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10
Jun25

Up and down

Março, abril e maio foram meses bons, de muitas emoções e muita agitação. Mas não se pode estar sempre lá em cima. Depois daquelas duas semanas de campanha que me deixaram exausta e do trambolhão emocional da noite eleitoral, entrei numa espécie de ressaca de onde está a ser difícil sair. Não me apetece ver ninguém nem fazer nada. Portanto, tenho me deixado estar, simplesmente. Andei entretida com o ténis de Roland Garros (e que bela entretenga foi) e tenho visto filmes antigos, mas não muito antigos, dos 80s, 90s e 00s, uns não muito bons, outros um pouco melhores, filmes que não me chateiam muito a cabeça ou que me fazem chorar como uma madalena arrependida, só para passar o tempo. Pelo meio, também tive uma gripe que me mandou a baixo. E esta semana estou a trabalhar à noite. Resultado: ando cansada, não tenho feito exercício e tenho comido muitas porcarias, sinto-me a engordar todos os dias um bocadinho e isso também não é muito animador. Isto tudo junto e mais as preocupações com os putos e a vidinha e a idade e as frustrações (e o mundo, o mundo está bastante deprimento também)  é uma bela mistura. É como uma bola de neve. A parte boa é que já começo a estar farta de estar nesta fase. Não tarda nada passou um mês, já é tempo de reagir. 

Tenho escrito sobre estas fases blah, e isso ajuda-me a perceber que isto acontece e que depois melhora, a aceitar esta montanha-russa mas, por outro lado, assumir que também está nas minhas mãos fazer algo para mudar. É uma batalha constante e temos de estar mesmo muito atentos para não nos deixarmos cair num poço sem fundo.

*

Coisas que ajudam: há discos novos dos Arcade Fire, dos Pulp e da Garota Não. Ainda estou a descobrir. 

 

"Without love, you're just making a fool of yourself", in "Got to Have Love", Pulp

publicado às 11:42

25
Mai25

Teimosia

Aconteceu já quase no fim do concerto. A Aldina estava a dizer o quanto se sentia feliz por estar ali e, de repente, emociona-se a falar da democracia e não tarda muito está a falar da tristeza provocada pelo resultado das últimas eleições. Não foi algo planeado, mas as palavras saíram-lhe, atabalhoadas, pedindo desculpa. A grande Aldina Duarte. É também por isso que gosto dela. Porque é sincera, porque se mostra, tal como é, porque se permite deixar levar pelas emoções. E no fim disse-se aliviada por ter desabafado. "Estou há uma semana sem conseguir falar disto, nem com os meus amigos", explicou.

Percebi-a tão bem. Eu também estou há uma semana sem conseguir falar disto. Tenho estado em casa a descansar de tudo o que trabalhei durante a campanha eleitoral. O meu corpo estava exausto e têm sido dias para recuperar, para dormir e voltar ao yoga e ao pilates. Mas têm sido também dias de reclusão, de falar com poucas pessoas. Para limpar a cabeça, para tentar fazer as pazes com o mundo e para pensar o que podemos fazer daqui para a frente. Ainda há um ano estava a falar disto. A luta continua, sempre. Pela democracia. Pela comunidade. Pelo bem. É muito difícil compreender, como disse a Aldina ontem, que tanta gente vote em quem apela ao lado pior da humanidade, quem defende o ódio, a discriminação, o individualismo. Mas é a realidade que temos. E a melhor maneira de combater o ódio é mostrar como é bom o amor. Como somos mais felizes juntos, com os outros, com os que são diferentes, de mãos dadas, uns puxando os outros. Não é uma tarefa fácil, mas é a tarefa que temos pela frente.

O concerto da Aldina Duarte foi incrível, como sempre. 

Mas a música que vos quero deixar aqui é outra, roubada descaradamente à Helena, porque me parece que diz exactamente aquilo que quero dizer, com o balanço do samba e as vozes de Jonathan Silva e Ceumar Coelho. Uma música para nos inspirar a continuar, teimosamente, do lado da democracia e dos valores humanos. Uma semana depois, mas nunca tarde demais.

 

"Se o mundo ficar pesado
Eu vou pedir emprestado
A palavra POESIA

Se o mundo emburrecer
Eu vou rezar pra chover
Palavra SABEDORIA

Se o mundo andar pra trás
Vou escrever num cartaz
A palavra REBELDIA

Se a gente desanimar
Eu vou colher no pomar
A palavra TEIMOSIA

Se acontecer afinal
De entrar em nosso quintal
A palavra tirania

Pegue o tambor e o ganza
Vamos pra rua gritar
A palavra UTOPIA"

publicado às 11:48

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Há dez anos, desde a primeira viagem a São Miguel e a primeira vez que ouvi falar do Tremor, que andava com vontade de lá ir. Mas era sempre tudo tão complicado, os miúdos e as férias da páscoa e o dinheiro e os bilhetes e ir com quem?, nunca conseguia, ficava só a ver as fotografias no instagram e a ouvir os relatos de quem lá ia e a achar que devia ser mesmo fixe. Até este ano. No aniversário dos 50, um grupo de amigos ofereceu-me a viagem de avião. Que alegria! Começámos por ser duas e acabámos a ser seis. E foi incrível. Cinco dias inteiros de felicidade, ora com chuva ora com sol, mas quem quer saber do tempo quando se está mergulhada na água quentinha da Poça da Dona Beija e rodeada de pessoas queridas? Tirando os telefonemas e as mensagens (sem stress) para os rapazes, consegui fugir completamente da rotina, das notícias, das preocupações, e entregar-me por completo a esta experiência. Porque o Tremor é, de facto, uma experiência. É um festival com um ambiente muito cool, relaxado, com poucas pessoas, que vamos encontrando uma e outra vez ao longo da semana, casais que trazem os filhos, grupos de amigos, gente da terra, todos juntos e todos a sorrir.

Também é preciso estar atento e disponível para desfrutar completamente - dos concertos, da beleza da ilha, da comunidade. O programa é muito extenso e não conseguimos ir a tudo (até porque a idade já pesa e esta pessoa não aguenta noitadas), mas tudo o que fizemos foi bom, de uma maneira ou de outra. Destaques:

Comer: bolo lêvedo e massa sovada nos nossos pequenos-almoços com vista para a marina, os chicharros com feijão no Mané Cigano, as bifanas de atum e o bolo de ananás da Tasca, o cozido e a carne no ponto do Tony's, as bifanas do Clipper, o peixe (e, diz quem comeu, também as iscas) do Nacional, cerveja e tremoços nas escadas da igreja da Lagoinha, o queijo com pimenta da terra em todo o lado, sempre que possível.

Tremor na Estufa: concertos surpresa em formato pop-up, em lugares inesperados. Vimos os divertidos The Zenmenn no Pinhal da Paz, estivemos nas Furnas com os Why The Eye e ainda ouvimos os Comfort no Museu do Tabaco da Maia (e o museu também é bastante interessante).

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Tremor Todo-o-Terreno: pequena caminhada na Ferraria, mini-concerto do saxofonista Julius Gabriel junto ao mar e, a terminar, banho na piscina de água quente e salgada.

As salas: só conhecia o Teatro Micaelense, fiquei a conhecer o Coliseu Micaelense, o Ateneu Comercial, a Igreja do Colégio e o espaço das Portas do Mar, onde acabavam as noites (e que, por coincidência, ficava a apenas três minutos de casa, o que deu imenso jeito).

A música: a grande descoberta para mim foi Fidju Kitxora, um projecto muito incrível que junta as sonoridades de Cabo Verde e a electrónica e pôs toda a gente a dançar. Joseph Keckler, de que nunca tinha ouvido falar, foi uma óptima surpresa. O concerto de Norberto Lobo e Six Organs of Admittance foi muito, muito bom. Os 800 Gondomar, não sendo de todo o meu género musical, acabaram por ter a energia certa para aquele fim de tarde do Mercado da Ribeira Grande. 

Mais do que música: foram muito especiais os momentos musicais que envolveram as pessoas de São Miguel e onde se percebe o impacto que um evento destes, quando é bem feito, pode ter, sobretudo nos jovens. O projecto Filhos do Vento pôs um grupo de rappers locais a trabalhar com o Xullaji e só de ver a alegria deles em palco a debitar as suas rimas já valeu a pena (ficámos de olho no Maçarico). O saxofonista Guillaume Perret esteve apenas cinco dias com a Escola de Música de Rabo de Peixe e o resultado foi extraordinário (foi mesmo). E o músico Romeu Bairos, além do seu disco, Romê das Furnas, trouxe para o palco músicos das Festas do Divino Espírito Santo e ainda contou com a participação inesperada do grande Zeca Medeiros. Gritou-se 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais, e estou em crer que me caiu uma lagrimita emocionada, não sei se pela música, se pela felicidade de estar ali e pela sorte, a imensa sorte que tenho, de ter estas oportunidades e estas pessoas na minha vida.

Sim, porque nada disto seria possível nem seria assim tão bom sem a energia e a alegria e as conversas e as piadas e a presença e a amizade e os abraços de Alda, Ana, Jô, Nuno e João. A dançar na fila da frente dos concertos ou para enfrentar caminhos íngremes no meio do nevoeiro, não consigo imaginar melhores companheiros de viagem. Tremor é amor, diz o lema do festival. E eu confirmo.  

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publicado às 13:09

 

Dead Combo, Lisboa Mulata

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publicado às 13:44

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Gostei muito de To the End, o documentário sobre os Blur que está no Filmin. Para mim, que ouvia os Blur no início dos anos 90, sobretudo o Modern Life is Rubbish e depois o Parklife e The Great Escape, foi uma viagem e tanto. Continuei a ouvi-los e, mesmo não lhes dando a mesma atenção, nunca me desiludiram. Só os vi duas vezes em concerto e foram ambas incríveis. Em 2015 no Super Bock Super Rock no Parque das Nações e depois em 2023 no Festival Kalorama no Parque da Bela Vista. O filme centra-se nesta última fase da carreira e no concerto de consagração em Wembley, mas vai recuperando algumas imagens antigas, para contar a história, para mostrar como foi e como é. Eles estão mais velhos, claro, com rugas, com barriga, a voz do Damon já não é tão limpa, às vezes estão cansados, já lhes custa ficarem acordados até às tantas, mas no essencial estão na mesma. Continuam a ser um grupo de miúdos que se junta para tocar e que tem prazer nisso. Vê-los agora, a falar dos filhos, das casas no campo, das dores nos corpos, é incrível. Envelhecemos todos, obviamente. Envelhecemos juntos. E isso é bastante comovente. 

publicado às 18:05

O mês mais curto foi cheio de coisas boas.

A começar pelos concertos de Ana Lua Caiano e Amélia Muge e de Samuel Úria e Manel Cruz. Foram ambos muito bons. E também uma oportunidade para estar com alguns amigos queridos. Geralmente evito ter programas em dias de semana porque sei que estarei cansada e não me vai apetecer e depois vou ficar ainda mais cansada. Mas foi tudo tão bom nestas duas noites que valeu muito a pena.

Fui moderar um painel numa conferência na Gulbenkian. Deus sabe o que me custa expor-me assim, as noites que passo sem dormir, os nervos que me atacam o corpo. Ainda assim, fiquei mesmo feliz quando recebi o convite e achei o tema tão interessante, tão a minha cara, que é claro que não podia dizer que não [o que é o pior que pode acontecer?, não é?]. Olhando para trás, odeio ver-me e ouvir-me, encontro mil erros, mil coisas que podiam ter sido melhores. Mas tive muita sorte com o meu painel, eram pessoas realmente interessantes e com quem gostei muito de conversar. 

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Foi o aniversário da Helena, que é uma das minhas pessoas preferidas. E foi um dia mesmo bom porque estive com as minhas amigas mais antigas e com quem não tenho tido muita oportunidade de estar, por motivo nenhum especial, apenas porque andamos desencontradas. Foi como se estivéssemos de volta à faculdade, com as conversas a sobreporem-se e a cumplicidade e a honestidade e a amizade de sempre. Gosto mesmo destas miúdas que me entendem bem, mesmo quando falamos pouco. Esse dia; a tarde em que, do nada, combinei com a Isabel irmos ouvir a escritora, Elizabeth Strout à Livraria Bucholz; a caminhada de duas horas pelos caminhos de Monsanto, que me deixou de corpo cansado mas de coração cheio. Foram todos momentos especiais. Não me canso de o dizer: os amigos verdadeiros são o meu oxigénio.

O espectáculo do Tiago Rodrigues, No Yogurt for the Dead, é simplesmente incrível. O texto é muito bom, com um tema muito duro mas ao mesmo tempo com um sentido de humor apurado, a fazer-nos rir e chorar quase ao mesmo tempo. As barbas, a música, a atriz que fala neerlandês, o humor, a montanha - as soluções que ele encontrou para nos falar da morte do pai, ao mesmo tempo emocionando-nos mas criando uma distância segura, são perfeitas. E que dizer daquelas duas actrizes, a Beatriz Brás e a Manuela Azevedo. Sim, a Manuela, dos Clã. Já a tinha visto noutras peças, mas aqui ela excede-se e, além de cantar como sabemos que canta, é uma actriz de corpo inteiro.

 Quem viu o espectáculo sabe como ele fala a todos os que já perderam alguém. É impossível não nos relacionarmos, não nos revermos em alguma das cenas. Ainda por cima, no natal tinha oferecido bilhetes à minha irmã e ao meu cunhado. Já estava contente por termos um programa juntos. Só depois reparei que o espectáculo era no mesmo dia do aniversário da morte da nossa mãe. Acabou por ser ainda mais especial.

Os problemas não se resolveram mas, este mês, parece que estiveram mais suportáveis. Os putos mais orientados. O trabalho menos odioso. Um bocadinho menos, vá. Ou então era eu que estava tão entretida a fazer planos para março que já não me chateei muito. Também há isso. 

publicado às 14:12

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Quase que não ia a tempo de vê-lo (fui hoje à sessão das 12:30) e não ia entusiasmada por aí além, uma vez que várias pessoas me tinham dito que não era assim tão bom. Mas eis que, surpreendentemente, gostei muito de A Complete Unknown, o filme de James Mangold, onde o Timothée Chalamet interpreta muito bem o papel de um muito novinho Bob Dylan. 

Acho que em parte isto tem a ver com o facto de eu ser meia apaixonada pelos anos 60. Além de ser fã dos Beatles - as únicas pessoas que até têm direito a uma tag própria aqui - e de gostar de muita da música que se fazia nessa altura, também gosto muito de toda a onda hippie do "peace and love", das várias lutas pelas liberdades, da contra-cultura e do desafio à autoridade que geralmente associamos a essa época. Descobri a música The times they are a changin quando tinha uns 15 anos e ouvi-a em repeat durante algum tempo, acho que ainda hoje aquela letra fala muito para os jovens e para toda a revolta que sentimos com aquela idade. Até me emocionei um bocadinho nessa cena do filme.

Apesar de não ser a maior conhecedora da carreira do Bob Dylan, parece-me que o filme mostra bem a sua transformação, de miúdo do Midwest agarrado à guitarra para um cantor reconhecido, o impacto da fama e os seus dilemas criativos, a vontade de evoluir e a necessidade de se afastar dos seus ídolos da folk e seguir o seu próprio caminho. Não era propriamente um namorado cinco estrelas. Já o sabíamos através da Joan Baez. Fui entretanto à procura de mais sobre Sylvie.  O filme aldraba um bocadinho alguns factos, o que é normal, mas eu tenho passado à tarde entretida a ler coisas e a descobrir muitas histórias sobre o Bob Dylan e, só por isso, já valeu a pena. 

publicado às 19:41

16
Fev25

Nos ouvidos

Sempre que posso, trabalho a ouvir a música. Desde o final do ano passado que a minha companhia têm sido os Fontaines DC. Tenho ouvido o último álbum, Romance, em loop. Este fim-de-semana estou a trabalhar e tenho músicas novas de Bon Iver e Beirut para me entreter. 

 

Everything is peaceful love, Bon Iver

 

Guernike's Unicorn, Beirut

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publicado às 14:26

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Esta manhã desmarquei uma aula de body attack para ficar em casa a costurar um pano da loiça. Este ano ainda não tinha desmarcado nenhuma aula de domingo e estava muito orgulhosa de mim. Agora, sinto uma certa culpa, confesso. Estou a tentar dizer a mim mesma que não é o fim do mundo. E que querer passar um fim-de-semana inteiro em casa, a ver filmes de enfiada e a costurar um pano que provavelmente não vai servir para nada, também pode ser uma opção válida porque pode ser precisamente isso que o nosso corpo e a nossa cabeça precisam.

Levamos como podemos, não é?

Voltemos atrás. Ter um diário também serve para nos conhecermos melhor e para percebermos os nossos altos e baixos. Para mim, janeiro é geralmente um baixo. Este janeiro foi particularmente baixo. Meteu horários de merda e um cansaço descomunal, muitas frustrações no trabalho, uma formação que foi fixe mas que me tirou horas que costumam ser preciosas para fazer outras coisas e, de uma maneira geral, a sensação de que estive sempre a correr atrás do prejuízo. Falhei o aniversário de duas amigas porque não me senti com energia para fazer o que quer que fosse depois de um dia de trabalho. Fechei-me em casa (e em mim) mais do que o costume.

Ainda assim, e como sempre, aconteceram coisas boas.

Voltámos a ler poesia juntos.

Desci a Almirante Reis a dizer "não nos encostem à parede" e foi uma tarde de encontros com pessoas bonitas e de acreditar que é possível fazermos uma sociedade melhor, e no fim acabámos a jantar em casa da Nádia, com amigos que trazem outros amigos, num daqueles momentos especiais que acontecem quando menos se espera.

Mantive o meu compromisso de fazer exercício pelo menos duas vezes por semana (às vezes três), incluindo uma sessão de pilates no reformer e uma aula de body attack que acaba comigo.

A tal formação foi muito interessante e ainda que, na prática, não me vá servir para nada, já serviu para eu me sentir menos estagnada e para bater umas bolas sobre temas de que gosto.

Fui ver o concerto do Sérgio Godinho e da Márcia.

Estive com a Paula e com a Alda. Ter amigos com quem posso conversar sobre tudo, sem julgamentos, com empatia, é mesmo das coisas mais importantes.

Juntei-me a um grupo de pessoas que não conheço num desafio de escrita que ainda agora começou mas que, espero, me traga muitas alegrias.

Passei uma tarde num workshop na Retrosaria a recordar como funciona a máquina de costura. A máquina que eu pedi de prenda à minha mãe num natal há muito tempo e com a qual costurei então, improvisando e aldrabando, fatos de bruxo, capas de diabo e outras vestiotas mal enjorcadas para festas de natal e de fim de ano, carnaval e halloween, mas que, entretanto, ficou guardada na caixa e já estava a ganhar bolor. Não me parece que vá conseguir costurar grande coisa, assim como não sei tricotar nada de jeito. Mas gosto disto. Das horas que passo com as mãos entretidas, longe de aparelhos electrónicos, apenas concentrada nos fios e nos pontos. Engano-me, desmancho, volto atrás, faço de novo. Costurar a direito, como viver a direito, é mais difícil do que parece. O resultado é sofrível, é o processo que vale a pena. 

Levamos como podemos. Este fim-de-semana foi para parar e recuperar. E sem dar por ela já estamos em fevereiro.

publicado às 18:22

A Capicua tem música nova. Chama-se Making Teenage Ana Proud e, como sempre, é certeira a falar dos nossos tempos. 

publicado às 23:15


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