Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Podia falar-vos das minhas mil angústias, do trabalho que me faz infeliz quase todos os dias, dos horários terríveis, do ordenado miserável, da prestação da casa a subir, da frustração, podia dizer-vos das noites que passo sem dormir preocupada com os meus filhos, com o futuro que não consigo prever nem controlar, da culpa permanente, sempre a culpa, das saudades, do cansaço, do quão farta estou de decidir o que vai ser o jantar, de preparar marmitas, de estender a roupa, de mandá-los arrumar os quartos e desligar os telemóveis, das listas de compras, da máquina da louça avariada, das luzes que se fundem, do bolor no tecto da casa-de-banho, das obras que queria fazer, que é preciso fazer, mas é tudo tão difícil, tantos problemas, tantas preocupações e ainda mais as guerras, as alterações climáticas, a pobreza, a maldade das pessoas, podia contar-vos dos dias, semanas, meses em que o meu corpo sangra incontrolavelmente por causa da porcaria da perimenopausa, do meu médico a dizer "é só sangue", com um sorriso de desdém, como se por ser mulher tivesse que aguentar todos os incómodos sem me queixar, dos quilos que ganhei, das rugas, das peles flácidas, da exaustão, da apatia que me invade em dias em que me afundo no sofá e não me apetece nada, falar-vos da solidão que se esconde atrás das gargalhadas.

É tudo verdade. E, no entanto, 2023 não foi só isto.

"Contra todas as evidências em contrário, a alegria".

A alegria dos putos nos dias bons. Só isso já basta.

Aprendi a fazer pão. Fiz pão. Voltarei a fazer pão, isso é certo.

Páscoa na praia de sempre. Os putos com pranchas de surf. E o meu pai comeu pizza pela primeira vez na vida.

Quando a Paula me diz: vou passar aí. E vamos as duas. Seja onde for.

Nós os três a jogarmos snooker numa noite de verão.

Um grupo de whatsapp com amigas pode ser um refúgio, um colo, um escape, um conforto. Sabermos que não estamos sozinhas. 

Os poemas que nunca teria descoberto sozinha e as pessoas que dizem esses poemas naqueles encontros que juntam comida e bebida e tantas partilhas. 

Os amigos. Os amigos de sempre, os amigos recentes, os amigos que vêm e que vão. Os que estão sempre aqui. Os que raramente vejo. Os que me levam para copos, jantares, programas, e me obrigam a sair de mim. Aqueles com quem converso e me fazem mergulhar no mais fundo de mim. Os que telefonam e os que mandam muitas mensagens. Os que quase não dizem nada. São todos importantes, à sua maneira.

As vezes em que consegui vencer a preguiça. Ir a uma aula de yoga ou de pilates. Caminhar. Pedalar. Passear. Ir. Não me deixar ficar. Partir a telha.

Os livros (Annie Ernaux, Fernanda Melchor, Anabela Mota Ribeiro, Alia Trabuco Zerán, Catarina Gomes, Susana Moreira Marques, Ruy Castro, Douglas Stuart, Abed Salama, outros que agora não me lembro porque não conto os livros que leio); os filmes (tantos, não consigo enumerá-los); os espectáculos (menos do que gostaria, mas ainda assim); os concertos (Chico e Caetano no mesmo ano é como ganhar o totoloto, não é? Mas também Blur, Arcade Fire, Dino D'Santiago, Ana Lua Caiano). As artes todas. Janelas abertas para o mundo. Oxigénio para mim.

A Garota Não. À parte porque é especial. Vi-a três vezes e foi sempre maravilhosa. "A vida fica difícil, o tempo passa tipo míssil, derramado em suor."

Os dias em que o trabalho vale a pena. Poucos mas bons.

Os putos a pintarem as paredes do quarto, com a música em altos gritos.

A viagem a Nápoles. E a Alda.

Os miúdos fizeram-me um "bolo da caneca" e foram acordar-me à meia-noite para me cantarem os parabéns.

Um ano sem aplicações de encontros. Muita tranquilidade.

O António a chegar a casa às quatro da manhã, vai ao meu quarto - "Mãe, já cheguei" - deita-se ao meu lado e conta-me como foi a noite.

O meu pai, de braço dado comigo, a reaprender a andar com a sua anca nova.

Tricotei um cachecol enorme e lindo.

Eu e o Pedro a andarmos de bicicleta junto ao Tejo.

Pôr música a tocar e passar horas a cozinhar. Não por obrigação, mas por prazer.

O Natal. Apesar de tudo. E o privilégio de participar numa festa diferente.

A casa da minha irmã, sinónimo de família, de Alentejo, o sítio onde voltamos sempre. 

A surpresa de encontrar alguém com quem me apetece estar. Aceitar a impossibilidade. Sentir que me poderia apaixonar. Ficar feliz só com a possibilidade.

Ter uma agenda para 2024. Fazer planos.

O verso de Manuel Gusmão que está no título desde post é bem conhecido, mas foi só quando o re-ouvi no espectáculo Bravo 2023!, dos Praga, que percebi que era a frase ideal para descrever este ano (ou esta vida). Contra todas as evidências em contrário, a alegria surge nos momentos mais inesperados. A tal da felicidade nas coisas pequenas, que é o combustível que nos faz continuar todos os dias e não nos deixa desesperar. Que nos salva.

IMG_3178.jpg 

(nesta foto, a minha maior alegria, o meu maior medo, o meu tudo, para o bem e para o mal)

publicado às 09:23

23
Set23

Outono

Sou só eu que tenho mixed feelings sobre o outono? É verdade que acabam as férias da escola e o calor e os dias grandes e de repente não sabemos o que havemos de vestir e começa a chover, nada disso é bom. Mas, por outro lado, há um certo conforto nisto de sentir o ar fresco na cara quando saímos de casa cedo, de voltar a calçar meias para dormir e de ter vontade de tricotar cachecóis (porque na verdade não sei tricotar mais nada).

Um destes dias, estive a rever o 500 Days of Summer, um filmezinho super-querido com o Joseph Gordon-Levitt e a Zooey Deschanel, sobre paixões e o quão difícil e aleatório é isto tudo. Sim, é um filme juvenil e naif, mas todos temos direito a ter uns momentos assim, ok?

Além disso, é um filme que nos faz gostar do outono e tem uma banda sonora bastante aceitável. Ora ouçam:

publicado às 14:05

Pessoas que para defenderem algo têm que mandar abaixo outra coisa.

Por exemplo, dizer: o músico/ poeta/ artista X é o maior, maravilhoso, fantástico, ao contrário de Y que é um parvalhão e que por mais que se esforce nunca lhe chegará aos calcanhares.

 Qual é a necessidade?

publicado às 11:09

13
Jun23

Partir a telha

Andei aí uns tempos com a telha. Estou a falar no passado sem grandes certezas, mas porque sou uma pessoa optimista. Andei com a telha que é como quem diz andei aí uns tempos a achar-me a pessoa mais infeliz e injustiçada do mundo, a ver tudo negro à minha frente, como se os problemas não tivessem resolução e as dificuldades fossem inultrapassáveis. Nestas fases, quando me sinto assim, fecho-me sempre um bocadinho, o que não é propriamente uma boa estratégia. Sem me apetecer fazer nada nem falar com ninguém nem sequer pensar muito no assunto, o sentimento de solidão adensa-se. A verdade é que não podemos contar sempre com os outros. Os amigos têm as suas vidas. Têm almoços de família ao domingo. Têm companheiros com quem passam os serões. Têm filhos pequenos com quem fazem os programas que eu também fazia quando tinha filhos pequenos. Os meus amigos, na sua maioria, não conhecem esta solidão, e eu não quero estar a chateá-los com as minhas tretas. E quem vê no instagram não imagina, não é? Como poderiam saber que por trás daquelas fotografias bonitas também bate um coração? De maneiras que a telha. E porquê? Não há um motivo concreto. Há uma série de coisas que existem na minha vida e que chega ali um momento em que parece que me pesam mais, sem razão para tal. Os putos não se estão a portar pior do que antes. O trabalho não está mais insuportável. A vida não está mais difícil. Simplesmente acontece que eu estou com menos tolerância e tudo me parece pior e talvez as hormonas não ajudem. Isto não é uma depressão. São fases. Conheço-as bem. O problema é quando as fases se prolongam. Esta foi longa. 

Neste entretanto, mesmo com a telha, aconteceram coisas bonitas, há que dizê-lo.

Fui a um workshop de crochet na Retrosaria e descobri que o crochet não é para mim.

Fui ver e ouvir a Ana Lua Caiano (vale a pena descobrir).

Li o livro da Anabela. E houve momentos em que ela era eu.

Ouvi muitas músicas da Rita Lee e da Tina Turner. Não chorei, mas fizeram-me pensar nisto tudo.

Fui ao concerto do Chico Buarque. E, mesmo a ouvir mal, chorei, ao lado da Ângela.

Passei uma tarde com a Sandy e outras pessoas fixes a pensar em podcasts.

Fui ver e ouvir o Luís Miguel Cintra, tão magrinho, tão frágil, na Feira do Livro. E voltei a chorar. (um dia vou escrever sobre isto.) 

Estou a ler os livros da Annie Ernaux e a surpreender-me com a consciência que ela tem de si mesma. Com a forma despudurada como se expõe (ter vergonha do quê? sou como sou). Que lição.

Obriguei-me a estar com pessoas. E acabei por ser feliz nesses momentos. Porque estar com as nossas pessoas é bom (mesmo que eu não goste nada do festival da canção e não seja a maior fã dos santos populares). Juntar-me a um clube de poesia de gente bonita que me obriga, todos os meses, a sair da minha zona de conforto, foi uma das melhores decisões que tomei há quase um ano.

É assim que, lentamente, estou a partir a telha.

Isto é uma coisa que resulta para mim. Comprometo-me com coisas que tenho de fazer e comprometo-me com outras pessoas. Obrigo-me a planear eventos para o futuro. Por exemplo, pelo sim, pelo não, já comprei vários bilhetes para ir ver espectáculos nos próximos tempos. E garanto, assim, que num dia destes, mesmo que me apeteça muito ficar em casa, vou ter que me forçar a sair. Tal como me forcei a fazer muitas das coisas atrás descritas.

Não há receitas. Cada pessoa é uma pessoa. E não temos que estar sempre felizes e esfuziantes. Mas convém estarmos atentos. Até porque, como canta o Tom Jobim (mas o poema é de Vinicius), "tristeza não tem fim, felicidade sim".

publicado às 17:28

05
Mai22

Um lugar ao sol

Estive a ver o documentário Um Lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro, sobre aqueles ricos que moram nas coberturas do Rio de Janeiro e que ficam da sua varanda a ouvir os tiroteios dos gangues nas favelas como quem assiste a fogo de artifício e a ver as pessoas que chegam à praia rindo e carregando lancheiras - e que têm de mudar de lugar, à medida que o sol vai virando e a sombra dos prédios lhes vai retirando espaço de felicidade na areia. Tinha pensado em várias coisas para dizer sobre isto e sobre as injustiças sociais e a empatia e mais não sei quê. Mas essa imagem é tão forte que acho que nem precisa de explicação.

sol.jpg

publicado às 08:26

Não tenho tido muito tempo para pensar na covid-19. 

Quando entrei em layoff, despedi a empregada, que vinha cá a casa fazer magia uma vez por semana. Desde então, sou eu (com alguma - pouca - ajuda dos rapazes) que trato de tudo, da roupa para passar à limpeza das casas-de-banho. Entretanto, o layoff acabou mas por causa das coisas que se sabe (e sobretudo das coisas que ainda não se sabe) continuo sem empregada. O layoff acabou e voltei a trabalhar todos os dias, em casa mas também muito na rua e num ritmo por vezes frenético. Os miúdos também estão de volta à escola. O Pedro no horário da manhã, o António no horário da tarde. Almoçam ambos em casa mas não se cruzam. Já há treinos de parkour e de futebol. Estamos naquela fase de ajustar rotinas. De nos custar acordar com o despertador. De experimentar lanches diferentes. De forrar livros e pôr etiquetas em cadernos. De descobrir que é preciso ir comprar calças e camisolas. 

Ai, setembro, setembro, todos os anos a mesma coisa. A vidinha toda a cair-me em cima, outra vez. Mil conversas para tentar enfiar algum juízo na cabeça dos putos. Exausta de discussões e de argumentações e de desilusões e de ter que pensar em tudo, sempre a pensar em tudo, a minha cabeça não pára, é o dentista, é a explicação, são as sapatilhas da ginástica que não servem e o chapéu-de-chuva que desapareceu, acabou-se o leite, é preciso comprar iogurtes, as reuniões de pais, os papéis para assinar, um filho que está na fase em que tomar banho é um martírio e outro que está na fase em que toma dois e três banhos por dia, e se calhar desligavam os telefones para irmos para a mesa e, então, já é tardíssimo, porque é que ainda não estão a dormir?

Não tenho tido muito tempo para pensar na covid-19. 

Tirando as máscaras, umas descartáveis, outras reutilizáveis (máscaras a toda a hora de molho e penduradas na corda da roupa, mais uma coisa com que me preocupar), e o gel desinfectante que cada um de nós tem na sua mochila para usar quando fôr necessário, cá em casa estamos a tentar viver o mais normalmente possível. Estou farta da covid-19. Só de imaginar que nos podem fechar a todos em casa outra vez começo a sentir suores frios. Estou farta da covid-19 e das regras estúpidas que inventam em todo o lado, seja na escola ou nos correios, quando vamos comprar sapatos e nos obrigam a calçar uma meia de plástico ou quando queremos renovar o cartão de cidadão e o site nos informa que não, que ainda não é possível fazer agendamentos. A covid-19 como justificação para todas as incompetências e todas as burocracias e todos os abusos de autoridade. Estou tão farta que já não leio notícias e não quero saber dos números de mortos e infectados e internados, juro-vos. 

Não tenho tido muito tempo para pensar na covid-19 e ainda bem porque se uma pessoa se põe a pensar a sério nisto ainda acaba dando em maluca. 

Também não tenho tido muito tempo para mais nada. 

Mas isso é outra história.

Wake me up when september ends, dos Green Day
(com beijinhos para a Raquel)

publicado às 09:38

30
Dez19

Best of 2019

Foi, genericamente, um ano mau. Não tão mau quanto 2012. Mas provavelmente pior do que todos os outros. Ou então é porque ainda está tudo muito fresco na minha cabeça. Mas estou em crer que não. Este foi o ano em que me senti mais frustrada no meu trabalho. Este foi o ano em que me senti mais frustrada como mãe. Este foi o ano em que me senti mais sozinha do que nunca e em que a única pessoa que me fez cócegas no coração não se apaixonou por mim, o que também me fez sentir frustrada. O que, vendo bem, é o retrato perfeito da minha vida, toda ela muito mais ou menos. Muito assim-assim. Muito nada de especial. Não quero ser injusta. Sei que tenho uma família que me apoia e me ajuda em tudo. Sei que tenho amigos dos bons. Sei que tenho muita sorte porque não temos doenças graves e este ano não perdi ninguém. Sei que tenho uma casa pela qual pago um preço justo e tenho um emprego que, até ver, me vai dando para pagar as contas. Sei que tenho dois filhos lindos que amo até ao infinito e mais além. Mas no momento em que me sento a fazer um balanço deste ano que passou não consigo sentir-me feliz. Pelo contrário. A única palavra que me ocorre é frustração. E só não faço deste um post de lamentações porque quero acabar o ano como o comecei: a pensar em coisas boas. Vou fixar-me nelas. Vou reviver todos os momentos bons de que me lembrar e fazer deles as minhas passas da meia-noite (as passas que eu nunca como à meia-noite porque só gosto de passas misturadas com comida, se calhar tem sido esse o meu erro). 

Para memória futura, o meu melhor de 2019 há de ser qualquer coisa como isto:

Os dias em que não me zango com eles.

Aquela tarde a beber chá na cama da Aline.

O jardim da Gulbenkian.

Os beijos.

E os abraços.

Fazer bolos.

Um jantar inesperado no indiano com a Sónia C.

A alegria do Pedro no parkour.

Cantar a Valsinha de mãos dadas.

Chegar ao final de mais um ano lectivo.

As férias.

Almoçar com o João Miguel.

O António está mais alto do que eu.

O Panorâmico de Monsanto.

O almoço no terraço da Sónia.

Na esplanada com a Ângela.

Os vários jantares com elas (all aboard ou lá o que é).

Aquela noite com a Paula F. e o Ricardo.

As conversas com a Paula (e tudo o que não precisamos de dizer porque já nos conhecemos tão bem).

O Alentejo. E as minhas pessoas de lá.

Um dia de praia na Arrifana.

Outro na Praia Verde.

Vê-los a dar mergulhos.

O concerto da Mayra Andrade com a Lina.

A minha amiga curou-se de uma doença má.

A serenidade da Cecília.

O almoço de aniversário, marcado em cima da hora, com a Isabel, a Helena e a Rute.

Os meus amigos. Todos eles.

A minha cozinha.

A viagem com a Ana ao Algarve.

Tricotar.

Os filmes, os livros, os espetáculos, as exposições, as músicas. The National, Devendra Banhardt, Dino D'Santiago, CapicuaDulce Maria Cardoso, Francisco José Viegas, Afonso Cruz, Pedro Almodóvar, Tiago Guedes, Jafar Panahi, Grada Kilomba, Mário CruzTiago Rodrigues, Ivo Canelas, Mónica Calle, Miguel Seabra, Giacomo e Madalena. Outros de que agora não me lembro.

Dançar. 

Aqueles momentos em que acredito que vai correr tudo bem.

Nós os três.

Deitar-me de consciência tranquila.

publicado às 09:11

Acordar sem planos. A casa em silêncio num domingo de manhã. A Rita Lee só para disfarçar. Combater a preguiça e ir para a rua. Andar de metro. Passear a pé, por entre os chuviscos. Comer bagels no Pois Café. Deixar-me ficar no quentinho com um café americano e o livro novo da Isabel Allende. As fotografias do Alfredo Cunha. Fugir da chuva. Uma súbita vontade de tricotar. Comprar dois novelos de lã. Sentar-me no sofá a contar malhas e carreiras enquanto passam filmes românticos na televisão. Abraçá-los muito quando eles chegam com as suas mochilas e conversas e risos que me desarrumam a casa e o coração. 

Enquanto houver abraços está tudo bem.

image.jpg

A exposição "O Tempo das Mulheres", de Alfredo Cunha está no Torreão Poente, Museu de Lisboa (no Terreiro do Paço) até 31 de janeiro.

publicado às 10:01

As alterações climáticas, o plástico, a carne de vaca e a Greta Thunberg, o Valete, a violência doméstica, o poder da música e a liberdade artística, os homens e as mulheres, as casas de banho mistas e os brinquedos para meninos e para meninas (ainda? sim, ainda), a campanha, as eleições, uma candidata gaga, ser de esquerda ou direita, o Tarantino e o Almodóvar, os putos, a escola, os horários, os trabalhos de casa, os testes (a rotina toda de volta), os homens, ai, os homens, o sexo (qual sexo?), envelhecer, adoecer, os medos, dizer a palavra cancro muitas vezes, celebrar a vida, sempre, as notícias, as notícias falsas, os cliques, o jornalismo em decadência, os jornais em agonia (e tanto que havia a dizer sobre isto), as mudanças que desejamos, as mudanças a que a vida nos obriga, as pessoas de que gostamos e as pessoas de que não gostamos. Gargalhadas. Muitas. E abraços.

Nunca subestimem o poder terapêutico das boas conversas e das boas amizades. 

E ainda isto, por causa de angústias várias:

mp,550x550,matte,ffffff,t.u1.jpg

publicado às 14:25

18
Set19

Ilusões

Setembro também é isto: aquele momento em que me delicio por vê-los tão crescidos, cada um à sua maneira, em que ainda não há testes nem muitos trabalhos, em que eles todos os dias têm novidades para contar e parecem entusiasmados e em que ainda acredito (acreditamos todos, acho) que isto tem tudo para correr bem. Pode ser que este ano os putos estejam mais concentrados e eu não tenha que me chatear tanto, penso, porque não?, pode ser...

E depois acordamos.

publicado às 23:41


Mais sobre mim

foto do autor