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Houve dois momentos da viagem em Lviv em que sentimos a guerra mesmo ali tão perto, e não, não foi quando ouvimos o alerta de ataque aéreo.
O primeiro aconteceu logo no primeiro dia, na visita ao cemitério onde estão sepultados os militares e outras vítimas da guerra. É muito impactante, antes de mais, porque é um sítio muito colorido, cheio de bandeiras e flores, mas, sobretudo, porque rapidamente percebemos que muitos daqueles rapazes (são sobretudo rapazes) tinham pouco mais de 20 anos. As fotografias mostram-nos sorridentes, confiantes. Tantas vidas que ficaram por viver. Tantos filhos, irmãos, namorados, amigos, pais que se perderam.
O segundo momento foi a visita ao Unbroken Center, um centro de reabilitação que recebe feridos da guerra, vindos de todas as partes da Ucrânia, sobretudo pessoas afectadas por minas, explosões, tiros e que, muitas vezes, tiveram que ser amputadas. O trabalho com estas pessoas, que por cima de tudo isto têm certamente traumas psicológicos, é absolutamente incrível. Um dos terapeutas que nos guiou pelas salas equipadas com aparelhos de última geração disse-nos que por cada paciente que consegue lugar neste hospital há 60 que continuam em lista de espera. Aqueles que ali estão, que deslizam pelos corredores em cadeiras de rodas, a quem falta uma ou ambas as pernas, braços, bocados da cara ou tronco, aqueles são, afinal, privilegiados.
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What they found - O que encontraram é um documentário realizado por Sam Mendes a partir de imagens filmadas em 35 mm e sem som pelo sargento Mike Lewis e pelo sargento Bill Lawrie, da Unidade de Cinema e Fotografia do Exército Britânico, antes e durante a libertação do campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, em 1945, a que se juntaram partes do áudio de entrevistas realizadas em 1980 aos dois operadores de câmara.
O filme, que está disponível no Filmin, tem apenas 36 minutos. Começa com a história dos dois homens, depois a chegada ao campo de concentração, o relato do que viram, o tratamento dado aos sobreviventes, as valas comuns onde foram depositados milhares de corpos. Lewis e Lawrie contam como se sentiram. E se as suas palavras são perturbadoras, o silêncio que se instala é-o ainda mais. As últimas imagens são poderosíssimas. Já vi vários documentários sobre o Holocausto e provavelmente até já tinha visto algumas destas imagens, no entanto fico sempre em choque. Não há maneira de me habituar a isto. Só me apetece chorar. Por todas as vítimas, por nós todos, por esta humanidade que parece não aprender nada com os seus erros.
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Antes de terminar as férias consegui dar um saltinho a Almada para ir ver a exposição Venham mais cinco, com 200 fotografias de fotógrafos estrangeiros que estiveram em Portugal logo a seguir ao 25 de Abril ou nos meses seguintes, a testemunhar o processo revolucionário. Mais uma vez: emociono-me sempre com as imagens da nossa Revolução, e aqui é uma emoção boa, comovo-me com a alegria dos militares nas ruas de Lisboa e das pessoas que os rodeavavam, as crianças curiosas, os jovens entusiasmados com o fim da ditadura, as senhoras que distribuíram café; comovo-me com a esperança que se vê nos olhos de toda a gente, a desfilar pelas ruas com cartazes, a reivindicar os seus direitos, à saída das prisões, nas reuniões sindicais, nas filas para votar pela primeira vez em democracia. As trabalhadoras do campo a entrarem na casa dos senhores e a tocarem ao de leve nas colchas das camas. Tanta ingenuidade.
Sim, já vimos muitas imagens como aquelas, é verdade, mas vão ver estas também, que nunca são de mais, e parece-me que, nos dias que correm, estamos todos a precisar de uma boa dose de esperança e optimismo e de nos lembrarmos que todos juntos somos mais fortes e podemos mesmo mudar o curso dos acontecimentos.
A exposição está aberta até 23 de novembro, de quinta a domingo e a entrada é gratuita.
Ocupação da herdade do Sol Posto, no Couço, Ribatejo, no dia 31 de Agosto de 1975, por Fausto Giaccone

Elis & Tom: só tinha de ser com você é uma daquelas pérolas que uma pessoa vê e apetece-lhe que não acabe nunca. Não consegui ir vê-lo ao cinema, mas vi-o agora no Filmin e estou deliciada. Aquele vídeo de Elis Regina e Tom Jobim a cantarem as Águas de Março já era um dos meus preferidos, por toda a cumplicidade que se sente entre eles, o Tom a dançar e a sorrir, a Elis mais solta do que era habitual, há ali um amor que quase conseguimos sentir na nossa pele. A canção já era incrível, mas depois de saber a história daquele encontro, tudo faz ainda mais sentido.
Já agora:
Ando numa fase muito light no que toca a escolhas cinematográficas (para desgraças já basta o mundo, não é?), de qualquer forma tenho visto algumas coisas bem interessantes no Filmin. Por exemplo: O Paraíso Queima, de Mika Gustafson, e O Amor Segundo Dalva, de Emmanuelle Nicot - dois filmes sobre crianças vítimas de famílias disfuncionais, obrigadas a crescer cedo demais. Não tenho tempo para aprofundar, mas queria só deixar aqui a referência para não me esquecer deles.
Alguém na CNN Portugal achou que seria boa ideia ter uma rubrica de verão onde as pessoas confessassem os seus guilty pleasures, e eu lembrei-me logo de umas três ou quatro coisas de que poderia falar. Escolhi as comédias românticas (e sei que não estou sozinha nisto). Não é bem o tipo de texto que costumo escrever no meu trabalho, mas que facilmente poderia ter escrito aqui no blog, por isso AQUI fica. Com um bocadinho de culpa, mas não muita.

A Vida Luminosa, primeira longa-metragem de ficção de João Rosas, é um filmezinho bem fofinho. Li muito boas críticas e fui aconselhada por amigos, e isso é o pior porque uma pessoa cria expectativas muito elevadas e depois acaba por sair do cinema desiludida, o que é uma injustiça. A verdade é que, apesar não o achar uma obra extraordinária, gostei bastante deste filme que tem, pelo menos, a grande qualidade de fazer um retrato da cidade de Lisboa (de uma certa Lisboa) e da juventude (de uma certa juventude). E é também para isso que serve o cinema. Existe uma familiaridade com o que nos é mostrado, aquelas ruas, aquela luz, aquelas pessoas, aquelas estações de metro, que nos dá imediatamente a sensação de estarmos em casa, de estarmos a assistir a um bocado do quotidiano da cidade. O protagonista, Nicolau, tem 24 anos e é um jovem que anda de bicicleta, toca baixo num grupo com amigos, usa camisolas às riscas, frequenta a Cinemateca e circula em cafés e bares nas redondezas da Almirante Reis. Não sei se com esta descriçao conseguem imaginar, mas, para mim, é muito claro de que jovens estamos a falar. Se há palavra que descreve bem Nicolau e os amigos é precariedade. Mas não num mau sentido. Estão a crescer sem compromissos. Ao contrário do que acontecia há 30 anos, em que os jovens eram pressionados para tomar decisões definitivas, escolher a profissão para a vida, comprar uma casa, casar, "assentar" como então se dizia, estes jovens do século XXI vivem no presente. Não têm pressa em criar raízes. Vão e vêm, são estudantes de Erasmus ou nómadas digitais, podem viver em Portugal ou noutro país qualquer, podem viver agora num sítio e no próximo mês estar noutra cidade. E está tudo bem. Nicolau não sabe muito bem o que quer fazer da vida. Não tem qualquer pespectiva de carreira, mas arranja um emprego numa livraria. Depois de um ano a sofrer por uma relação que terminou, começa a interessar-se por outras pessoas. E sai de casa dos pais para morar num casa partilhada com outros jovens. Está naquele momento da vida em que tudo é possível, as portas estão todas abertas e o mais importante é experimentar e ir procurando a felicidade. Depois logo se vê. Conheço alguns jovens assim e é muito giro vê-los retratados num filme tão realista.
Não gostei particularmente da interpretação do actor Francisco Melo. Todos os outros actores são muito naturais, credíveis. Nicolau pareceu-me apático, curvado, pouco natural. Mas também pode ser, como me disse a amiga que se sentou ao meu lado no cinema, que seja assim de propósito, pois o Nicolau acumula frustrações e precisava mesmo de um abanão na sua vida.
Seja como for, acho que vale bem uma ida ao cinema.
Se quiserem saber mais, podem ler uma entrevista ao realizador. E um texto sobre o filme.
Lembrei-me do Baan, de Leonor Teles.

Quando o filme terminou não consegui levantar-me. As luzes acenderam-se, a música a tocar, a ficha técnica a passar no ecrã, e eu ali, incapaz de fazer o que quer fosse, sentindo uma tristeza imensa, uma tristeza tão grande por Aurora e por nós todos, que raio de mundo este, a pensar nos meus filhos, no futuro que lhes estamos a deixar, nos valores que lhes queremos passar e, bolas, é Abril outra vez e aqui estamos, ainda, a lutar por termos todos vidas dignas.
On Falling é a primeira longa-metragem de ficção de Laura Carreira, realizadora portuguesa que vive na Escócia há mais de dez anos. É em Glasgow que se passa este filme. Aurora (interpretada pela excelente Joana Santos) também é portuguesa e trabalha como "colectora" num grande armazém de e-commerce. Passa os seus dias sozinha, vagueando pelos sombrios corredores do armazém a recolher os items para as encomendas. Trabalha muito e vive contando o dinheiro para que chegue ao fim do mês (e às vezes não chega). O filme mostra-nos a repetição dos seus dias, um a seguir ao outro, um igual ao outro, enfiada num armazém inóspito, com uma máquina que apita se ela demora um pouco mais a cumprir a tarefa, num sistema que a vê como um número, um funcionário sem rosto, cuja performance é contabilizada por um computador. Uma vida sem sorrisos nem alegrias. Nos poucos tempos livres que tem, Aurora está quase sempre sozinha, fechada no seu quarto, a olhar para o telefone. Ou então acompanhada dos colegas de trabalho, no refeitório para a pausa do almoço, ou dos colegas de casa, na pequena cozinha onde todos prepararam as refeições - pessoas com quem tem uma intimidade forçada mas com quem não estabelece uma verdadeira relação, e, por isso, até nesses momentos, continua a refugiar-se no scroll infinito do seu telefone. Aurora não tem amigos, não tem abraços.
Quão triste é a vida de alguém quando a única coisa que faz no seu tempo livre é lavar a roupa?
Já tínhamos visto como podem ser as vidas desgraçadas dos emigrantes em Great Yarmouth. Aqui temos outra perspectiva. On Falling é, antes de mais, um filme sobre o capitalismo selvagem em que vivemos e sobre a quase escravatura a que muitos trabalhadores estão sujeitos. Onde o trabalho é um meio de sobrevivência precária mas que não permite qualquer sobre-vivência. "Trabalhar para ganhar a vida, porque é que a vida que se ganha tem de gastar-se a trabalhar (para ganhar a vida)", lembram-se da canção? Contas feitas, aqui não há vida ganha. Este é também um filme sobre a falta que nos faz essa vida fora do trabalho, a falta que nos faz o tempo para sermos outros além de funcionários, a falta que nos faz o convívio, a ligação aos outros, os afectos. É isso que nos mostra a cena final, a única em que se vislumbram sorrisos e alguma alegria.
Depois de uma semana de muitas e fortes emoções, passei o fim-de-semana todo em casa, sozinha. Foi tempo para ler, escrever, ver filmes antigos, pensar na vida. Lá fora o vento e a chuva, de vez em quando uns raios de sol. Não adoro estar sozinha, mas sinto que, de vez em quando, também preciso destes momentos de silêncio e de confronto comigo mesma. É tudo uma questão de equilíbrio. No domingo à tarde temperei um frango e deixei-o a ganhar sabor durante horas, antes de o meter no forno por outras tantas horas. Quando os rapazes foram chegando, dos seus fins-de-semana, a cozinha estava quentinha e com aquele cheiro adocicado do assado. O frango ficou delicioso. Macio, húmido, a carne a soltar-se dos ossos. Um frango assado precisa de tempo. Não é possível fazer um bom frango assado no forno com pressa. Aquele frango precisou daquele domingo passado de pijama, das lágrimas que derramei enquanto acabava de ler o Somos o Esquecimento que Seremos, do colombiano Hector Abad Faciolince, da leveza de ver o Peggy Sue Casou-se, do Coppola (um filme de 1986 que não me lembrava de já ter visto, embora tudo aquilo me parecesse familiar), do espanto renovado ao reler passagens do António Lobo Antunes (tem coisas tão boas, caramba), da alegria de encontrar no Filmin A Ama de Cabo Verde, de Marie Amachoukeli, que queria ter visto no cinema mas acabei por deixar passar. Isto tudo até que finalmente nos sentámos os três a comer o frango tenrinho e saboroso e, entre conversas cruzadas e gargalhadas, olhámos para o calendário e fizemos planos para três meses (somos assim ambiciosos). Um jantar de família que não se vai repetir nos próximos dias, pois estarei a trabalhar à noite, e que cada vez acontece menos porque eles já não são crianças e temos todos as nossas vidas, com compromissos e actividades várias, mas talvez seja por isso que estes momentos são tão especiais. Ou então é o contrário, é por termos estes momentos tão bons juntos que, depois, podemos ir às nossas vidas descansados, sem dramas, sabendo que num domingo qualquer vamos encontrar-nos outra vez na cozinha, falar de coisas sem importância e ficar com as mãos sujas da gordura.
Um livro
É engraçado quando vamos lendo livros de um autor e vamos percebendo qual é o seu universo, os temas de que gosta, o espaço onde se movimentam as suas personagens. No seu mais recente livro, Toda a Gente Tem um Plano, Bruno Vieira do Amaral continua a sua investida pelos bairros mais pobres da margem Sul para nos mostrar aqueles que tantas vezes parecem invisíveis. Continua, por exemplo, entre gente que veio de África (ou do Brasil) e gente que procura conforto em deus. Gosto muito da maneira como o autor construiu esta história, evitando a linearidade, fazendo-nos ir lá atrás no tempo, uma vez e outra vez, para conhecermos melhor este Calita e as curvas da sua vida. Também gosto muito do cuidado que põe na criação das personagens e dos contextos, quase como se nos transportasse para aqueles locais, como se aquelas pessoas fossem de carne e osso e nos pudéssemos ter cruzado com elas em algum momento. Gosto de me apegar às personagens, de compreender as suas fraquezas, de ficar a torcer por elas. De sofrer com elas quando elas sofrem.
Um filme
Já o vi há algum tempo, mas, depois, com o barulho dos Óscares e a crise política que nos caiu em cima, acabei por não ter tempo de vir aqui escrever sobre O Atentado de 5 de Setembro. O filme acompanha o atentado terrorista ocorrido nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, mas do ponto de vista dos jornalistas do canal americano CBS, que estavam na torre do satélite, a uma centenas de metros da aldeia olímpica. Admito que será um filme que talvez toque mais os jornalistas. E ainda mais os jornalistas que estejam ligados à televisão. Afinal, aquela foi não só a primeira vez que os jogos olimpicos foram transmitidos em directo, mas também a primeira vez que um atentado terrorista foi transmitido em directo pela televisão - com todas as questões que isso levanta. Mas acho que pode ser interessante para toda a gente. Posso dizer-vos que, mesmo sabendo como aquilo ia acabar, o filme conseguiu envolver-me completamente e até deixar-me nervosa.
Uma série
Adolescência é mesmo imperdível. O nome diz tudo: é uma minissérie sobre a adolescência, nos seus muitos aspectos. A pressão a que os jovens estão sujeitos, por parte dos outros jovens, agravada pelas redes sociais. A influência que alguns gurus e ideologias podem ter sobre os jovens. A relação com os pais. A escola. O desespero dos professores. A falta de perspectivas. A falta de empatia. A linguagem. Os telemóveis sempre na mão. As portas dos quartos fechadas. A impotência dos pais. A culpa. Está lá tudo, mas ao mesmo tempo é uma série muito diferente de todas as outras séries que já vimos sobre adolescentes. São quatro episódios muito bem feitos, muito bem realizados, muito bem interpretados. O primeiro episódio tem imensa tensão. O episódio da escola é bastante perturbador. O último é o mais tocante (pelo menos, para mim). Fez-me pensar tanto. Não quero estar a contar muito. Está na Netflix. Vejam que não se vão arrepender.

Só para pôr uns pontos nos is nesta história dos Óscares porque há gente que aparece aqui e não me conhece e fica a achar que eu sou uma maluquinha dos Óscares. Não sou, ok? Na verdade, não me interessa muito quem ganha o quê. Gosto de ver filmes. Gosto de discutir filmes e de pensar um bocadinho sobre eles. Divirto-me com isto. Vejos os filmes que consigo, há anos em que há filmes muito bons, a maioria são assim mais ou menos, tento evitar aqueles que me parece que não vou gostar mas mesmo assim às vezes ainda levo umas banhadas, mas de uma maneira geral divirto-me.
Em toda a minha existência de 50 anos só fiquei 5 vezes acordada para ver a cerimónia: duas quando era mais nova, com a minha amiga Isabel, e três porque estava a trabalhar. Acho sempre uma seca. Não tenho paciência para os vestidos nem para os discursos emocionados nem para os números músicais. Não tenho sequer grande paciência para os prémios. Arrependo-me de ter perdido horas de sono e juro que nunca mais.
Os Óscares só são importantes para quem os ganha e para quem os perde.
Para quem vê filmes, o importante é o prazer que temos a ver os filmes. E o que tiramos dessa experiência.
Isto este ano foi fraquinho, ou sou eu que não estou alinhada com o espírito do tempo?
Seria muito bonito se Ainda Estou Aqui ganhasse algum dos três Óscares para que está nomeado. Não por ser brasileiro, mas porque gostei mesmo do filme. Objectivamente, penso que não vai acontecer. Palpita-me que os filmes de que gostei menos são aqueles que vão ganhar mais prémios. Mas quem sabe?
Então, da lista de nomeados para Melhor Filme, temos:
Os meus preferidos
Até que gostei
Não são maus, mas
Não gostei
Não vi, obviamente
De entre os nomeados para Filme Internacional, além de Ainda Estou Aqui e Emilia Pérez, só consegui ver A Rapariga da Agulha, de que gostei bastante.
E queria também deixar aqui uma palavra para o documentário No Other Land. Dos nomeados, vi apenas outro, Sugarcane. Mas o No Other Land é, de longe, muito melhor. Escrevi sobre ele no sítio onde me pagam para escrever, vão lá ler para ficar a saber mais. Os realizadores - o palestiniano Basel Adra e o israelita Yuval Abraham - são esses que estão na fotografia.

E, pronto, é tudo. Tarefa superada! Que seja uma cerimónia curtinha e que ninguém dê bofetadas em ninguém é o que peço para esta noite. E muito café para os guerreiros que vão ficar acordados.

Quase que não ia a tempo de vê-lo (fui hoje à sessão das 12:30) e não ia entusiasmada por aí além, uma vez que várias pessoas me tinham dito que não era assim tão bom. Mas eis que, surpreendentemente, gostei muito de A Complete Unknown, o filme de James Mangold, onde o Timothée Chalamet interpreta muito bem o papel de um muito novinho Bob Dylan.
Acho que em parte isto tem a ver com o facto de eu ser meia apaixonada pelos anos 60. Além de ser fã dos Beatles - as únicas pessoas que até têm direito a uma tag própria aqui - e de gostar de muita da música que se fazia nessa altura, também gosto muito de toda a onda hippie do "peace and love", das várias lutas pelas liberdades, da contra-cultura e do desafio à autoridade que geralmente associamos a essa época. Descobri a música The times they are a changin quando tinha uns 15 anos e ouvi-a em repeat durante algum tempo, acho que ainda hoje aquela letra fala muito para os jovens e para toda a revolta que sentimos com aquela idade. Até me emocionei um bocadinho nessa cena do filme.
Apesar de não ser a maior conhecedora da carreira do Bob Dylan, parece-me que o filme mostra bem a sua transformação, de miúdo do Midwest agarrado à guitarra para um cantor reconhecido, o impacto da fama e os seus dilemas criativos, a vontade de evoluir e a necessidade de se afastar dos seus ídolos da folk e seguir o seu próprio caminho. Não era propriamente um namorado cinco estrelas. Já o sabíamos através da Joan Baez. Fui entretanto à procura de mais sobre Sylvie. O filme aldraba um bocadinho alguns factos, o que é normal, mas eu tenho passado à tarde entretida a ler coisas e a descobrir muitas histórias sobre o Bob Dylan e, só por isso, já valeu a pena.