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O que eu gostava mesmo era de me poder reformar. Já trabalhei muito, já fiz muita coisa, já estou cansada, já me custa isto de trabalhar alguns dias até à meia-noite, de não ter fins-de-semana, de ter que estar oito horas no escritório, já não tenho paciência para aturar chefes incompetentes, estou farta de fazer coisas que não gosto de fazer. Quando penso na quantidade de anos que ainda faltam para me reformar fico deprimida. E não julguem que quero reformar-me para ficar sem fazer nenhum o tempo todo. É exactamente o contrário. Há tanta coisa que quero fazer ainda, tanto que ainda queria aproveitar. Tantos filmes para ver, tantos livros para ler, tantas viagens para fazer, tantos textos para escrever, tantos amigos com quem conversar, tantas receitas para experimentar, tantos concertos, espectáculos, pessoas, exposições, esplanadas, abraços, passeios, paisagens, comidas, tricots, arrumações, fotografias, sofás, janelas, experiências, tanto com que me ocupar. Tanta vida para viver. Como é que vou conseguir fazer isto tudo se me canso todos os dias a trabalhar? Por este andar, aos 68 anos ou lá o que será a idade da reforma vou estar um caco. Vai ser só calçar as pantufas e deixar-me existir.
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Estive duas semanas afastada do largo porque andei a trabalhar muito e sem tempo para mais nada (lá está), mas estou de volta a estas sextas-feiras de escrita que tanto prazer me dão. Parece que há mais gente de pantufas por aqui: