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Há sorrisos que dizem mais do que muitas palavras. Sou feliz a trabalhar (mas só às vezes).
Há um novo episódio do podcast da Arte em Rede para ouvirem AQUI. Ainda não ultrapassei a estranheza de ouvir a minha voz, mas já estou mais apaziguada com isto de fazer jornalismo na primeira pessoa.
A fotografia é do Pedro Jafuno.
Abril já acabou e não se fez só de gritos revolucionários.
Deu para ir ver os desenhos fantásticos do João Abel Manta.
Deu para ver o Guião para um país possível, da Sara Barros Leitão. Para rir e para pensar e para nos emocionarmos um pouco. Os actores são óptimos. Gostei mesmo muito.
Também fui ver a Luta Armada, dos Hotel Europa, sobre os movimentos armados antes e depois do 25 de Abril. Foi bom, que até foi, mas nada do outro mundo, e o melhor de tudo nesse dia foi ficar deitada na relva, de pés descalços, a ouvir música e a conversar sobre tudo e sobre nada com a minha amiga.
Voltei a cantar com a Garota Não, na inauguração do museu de Peniche. Apanhámos chuva e vai-se a ver nem conseguimos visitar o museu, mas o que ali conversámos em frente de um pão com sardinhas e de um prato de amêijoas valeu por tudo. Além da Garota, claro, que vale sempre a pena.
Foi também um mês para "sair de pé" por duas vezes:
A propósito do espectáculo Na medida do impossível, do Tiago Rodrigues, fui moderar uma conversa na Culturgest com o João Santos, da Médicos Sem Fronteiras, e a fantástica Rita Costa, enfermeira que já esteve no Afeganistão e na Faixa de Gaza e nos falou de todo o amor que tem por este trabalho. Fico sempre nervosa quando tenho que falar em público, mas acho que até correu bem (e se algum dia tiverem oportunidade de ver a peça, aproveitem, que é mesmo muito boa).
E, por falar em nervos, estreei-me a gravar voz, neste caso para uma reportagem sonora (aka podcast) que fiz para a Arte em Rede. Não tenho palavras para agradecer a confiança que o Bruno tem em mim (e a paciência enorme para me explicar as coisas que eu não sei). Fazer algo pela primeira vez é sempre um desafio, pior ainda quando se tem a auto-estima de uma formiga, como eu. Mas uma pessoa não gastou uma fortuna na terapia para depois ficar a tremer de medo e recusar uma oportunidade destas. O resultado já pode ser ouvido AQUI e, apesar de ainda ser muito estranho ouvir a minha voz, na verdade até me diverti a fazer isto. Agora, é "só" fazer cada vez melhor.
Tive mais uma vez o privilégio de colaborar com o "Projeto Invisível", a revista sonora da Culturgest. Desta vez, a propósito do espectáculo Na Medida do Impossível, de Tiago Rodrigues, fui à procura de pessoas que trabalham em organizações humanitárias em cenários de emergência, como guerras, catástrofes naturais, epidemias, surtos migratórios. Tive conversas muito interessantes com a enfermeira Catarina e o responsável de logística Luís, da Médico Sem Fronteiras, e com a psicóloga Inês, do Comité Internacional da Cruz Vermelha, que me falaram das dificuldades e dos desafios do seu trabalho e das estratégias a que recorrem para cuidarem de si - e assim poderem cuidar dos outros.
Podem ouvir a aqui reportagem "A Força de Quem Cuida" ou, se quiserem, todo o episódio do "Projeto Invisível".
Fotografia de um campo de refugiados em Lesbos, na Grécia, em 2019, de autoria de Panagiotis Balaskas - AP Photos
Há pessoas que sonham com o estrelato. Em aparecer à frente das câmaras. Dar a cara. Já eu sou feliz nos bastidores. Neste final de ano, tive o privilégio de trabalhar com a Anabela, ajudando-a a fazer pesquisa e a preparar as entrevistas do Calendário do Advento. Uma dupla felicidade. Primeiro, por tudo o que aprendi sobre todos os entrevistados. Depois, por, a cada programa, perceber de que forma ela usava (ou não usava) a informação que lhe dava e como conduzia as conversas, escapando ao óbvio e procurando novos caminhos.
Aqui, num dia em que fui espreitar as gravações, com o Sandro e o Jorge Feliciano, os entrevistados do último programa, que vai para o ar esta noite, véspera de natal.
Se não viram, vão sempre a tempo de ver o Calendário do Advento, da Anabela Mota Ribeiro, na RTP Play.
As fotografias são da Estelle Valente.
Para me lembrar porque é que gosto tanto de fazer o que faço.
Há um ano começou a CNN Portugal. Tem um sido um ano de aprendizagens e acertos, para todos. Para mim também. Há dias em que questiono se ali é meu lugar, e depois há dias assim, como este, em que me meti no carro com o Rodrigo Cabrita e, desafiando a chuva, fomos à procura de histórias para contar. Levámos com muitos nãos mas também encontrámos pessoas muito bonitas. No fim de contas, é isto que vale a pena.
Ora vejam:
Coisas bonitas a que tenho o privilégio de estar ligada. Já está disponível o terceiro número da revista sonora da Culturgest, "Projeto Invisível", e, mais uma vez, fui falar com pessoas "For Real". Desta vez, o desafio foi maior, porque o tema era mais exigente - impérios e imperialismo, do colonialismo aos dias de hoje. Tive a sorte enorme de encontrar a Patrícia, o Carlos e a Paula com quem tive conversas muito bonitas e enriquecedoras.
Se quiserem ouvir, vão AQUI.
Voltei às terras queimadas pelos incêndios mas, desta vez, à procura de histórias de quem vive e persiste na Serra da Estrela. Adorei conhecer a Ana e o André e prometi voltar para ver as terras quando estiverem verdejantes. Emocionei-me (acontece-me tanto) com o desembaraço e a franqueza da Alcina, que no final nos deu uns queijos embrulhados em papel vegetal e nos pediu desculpa por já ter poucos. Preocupações com o futuro todos temos, mas esta gente olha para a frente com determinação. "Ainda nos há de faltar primeiro a boca do que sopa", diz a Alcina. Pessoas bonitas. Encontrá-las, ouvi-las e contá-las. É o melhor deste trabalho.
Leiam AQUI e vejam também as fotos do Miguel Mateus.
Fui à procura de histórias por onde o fogo passou esta semana. Foram dois dias como antigamente, sem pressas nem pressões. O resultado está AQUI e AQUI. Os incêndios são uma tragédia, claro. Mas foi um prazer poder voltar a ser repórter. São as contradições do jornalismo.
As fotos (estas e as dos artigos) são do Miguel Mateus.
Nas últimas duas semanas, por uma daquelas coincidências de agenda que não conseguimos controlar, fui atropelada por um camião de trabalho que me obrigou a dormir algumas noites fora de casa, noutras a chegar à cama muito tarde, a fazer muitos quilómetros para baixo e para cima, a deixar um pouco os miúdos por sua conta e a fechar os olhos ao caos que se instalava aqui em casa. Nada disto foi fácil, por diferentes motivos. Mas, apesar do cansaço, das dores nas costas e nos joelhos, da ansiedade, da tensão permanente nos ombros, do sono (muito sono) e da culpa (a culpa, sempre), há também aqui uma grande alegria. Porque nestas duas semanas tive oportunidade de fazer algumas das coisas de que mais gosto. Por um lado, a pretexto da campanha eleitoral, pude sair da redacção e andar por aí, descobrindo o país e falando com pessoas. Por outro lado, tive um convite maravilhoso da Patrícia Portela, diretora do Teatro Viriato, em Viseu, para moderar algumas conversas com artistas no NANT - Encontro de Dança Contemporânea. O único problema foi calhar acontecer tudo ao mesmo tempo.
Esta noite dormi pouco mais de três horas e estou podre como não me sentia há muito tempo, jogada no sofá praticamente sem me mexer. Mas, apesar de tudo, é bom quando, de vez em quando, o trabalho não é só um trabalho, é também algo que nos faz sentirmos vivos, que nos desafia e nos leva a arriscar por terrenos desconhecidos, quando nos permite ultrapassar medos (e se me espalho ao comprido e só digo parvoíces em frente daquelas pessoas todas?), quando chegamos ao fim e, mesmo quando temos capacidade de auto-crítica para percebemos onde errámos e onde poderíamos ter feito melhor, sentimos que o balanço até é positivo (e, que alívio, afinal, não nos espalhámos ao comprido). E no meio disto, reencontrei algumas pessoas de que gosto muito e conheci pessoas novas, muito fixes, que quero manter por perto.
Na foto, na conversa com a fantástica Piny. Acho que aquele sorriso diz tudo. Não fui feita para o palco, isso é certo, mas talvez possa aprender a gostar disto em doses moderadas.
Não sejamos injustos. Houve coisas boas em 2021.
Novos trabalhos, novos desafios.
Voltei a fazer yoga. Sou péssima mas estou a esforçar-me.
A viagem a Paris.
Os bons momentos com os meus putos.
Caminhar, voltar aos transportes públicos, andar a pé sempre que possível.
Voltei à terapia. Também sou péssima nisto mas estou a esforçar-me.
Os meus amigos (vocês sabem quem são). Não estive com eles tanto quanto gostaria mas aproveitei todas as oportunidades para encontrá-los, abraçá-los e mostrar-lhes o quanto são importantes para mim.
Fiz uma amiga nova ("e coisa mais preciosa no mundo não há").
Os espectáculos que vi, os filmes e as séries, os livros (poucos mas bons), as músicas que descobri e todas as outras coisas boas da vida.
A família reunida e feliz no dia do meu aniversário.
Os sonhos do natal.
Para 2022 só queria isto tudo mas mais.