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Não há muito mais que se possa dizer sobre a eleição de Donald Trump. Não sou das que acham que se deve votar numa mulher só por ser mulher. Ou que quando uma mulher ganha umas eleições é sempre uma vitória para as mulheres. Nada disso. Mas, quando a escolha é entre Hillary Clinton e Donald Trump, se já me é difícil perceber porque é que alguém vota Trump, é ainda mais complicado entender como é que uma mulher vota num candidato que é obviamente machista, que se orgulha de mal tratar as mulheres, que se está nas tintas para as questões da igualdade entre os géneros. Adiante. Se esse fosse o seu maior defeito nem teríamos que nos preocupar assim tanto. Para mim, Trump representa quase tudo o que odeio nos homens e nos políticos (a boçalidade, a ambição desmedida, o chico-espertismo para os negócios e para subir na vida à custa seja de quem for, o egocentrismo, o quero-posso-e-mando de quem tem dinheiro), a que se juntam depois umas quantas ideias políticas contrárias a tudo aquilo em que acredito (a defesa de uma América pura, seja lá o que isso signifique, fechada aos outros; o isolacionismo; o ódio aos estrangeiros; o racismo; a crença cega no liberalismo; a falta de solidariedade entre classes). Custa-me muito aceitar que uma pessoa assim tenha sido eleita presidente de um país que ainda por cima não é um país qualquer, são os Estados Unidos da América, é um país que influencia tudo o que acontece nos outros países.

Quando, na quarta-feira, liguei a televisão de manhã e percebi que Trump ia ganhar, senti uma tristeza enorme. Fiquei assim o dia inteiro. Não discuti acaloradamente o assunto como costumo fazer, limitei-me a ir lendo as análises políticas que iam sendo feitas e a ficar triste. Não tanto porque ache que venha aí uma grande calamidade (espero mesmo que não), mas mais pelo que esta eleição significa sobre as pessoas, sobre a quantidade de pessoas que apoiam aquele homem, sobre o enorme descontentamento destas pessoas e a sua falta de horizontes (leiam AQUI uma reflexão séria sobre isto), sobre o modo como a ignorância, a prepotência, o machismo, os preconceitos estão muito mais presentes na nossa sociedade do que eu imaginava. Preocupa-me saber que vivemos num mundo assim. É por isso que fico triste, mais do que pelo facto de Donald Trump ser o presidente da América.

Mas, perante isto, há que reagir. O mundo somos nós. E nós podemos fazer o mundo um bocadinho melhor, cada um à sua maneira, em pequenas coisas, na nossa casa, no nosso bairro, na nossa escola, no nosso país, o que for. Por isso, temos que continuar a acreditar e a lutar por aquilo em que acreditamos.

Como tão bem disse Hillary Clinton no seu último discurso:

"You will have successes and setbacks too. This loss hurts. But please never stop believing that fighting for what’s right is worth it. (...) There are more seasons to come and there is work to do."

publicado às 22:34



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