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18
Nov21

Casamentos

Scenes from a Marriage, a série da HBO com Jessica Chastain e Oscar Isaac, não é, ao contrário do que o título indica, sobre um casamento mas sim sobre um divórcio. Algo que também acontecia, aliás, com Marriage Story. Acho isto curioso.

Gostava de ter gostado mais destas cenas de um casamento. Os actores estão óptimos - e são lindos, os dois - e é tudo muito bem feito, os cenários, os diálogos, a realização claustrofóbica. O primeiro episódio até começa bem. Sentimos perfeitamente que aquela relação tem problemas embora todos digam que são felizes. Mas, depois, não sei, fui-me desligando daquelas personagens demasiado confusas, sem saberem bem o que querem, incongruentes até. Deve ser um problema meu que já estou numa fase da minha vida em que não tenho grande paciência para dramas (acho que nunca tive, mas agora tenho ainda menos, suponho). Comecei a enervar-me com as personagens que ora sim, ora não, ora nim. O quarto episódio, então, foi um martírio. E no quinto já estava mais do que aborrecida a desejar que aquilo acabasse.

(Também dispensava perfeitamente as cenas no backstage, não percebi qual era o objectivo, acho que não sou suficientemente intelectual para alcançar.)

publicado às 18:59

01
Abr14

O divórcio

Um dia, uma amiga disse-me que o pior de tudo no divórcio tinha sido a sensação de falhanço. Não a percebi, na altura. Mas percebo-a agora. O fim de um casamento não é só o fim de um casamento. É o fim de um projecto de vida. Um projecto que era para sempre. Que incluía filhos e netos, tios e primas, sobrinhos e afilhados. Que incluía férias no Algarve e sonhar com uma casa no campo. Que incluia o colchão que comprámos a pensar no modo como os nossos corpos se encaixam, o candeeiro que escolhemos juntos, o tapete de que um de nós nunca gostou. Que metia os amigos ao barulho e as festas que planeávamos fazer e as conversas que tínhamos. Que metia gargalhadas e discussões. Projectos de trabalho, lutas a travar, promoções e contrariedades. Rotinas. Idas ao supermercado. Sopas. Roupa por estender. Colos. Coisas boas e coisas más. Memórias que se acumulam. Envelhecer de mão dada. Cuidar um do outro. Um casamento não é só um papel que se assina. É uma vida que se constrói todos os dias a dois (e a mais). Por isso quando um casamento acaba não é só o casamento que acaba. É a vida tal como a conhecemos que acaba. E começa de outra maneira. Com um tapete novo. Com outro colchão. Sem aqueles primos. Sem aquela rotina. Com outros sonhos. Talvez outro amor. Por isso, mesmo quando temos a certeza que é o divórcio que queremos. Mesmo quando o afecto já se foi. Mesmo quando há rancores que nos corroem. Mesmo quando sabemos que estamos a dar o passo certo, o passo que nos vai fazer bem, o único passo a dar. Mesmo assim (ou, talvez, sobretudo aí) perguntamo-nos como foi possível acreditar tanto e, afinal, estar tão errada. Como foi possível perder tanto tempo e desperdiçar tantos sonhos. Como foi possível investir tanto, querer tanto. E não conseguir. É que não foi um mero engano, uma coisa de nada. Foi um erro do tamanho de uma vida. Um falhanço, como quando se erra um golo de baliza aberta. Estava ali tudo e no entanto.

No dia em que fui assinar o meu divórcio não tirei os óculos escuros. Chorei o tempo todo. A senhora a ler aquelas coisas todas, o nosso nome, a morada, a casa, o carro, o número do cartão de cidadão, papéis intermináveis para assinar, a senhora a perguntar se eu queria mesmo divorciar-me e não bastou eu acenar com a cabeça, tem que dizer em voz alta, disse ela, e eu disse numa voz sumida, sim, quero, como tinha feito para casar, sim, quero, são as mesmas palavras, mas desta vez eu estava de óculos escuros e a chorar. Não era um chorar de tristeza. Essa já tinha passado, há muito. Era o chorar de quem se confronta com o seu falhanço. Total. Era um chorar de vazio. De quem perdeu o chão e agora vai ter de começar de novo. Tudo de novo. Ou quase tudo.

Outra vida. A mesma vida, que é a nossa.

publicado às 15:31

30
Mar14

Traições

Leitura de domingo. Na Slate, entrevista à terapeuta Esther Perel a tentar responder à questão: porque traímos (numa relação amorosa)? E ainda: porque traímos, mesmo quando somos felizes num casamento?

Vale a pena ler tudo, porque ela levanta uma série de questões engraçadas e de que geralmente não se fala, e até para podermos discordar e/ou discutir o assunto.

Fica uma frase para pensar:

"Very often we don’t go elsewhere because we are looking for another person. We go elsewhere because we are looking for another self. It isn’t so much that we want to leave the person we are with as we want to leave the person we have become."

E, já agora, sobre os desafios do casamento e do desejo - e o poder da imaginação e o modo como o erotismo é politicamente incorrecto e a importância da curiosidade e da exploração - vejam os sábios conselhos da mesma Esther Perel aqui:

Se quiserem, podem ver ainda a Helen Fisher, que também diz muitas destas coisas e mais outras.

publicado às 15:32

O João, com o tom provocante que lhe é característico, anda a dissertar sobre o "e foram felizes para sempre" e até já posso adivinhar, pelo rumo que a conversa está a tomar, que daqui a nada vamos estar a falar dos casais que desistem facilmente e do egoísmo reinante nos dias de hoje. Vai uma aposta?

publicado às 15:34

O grande Louis CK.

publicado às 09:26



Para os noivos de hoje.

publicado às 09:04

06
Out11

A nossa valsa

Amor I love you, Marisa Monte

publicado às 00:43

Estamos há dez anos à espera desta festa de casamento. Vai ser lá para setembro. Obrigado, senhor presidente. Pode fazer cara feia à vontade que a gente não se importa e ainda havemos de rir um bom bocado à sua conta quando estivermos a brindar aos noivos, ambos de fato e gravata, e felizes, felizes, como só as pessoas que se amam sabem ser.

publicado às 10:33

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Para ti, minha querida, porque eu não pude lá estar ontem mas garanto que vou estar amanhã.

publicado às 14:55

Vinda de um pequeno (pequeníssimo) período de férias, tinha planeado vir aqui falar-vos das maravilhas da vida ao ar livre, das bicicletas e das praias fora de tempo ou, então, para algo menos lamechas, insurgir-me contra a falta de moral e de vergonha na cara que impera neste país de doutores corruptos, mas eis que, enquanto me actualizava pela blogosfera, me deparei com um texto, uma espécie de texto, uma coisa escrita pelo director do sol e começou-se-me a dar uns calores logo no primeiro parágrafo e quanto mais lia mais me agoniava e eu já nem sei se me surpreende mais o tom com que fala da namorada do primeiro-ministro se as alarvidades que diz sobre os homossexuais, se me incomoda mais a estupidez ou a ignorância, se aquela de os filhos adoptados não são exactamente iguais aos outros ou a historieta fantástica do menino que via-se logo que era maricas pois em pequenino só queria brincar com tachos. A sério. Há muito tempo que não lia uma coisa assim tão absurda e ao mesmo tempo tão revoltante. Acho que preciso de mais uns dias de férias para recuperar disto...

publicado às 22:42


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