, que também já tinha contado a história de outra paixão de Onassis, Jackie.

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Aqui

E por falar em aborrecimento, o que é isto? Robert Zemeckis realiza e Tom Hanks faz de Tom Hanks em Aqui, um filme que até parte de uma ideia interessante: o que acontece num mesmo local ao longo do tempo. Um local que já foi uma floresta, onde depois se derrubaram as árvores para fazer uma plantação e para construir uma casa. Uma casa que foi habitada por diferentes famílias em diferentes tempos. Um dos problemas é que são tantas as histórias intercaladas e algumas contadas tão pela rama que é difícil ir além dos clichés sobre cada época. Outro dos problemas é o excesso de efeitos digitais que em alguns momentos nos levam a questionar se estamos a ver um filme em live action ou em animação. E depois, não é só a câmara fixa que é aborrecida, é tudo tão previsível e tão lamechas e tão pouco profundo, mesmo quando ou sobretudo nos momentos em que aspira a sê-lo.

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Babygirl

Talvez com outra actriz tivesse resultado, mas com a Nicole Kidman definitivamente que não resulta. É que não me ocorre pessoa mais sem graça, sempre consciente de si, sempre tão rígida, até nos momentos em que deveria entregar-se à paixão parece sempre que está a fingir. E, no entanto, tem estado nomeada para imensos prémios (só para que vejam como eu não percebo nada disto). O filme é realizado por Halina Reijn, que eu não conhecia, e mostra-nos uma mulher que tenta controlar os seus desejos e ser apenas uma excelente profissional, uma mãe extremosa e uma esposa dedicada, mas que a determinada altura não consegue resistir aos encantos de um estagiário da sua empresa (interpretado por Harris Dickinson). Se calhar sou eu que não preciso de um homem a dar-me ordens e não gosto de me sentir dominada em contexto nenhum, e muito menos na cama, e por isso não consegui compreender totalmente aquela relação nem achar graça àquele miúdo estranho e com tendências para stalker. E, sem querer ser spoiler, mas aquele final assim que meio a desculpá-la também estraga um bocado a intenção do filme, não? 

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Queer

Realizado por Luca Guadagnino a partir do livro de William S. Burroughs e protagonizado por Daniel Craig, Queer é um filme muito bom até ao momento em que eles deixam a Cidade do México. Craig surpreende com o seu James Bond (sim, sim, está lá ainda um pouco de Bond) em versão gay, cheio de músculos mas totalmente só, perdido, frágil. A banda sonora também é inesperada, mas muito bem escolhida. Não imaginaríamos ouvir aqui, por exemplo, Come As You Are, dos Nirvana, mas acaba por ser bastante apropriado já que falamos de aceitação e de solidão. Acho óptimo que se normalizem cada vez mais as cenas de intimidade homossexual a ver se caem alguns preconceitos, e este filme faz a sua parte. [Não cheguei a escrever aqui sobre isso, mas Passages, de Ira Sachs, é um excelente filme sobre relações (de todo o tipo) e também tem algumas cenas de intimidade muito reais, lembrei-me disso enquanto via Queer.]  O filme só me perdeu durante a viagem, sobretudo quando entram na selva e têm aquelas experiências psicadélicas. Claro que isso é Burroughs e se calhar para os fãs de Burroughs faz todo o sentido. 

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publicado às 17:52


1 comentário

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A Solteira 28.02.2025

Ainda só vi o BabyGirl e fiquei muito desiludida! Acho que há imensa publicidade à volta do filme e ele entrega pouco. Espreme-se e não há suco. Não se justifica muito a nomeação da Nicole.

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