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Um livro
É engraçado quando vamos lendo livros de um autor e vamos percebendo qual é o seu universo, os temas de que gosta, o espaço onde se movimentam as suas personagens. No seu mais recente livro, Toda a Gente Tem um Plano, Bruno Vieira do Amaral continua a sua investida pelos bairros mais pobres da margem Sul para nos mostrar aqueles que tantas vezes parecem invisíveis. Continua, por exemplo, entre gente que veio de África (ou do Brasil) e gente que procura conforto em deus. Gosto muito da maneira como o autor construiu esta história, evitando a linearidade, fazendo-nos ir lá atrás no tempo, uma vez e outra vez, para conhecermos melhor este Calita e as curvas da sua vida. Também gosto muito do cuidado que põe na criação das personagens e dos contextos, quase como se nos transportasse para aqueles locais, como se aquelas pessoas fossem de carne e osso e nos pudéssemos ter cruzado com elas em algum momento. Gosto de me apegar às personagens, de compreender as suas fraquezas, de ficar a torcer por elas. De sofrer com elas quando elas sofrem.
Um filme
Já o vi há algum tempo, mas, depois, com o barulho dos Óscares e a crise política que nos caiu em cima, acabei por não ter tempo de vir aqui escrever sobre O Atentado de 5 de Setembro. O filme acompanha o atentado terrorista ocorrido nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, mas do ponto de vista dos jornalistas do canal americano CBS, que estavam na torre do satélite, a uma centenas de metros da aldeia olímpica. Admito que será um filme que talvez toque mais os jornalistas. E ainda mais os jornalistas que estejam ligados à televisão. Afinal, aquela foi não só a primeira vez que os jogos olimpicos foram transmitidos em directo, mas também a primeira vez que um atentado terrorista foi transmitido em directo pela televisão - com todas as questões que isso levanta. Mas acho que pode ser interessante para toda a gente. Posso dizer-vos que, mesmo sabendo como aquilo ia acabar, o filme conseguiu envolver-me completamente e até deixar-me nervosa.
Uma série
Adolescência é mesmo imperdível. O nome diz tudo: é uma minissérie sobre a adolescência, nos seus muitos aspectos. A pressão a que os jovens estão sujeitos, por parte dos outros jovens, agravada pelas redes sociais. A influência que alguns gurus e ideologias podem ter sobre os jovens. A relação com os pais. A escola. O desespero dos professores. A falta de perspectivas. A falta de empatia. A linguagem. Os telemóveis sempre na mão. As portas dos quartos fechadas. A impotência dos pais. A culpa. Está lá tudo, mas ao mesmo tempo é uma série muito diferente de todas as outras séries que já vimos sobre adolescentes. São quatro episódios muito bem feitos, muito bem realizados, muito bem interpretados. O primeiro episódio tem imensa tensão. O episódio da escola é bastante perturbador. O último é o mais tocante (pelo menos, para mim). Fez-me pensar tanto. Não quero estar a contar muito. Está na Netflix. Vejam que não se vão arrepender.